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segunda-feira, 29 de abril de 2013

SEGUNDA MOLHADONA.



 Bom dia a todos.
Estas ilustrações foram criadas para alguma obra clássica que não consigo me recordar qual é. Depois de um tempo parei de catalogar. É tanto o que fazer e pensar que vou deixando pra depois, daí me esqueço e quando procuro algo para postar aqui quase sempre me deparo com desenhos que não tenho a menor ideia para qual livro foram criados. Só saberei quando os livros impressos me forem entregues, não sei quanto tempo isto ainda vai levar. Mas que importa?
Hoje chove bastante. A segunda começou bem, graças a Deus.
Boa semana a todos.



sexta-feira, 26 de abril de 2013

DIAS BRANCOS.



 O clima hoje está ameno.
Este ano as chuvas demoraram pra chegar, e não vieram com força total, alagando tudo, causando transtornos, como é normal por aqui. Estava um calor tão intenso que o suor que corria da cabeça trazido pelos fios dos cabelos se depositava desconfortavelmente nas conchas das orelhas. Finalmente as chuvas chegaram trazendo brisa e umidade, mas tal qual um amigo esperado a tanto, passou apenas para dar um oi, fingiu pressa e partiu, deixando um sol tímido, mas prometendo vingança.

São dez e meia e preciso desenhar uma lápide com umas inscrições. O desenho não quer sair, se agarrou às paredes da minha mente e se nega a aparecer no papel. Logo um desenho tão simples. Isto acontece as vezes. Me irrita, me faz perder tempo - e vai aí um segredo, por mais que eu tente, sou péssimo para desenhar letras. Minha opção nestas horas é ignorar o problema por um tempo. Algumas ideias são como mula teimosa, ou criança birrenta, deixe-a de lado um tanto e ela não pensará que é o centro das coisas e facilitará sua vida. Pelo menos espero.
Quase sempre, quando isto acontece, escondo a borracha, pego um papel e começo a riscar sem planejar o que vai sair. Gosto de canetas nanquim de ponta grossa, lápis de cor, esferográficas ou que der na cabeça no momento.

Dia destes aconteceu a mesma coisa e saíram os desenhos postados hoje.

Bom fim de semana a todos.

terça-feira, 23 de abril de 2013

O PRIMEIRO HERÓI FANTASIADO.



A última vez que vi o velho Schloesser, foi em 1968. Ele estava deitado em um leito de hospital, com um curativo sobre um dos olhos (não lembro qual) devido a uma cirurgia para remoção de catarata. Foi estranho ve-lo ali, tão fragilizado, os bigodes branquíssimos, a barba por fazer, ele que sempre tivera um porte tão distinto. Ele morreria no ano seguinte motivado por um ataque cardíaco. Mas eu saberia disto muito mais tarde, quando as lembranças dele, como hoje, já estavam envoltas em brumas. Não tenho recordação se perguntava dele à minha avó. Hoje não há como saber, ela se foi a muito.

Daquela casinha em Cumbica onde me lembro que morei com meus avós maternos até os acontecimentos que narro hoje parece haver uma lacuna em minha memória, sei que moramos depois numa pequena casa em Guarulhos de propriedade de uma amiga da minha mãe. Desta vez éramos apenas eu e minha avó. Rememoro muitas caminhadas, sempre em casas de conhecidos dela. Não há como esquecer aquele menino, cujas rodas de um ônibus deixaram esmagado em frente a uma igreja próxima à nossa residência. Assomo os muitos velórios, flores, velas de cemitérios, os rádios antigos, as músicas que tocavam muito naquele período, coisas da Jovem Guarda, muito Roberto Carlos e Beatles. Por onde eu andava naquelas estradas de chão ladeadas por matagais, de algumas casas vinham sons de "Hey Jude", "Quando" ou "Brucutu". Minha avó em particular acoradava muito cedo e sintonizava o seu dial em programas de música sertaneja, daquelas bem antigas, de viola.
Certa vez na casa de alguém, numa manhã, um aparelho transmitia o programa do Gil Gomes, e aquela voz peculiar narrando casos escabrosos da violenta vida cotidiana, eu ouviria muitas vezes, à minha revelia, nos anos porvir.

Não raro, minha avó desmaiava em algum lugar, sempre na casa de alguém, por este motivo, analisando hoje, não dá pra discernir se isto acontecia devido a um derrame que ela tivera muitos anos antes (e lhe custara um olho) ou se a sua lendária necessidade de atenção a fazia encenar um ato dramático. Qualquer que fosse a causa, ela produzia em mim um efeito devastador.

Meu melhor período nestes anos foram os tempos que que minha mãe pagou ao Seu Evilásio e Dona Sebastiana, velhos conhecidos dela, para que eu e minha avó fôssemos morar na chácara deles até que a vida estivesse finalmente organizada. Na verdade aqueles senhores eram caseiros do lugar, tal sítio não pertencia a eles, mas a um sujeito que aparecia de quando em quando chamado Aníbal.
Foi uma época muito difícil para minha mãe, exposta a todos os tipos de constrangimentos, sei hoje, por vagas evocações minhas, como foram custosas as negociações para que permanecêssemos lá.
Uma série de tragédias em que ela foi coadjuvante, a dura luta com as enfermidades do pai, até o desfecho com a morte deste, a fizeram por uma pedra sobre tudo o que se relaciona com este ciclo. Tanto que ao indagar-la por alguns fatos para que melhor ficasse esclarecido aqui, ela me disse que não se recorda e prefere não lembrar. Tenho que respeitar.
Mas alheio a estes imbróglios de adultos, eu gostei de morar aquele ano na chácara. Sentia-me mais seguro. Havia o neto da Dona Sebastiana que ela criava como filho. Foi o primeiro amigo. A vida era uma brincadeira só, frutas comidas diretamente dos pomares, caquis, ameixas, uvas (que estavam sempre azedas), goiabas, enfim, foi o meu período "Chico Bento". Muitas sovas também, por desobedecer a vovó. Que mão pesada tinha aquela senhora!
Certo dia meus pais vieram nos visitar. Foi uma bela surpresa. Minha mãe sempre trazia um brinquedo para mim e para o outro garoto. Meu pai desta vez parecia mais descontraído do que das outras vezes que eu o tinha visto. Sorria e conversava.
Foi naquele lugar que eu tive contato com a primeira história em quadrinhos. Disney. 000 e Pata Hari. Mas eu só saberia do que se tratava muito depois.
Seu Evilásio com seu rádio verde e branco de pilhas, a noite ouvíamos novelas de rádio. Teria saído daí o meu gosto por contar histórias? 
O que mais me lembro? Aranhas, cobras, borboletas multicores que lutávamos para pegar, os mais velhos diziam que aquele pozinho das asas das borboletas causavam cegueira se colocadas no olho.
Bebíamos água de poço. Andávamos, eu e o amiguinho, sempre descalços, estávamos cheios de vermes. Minha mãe trouxe um vermífugo e ao toma-lo recordo-me que passei muito mal, botei muita lombriga pra fora.
Uma das piores dores de que tenho memória se deu naquele sítio, botei a mão sobre um Mandruvá. Chorei o dia todo, só não sei o que me deram pra me curar daquilo.
Tivemos um Natal por lá. Minha genitora me presenteou com um belo trenzinho amarelo, e trouxe um caminhãozinho para o outro guri.
Teve o caso do "Robbie, o Robô", mas este eu já relatei numa outra postagem com o mesmo título.

Em 1969 finalmente fomos, eu e minha avó, morar com meus pais. Sair da chácara foi um tanto traumático, eu tinha criado raízes ali, tinha um amigo, o primeiro que tive na vida e que muitos anos mais tarde me daria as costas, ignorando toda a infância que tivemos.

Nossa nova residência ficava próxima à base aérea de Cumbica. Era um casarão que pertencia à dona Bárbara, uma alemã, amiga do meu avô. Foi ali que minha vida de fantasias começou. Muitos livros, revistas e televisão.



O primeiro herói na minha vida foi o National Kid, um ser que veio do planeta Ândromeda para lutar pela paz na Terra contra os Incas Venusianos, depois contra os Seres Abissais, seguidos pelo Império Subterrâneo e os Zarrocos do Espaço.
Eu vivia correndo com os braços abertos sonhando que era o herói em seu voo e todos gostavam de mim. Era uma tristeza quando o seriado, por algum motivo, não era exibido. Acompanhei-o enquanto foi transmitido na tv. Ainda lembro da frase de abertura dos anos 60:
"Mais veloz que o jato, mais duro que o aço, super-homem invencível, cavaleiro da paz e da justiça,
Nacional kid!"


Muitas coisas mais a contar sobre minha permanência naquela casa, mas ficará para uma outra postagem.



segunda-feira, 22 de abril de 2013

IRACEMA, CENAS FINAIS.


 Bom dia queridos e queridas.
Para começar a semana, mais imagens de IRACEMA.
Seguimos nos falando oportunamente.





quinta-feira, 18 de abril de 2013

MINHA ROTINA ATUAL.


Acordo entre 6:30 e 7 horas. As vezes fico uns 10 minutos enrolando na cama.
Faço a refeição matinal que consiste em sanduíches frios, ovos cozidos, bananas e suco (não tomo café, não suporto), as vezes uma vitamina ou chocolate quente, há variantes.

Após um banho e higiene bucal, sigo para o quartinho que me serve de estúdio, meu mundo particular, com meus livros, tintas, pincéis, papeis e etc, para ganhar a vida.
O ventilador sempre ligado. Trabalho quase invariavelmente ao som de música. Neste momento estou ouvindo Talking Heads.
Atualmente estou ilustrando MARÍLIA DE DIRCEU do Tomás Antônio Gonzaga.

Pontualmente ao meio-dia, Verônica me chama para o almoço.   
Ao final, enxugo a louça que ela vai lavando.
Ultimamente tenho tirado um cochilo após a refeição (tenho sentido certa cefaléia e sonolência devido aos efeitos colaterais de uma medicação que preciso tomar), mas em geral dou continuidade ao trabalho logo após o alimento. Tenho que ressaltar que não produzo o meu máximo no período vespertino.
Nunca deixo de ler, atualmente devoro a biografia do Johnny Ramone.
Entre 3 e 4 horas como uma fruta ou tomo uma vitamina.
Perto das 5 horas saio para ir à padaria. É bom respirar um pouco o ar que vem do litoral.

Tomo outro banho e janto entre 18:30 e 19 horas.
Infelizmente, pra ser sincero, estou negligenciando meus exercícios físicos. Sempre prometo que vou voltar aos pesos e caminhadas, mas vou adiando. Quem me viu, quem me vê.

Como minha produção é muito boa à noite, volto ao estúdio para mais umas horas de trabalho até por volta das 23 horas.

Antes de dormir assisto com minha esposa algum programa ou série. Terminamos a sétima temporada de Dexter a agora estamos vendo a terceira de Walking Dead.

Não consigo ir pra cama se não tomar um banho. Durmo entre 12:30 e 1 da madrugada. 

Basicamente é isso, quando não tenho que resolver coisas na rua.



segunda-feira, 15 de abril de 2013

PARA MUITA GENTE, DESENHISTAS NÃO PASSAM DE BOSTA DE CACHORRO COLADOS NAS SOLAS DE SEUS SAPATOS.



Conheço muitos desenhistas, artistas, designers, ilustradores, quadrinistas e sei lá mais o quê. Alguns chegavam a ter todos os títulos citados. Grandes astros de uma constelação de meia dúzia. Noventa por cento deles são uns tipinhos que se julgam muito maiores do que na verdade são. Claro, temos caras fantásticos, pessoas que me ajudaram, inclusive. Mas são excessões, não regra. Junte a isso, os editores ou diretores de arte, os críticos e jornalistas especializados na área e, pronto, você tem um ambiente composto de muitos caciques e poucos índios.
Se isto tivesse pelo menos criado um mercado que valorizasse quem trabalha a sério ainda vá lá, mas não é isto o que acontece. Desenhista, este eterno coitado, ainda é aquele cara que faz algo do qual podemos passar sem, ou sempre tem um que faz melhor e mais barato.
Depois de mais de 30 anos trabalhando profissionalmente em estúdios de produção, em agências de publicidade, produzindo campanhas, quadrinhos, ilustrações e o que mais você possa imaginar dentro da área, hoje ainda tenho que aguentar pessoas me pedindo desenho de graça. Quando a arte já está pronta, eu até cedo, não porque eu queira fazer o gênero gente boa, não é isso não, é que não me custa, uma vez que não vou precisar suar a camisa, o produto já está criado e eu sei que nem todo mundo tem grana pra bancar, e uma divulgada pro meu nome sempre cai bem.
Não faz muito tempo, um pessoal de teatro me pediu umas artes para promover um espetáculo. Não posso, disse eu, estes desenhos são de propriedade de tal editora, falem com eles, se liberarem, por mim tudo bem. A tal editora não liberou.
-Puxa, será que o senhor não faria outros pra gente?
-Posso sim. Custa $$$ cada arte.
-Nossa, tudo isso!?!
-Na boa, não tá caro não, costumo cobrar bem abaixo das tabelas do mercado.
-É que nosso orçamento tá muito reduzido, mas vou falar com o patrocinador e te retornamos.
-OK.
E nunca mais dão notícias. É incrível, mas isto acontece com uma frequência que vocês não imaginam.
-Quanto você cobra pra pintar meu retrato? Eu queria um desenho assim e assim, quanto é? É só eu dizer o preço e a pessoa nunca mais toca no assunto. Acho que elas gostariam que eu respondesse que é uma honra fazer a arte de graça, afinal isto não é trabalho, é diversão. Como se trata de traços e cores num papel não é para ser levado a sério.

Faz muito anos em São Paulo, meu irmão era residente em medicina e trabalhava com um renomado cirurgião que me encomendou umas ilustrações para um livro que ele estava escrevendo. O prazo era apertado, pois ele queria levar as artes para um congresso que haveria na Grécia dali a pouco tempo.  Acertamos o preço e lá estava eu varando noites, desenhando e aquarelando tripas. Na data de entrega do trabalho o tal professor não pode aparecer no local, mas deixou instruções com meu irmão para que eu pegasse um táxi e fosse até onde ele morava para levar os trabalhos e fazer possíveis correções. Dei o endereço ao taxista e lá fomos, ficava num local longe pra burro, um condomínio fechado de mansões. Passava das 21 horas e o cara do táxi errou o local duas vezes. Por fim chegamos. O professor conversou com o motorista e pediu que esperasse. O taxímetro ficou ligado. Entramos. Levei material para fazer os reparos necessários. Quando terminamos passava da meia noite. Ele fez o cheque e me pagou. Acertou o valor com o taxista - que não sei quanto foi - o que incluía me deixar em casa.
No dia seguinte, meu irmão me disse que o professor me achou muito careiro. Dá pra acreditar? O cara deve ter pago uma grana preta ao motorista de táxi por toda aquela operação e achou alto o valor pelas artes que ele publicou em seu livro, que aliás, foram bastante elogiadas, segundo soube depois.

Trabalho anda difícil, pelo menos por aqui.
Soube por um outro desenhista que tal fulano está agora desenhando Red Sonja para uma editora americana. Vi umas páginas (boas pra caramba).
-Esse cara deve estar ganhando uma grana legal!
-Ah, sim, 40 dólares por cada página finalizada.
-Quê?!? Só 40 dólares!?! Tá de brincadeira?
-É que ele tá começando agora.
-Mesmo assim. Já vi preços melhores aqui no Brasil!

Editores me ligam chorando as pitangas. Me pedem paciência para efetuar meu pagamento. A coisa anda ruim e tal. Tá ruim mesmo. Imagino que esteja complicado pra todo mundo. O que sei é que sem desenhista não existe um produto para eles colocarem no mercado. Sem desenhista o público não terá o que ler, seja uma hq ou um manual de como aprender o ofício.

Reparo que existe uma porção de gente querendo aprender a desenhar, hoje existem muitas oficinas, palestras e o que mais você imaginar, além é claro da internet que oferece scans de obras como as do lendário Andrew Loomis por exemplo e tutoriais disso e daquilo. Num tempo não muito distante teremos um monte de gente desenhando mas ninguém para ler o que eles ilustram. Parece até argumento de um episódio de "Além Da Imaginação".

Os desenhadores legais que conheci e que tantas dicas dividiram comigo se tornaram competentes  aprendendo na dura lida diária, lendo gibis, indo a museus, tentando na solidão de seus quartinhos criar algo parecido com o que faz seu ídolo, seja ele Kirby, Frazetta ou Rembrandt. Estudou por conta própria num período onde escolas formadoras deste tipo de profissão não existiam ou eram muito caras; um tempo em que não tínhamos tantos títulos disputando espaço nas bancas. Isso tudo para ter que passar por certas situações vexatórias.
É a vida.





sexta-feira, 12 de abril de 2013

FAN ART DE ZÉ GATÃO POR CHAIRIM ARRAIS.


Uma bela homenagem da desenhista e designer Chairim Arrais esta, não concordam? Fiquei particularmente empolgado com a ilustração, pois é a primeira arte do felino feita por uma mulher jovem e muito talentosa, trazendo cores mais sensuais e menos tristes para o universo de Zé Gatão.


Obrigado, Chairim!







terça-feira, 9 de abril de 2013

ZÉ GATÃO E OS ESCÂNDALOS.



A arte de hoje é uma fanart de Zé Gatão criada pelo Gil Santos, um jovem artista pra lá de talentoso. É muito legal ver sua criação nos traços e cromatismos de outros artistas. Obrigado Gil, de coração.
É curioso notar que a visão do Lancelott para o felino é a postagem mais popular deste blog a muito tempo.
                                                                        
                                                                          ****
Sábado último, estreou na Rádio Federal de Brasília, o programa ENERDIZANDO, capitaneado pelo grande artista Nestablo Ramos Neto, criador das hqs Zoo, PETS, Carcereiros entre outros. O programa discute e divulga a cultura nerd com informações sobre séries, cinema, quadrinhos, games, mirabilias e tutti quanti, tudo entremeado de boa música e muito bom humor. Prestigiem, é todo sábado de 10 hs da manhã ao meio dia,   http://www.radiofederal.com.br/ .

Aconteceu um negócio interessante no programa, o Nestablo convidou umas pessoas a participarem, um rapaz, dono de uma loja de toys (se entendi bem), e uma garota que faz cosplay - aliás ela foi à radio vestida de Capitã América - bem, à certa altura entre os muitos comentários dos participantes, mandei um recado via e-mail ao programa sugerindo ao Neto que fosse pautado, quando possível, uma matéria falando dos veteranos dos quadrinhos brasileiros, pessoas como Colin, Zalla, Shima e outros. Minha mensagem foi lida e tiveram a fineza de me apresentar como o criador do felino antropomorfo Zé Gatão. Neste ponto a Capitã América interrompeu para dizer que há muitos anos quando ela era ainda uma criança, na casa da avó, havia um exemplar do Zé Gatão no armário (acho que foi isso) e ela folheou o álbum. O que ela viu ali traumatizou-a profundamente. Ela colocou emoção na voz: "Cara, o pior é que ele é um bicho!" Evidentemente um puta feedback negativo. Notei que o Netão fora pego de surpresa e a única coisa que ele pode dizer em minha defesa (muito acertadamente) é que aquilo se tratava de quadrinho underground destinado ao público adulto. 
Me vi mais uma vez na mesma lista onde figuram Crumb, Bukowski e Liberatore sem ter a mesma projeção deles.
Não sei o que foi dito no intervalo mas a mina depois se desculpou no ar comigo pelo seu testemunho desastrado.

Sabem, nesta horas eu tento rir da situação e pensar como o tremendão Erasmo Carlos: "Falem mal, mas falem de mim." Mas fico me perguntando se há motivo para tanto barulho. Sei que ninguém tem a obrigação de saber mas os quadrinhos de Zé Gatão embora contenham muitas cenas de ação e filosofia barata, ele serve para mim como válvula de escape. Um meio pelo qual eu possa dar vazão aos meus arroubos de fúria.
Só isso.

Certa vez no Park Shoping em Brasília, durante uma tarde de autógrafos fui acusado por uma mulher de ser "INDECENTE". Fui barrado de ter uma matéria publicada numa revista especializada em cultura pop pelo editor e acusado de ser IMORAL e VIOLENTO.
Tenho muitas histórias mais para contar, mas não me resta paciência para fazê-lo. Estou enfastiado de me justificar. Não concebo hqs para agradar, mas para sacudir e mostrar como vejo este mundão "bonito" que aí está.
Apesar disso tudo Zé Gatão continua na estrada. Não lhe resta alternativa, ele tem que fazê-lo. E eu também.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

segunda-feira, 1 de abril de 2013

BIG ARNOLD.



Foi Bruce Lee quem abriu as portas para que eu me interessasse por atividade física, logo a seguir foi Jackie Chan com suas proezas típicas de lutador de Kung Fu mesclado a atleta olímpico; mas minha inclusão no mundo das artes marciais foi desastrosa, entrei com o pé esquerdo, ao invés de encontrar pessoas que pudessem me ajudar a vencer meus problemas de auto-aceitação me deparei com indivíduos omissos ou arrogantes, fora que eu não tinha grana pra frequentar academia. Mas fui tomado pela febre dos exercícios corporais mesmo quando pela primeira vez vi umas fotos do Arnold Schwarzenegger. Foi ainda nos anos 70 numa revista de musculação. O fisiculturismo naquela época ainda sofria uma série de preconceitos, tais como: quem pratica é homossexual, é broxa, tem pau pequeno, é narcisista e por aí vai. Mas eu tava pouco me lixando, aqueles caras me pareciam aquelas esculturas gregas que eu tanto admirava.
No cinema eu via caras fodões como Charles Bronson e Clint Eastwood e sonhava em ser como um deles: durão, tipo, ninguém mexe comigo; mas eu era bunda mole demais. Na minha vida não faltou quem me fizesse acreditar que eu era a pior criatura na face da terra, a mais medíocre. Sem problemas, eu não tinha como provar o contrário, uma vez que eu mesmo acreditava ser um imprestável, alguém com serventia apenas como saco de pancada, mas seria um zero a esquerda com um bom porte, pelo menos. Acho que foi aos 14 anos que comecei com flexões e abdominais e nunca mais parei.
Brasília é uma cidade que propicia o condicionamento físico. Logo comecei a correr, fazer barras e paralelas. Tentei incutir o gosto por atividades esportivas em meus irmãos, bem como ensina-los a abominar coisas que eu considerava perniciosas ao corpo, como tabaco e bebida alcoólica.

No Rio de Janeiro ao praticar um pouco de boxe, vi a necessidade de aumentar a massa muscular e assim que pude comprei uns pesinhos para me exercitar. Virei um fanático pela coisa, como não podia frequentar uma academia, eu improvisava paralelas em cadeiras, levantava botijões de gás, cheios ou vazios, o que estivesse à mão, subia vários lances de escadas na maior velocidade possível tanto quantos os músculos de minhas pernas aguentassem. Quando tinha que ir a algum lugar e a distância não fosse impossível, eu ia correndo. Vivia suado.

Isto inspirado em boa parte por Arnold.


Na verdade, acabei me desviando um pouco do objetivo deste post, que era comentar sobre a biografia deste que se tornou o maior fisiculturista de todos os tempos. Como fã, um relato de sua vida, em suas próprias palavras, era algo que eu não podia deixar passar. Meu irmão me deu o livro no final do ano passado e eu o devorei em pouco tempo.
As melhores partes, claro, foram seus relatos sobre seus primeiros anos de pobreza na Áustria, sua aversão ao comunismo, sua dedicação ao fisiculturismo e sonho de tornar o esporte popular bem como ser o maior de todos na modalidade, suas aventuras como recruta no exército até sua chegada nos EUA, se tornar republicano a partir dos discursos de campanha do então candidato à presidência Richard Nixon, suas vitórias no Mister Universo e Mister Olympia. Na verdade o livro se divide em três partes, os anos como campeão de musculação, sua entrada no mundo do cinema onde ele se tornou o mais bem pago ator de filmes de ação e seu período na política como governador da Califórnia.
Tudo conquistado com muita luta. Pra se ter uma ideia o projeto de se levar Conan ao cinema levou uns cinco anos até virar realidade. Muitas vezes o livro, na maneira como é escrito, assemelha-se a um manual de auto-ajuda. Tenha objetivos, planeje, empenhe-se, conquiste. Ficou rico muito antes de se tornar ator em Hollywood, investindo no ramo imobiliário.
Arnold teve a cara de pau, eu diria, de insistir em se cercar dos melhores e aprender com eles e não se deixar abater quando as coisas pareciam não avançar. Diziam que para ser protagonista em um filme ele não serviria, tinha um físico muito grande, o nome era impronunciável, o sotaque alemão muito forte e o pior, um ator limitadíssimo. Ele se esforçou muito para suplantar essas barreiras e muitas delas usou a seu favor. Na maior parte dos relatos notei que não temos nada em comum. Ele gosta de aparecer, falar com todos quanto possa, estar ao máximo em evidência, eu não, eu prefiro a invisibilidade, a minha pessoa não importa, apenas o que sai do meu lápis.
O livro tem seus trechos maçantes como sua vida matrimonial e os meandros da política, mas tudo bem, é a vida dele e ele tinha que esmiuçar. Não se isenta de culpa, fez muita besteira por ser um boquirroto, mas faz parte da existência de todos.

Minhas sincera homenagem e agradecimento ao Arnoldão por ser um bom companheiro de jornada. Espero termos ainda muito que caminhar.





A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE COMENTADO PELO ESCRITOR E POETA BARATA CICHETTO

 O livro que tive o prazer de trabalhar ao lado do ficcionista Rubens Francisco Lucchetti intitulado A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE, ...