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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

COMMISSION 02: MIRROR´S EDGE.



Na boa, isso tá ficando complicado. Ou tomo umas anfetaminas e faço um cursinho de informática de madrugada pra aprender os macetes dos computadores ou paro de mexer nestas porcarias. Primeiro meu blog some pra reaparecer sem explicações, agora é uma dificuldade pra postar. Desde ontem a página para postagens não aparece quando acesso o blogger, nem as visualizações de estatísticas e lista de postagens. O texto de hoje era pra ser escrito ontem. De novo recebi auxílio de alguém do fórum do Google (é isto mesmo, será?) com algumas dicas. A coisa é chata para explicar como acabei conseguindo, somado a isto tem o fato da editora pra quem trabalho estar me colocando na geladeira, me fazendo esperar por um livro que não vem e minhas economias vão minguando, por isto vamos mudar de assunto.

A ilustração de hoje, bem como a anterior, foi uma encomenda. Alguém que curte muito muito arte e pode dispor de uma grana pra um artista do seu agrado fazer um trabalho bem pessoal de seus personagens favoritos. Por exemplo, imagine alguém que curta muito o Superman e a Mulher Maravilha e queira ver os dois transando. Se ele puder pagar ao seu artista preferido ele poderá ter a arte original (se o tal artista topar fazer, é claro).
Tem muito desenhista ganhando uma boa grana com isto hoje em dia, só fazendo commissions. É porque eu sou um lerdo, que não ganho mais. Lerdo no sentido de não saber exatamente como atingir o público pagante por este tipo de atividade. Na verdade sou um péssimo agenciador da minha arte e um cobrador pior ainda. Só não me considero um fracasso completo porque minhas publicações, embora eu não consiga mensurar o alcance, atingiram um público bem razoável que me prestigia.
Também, confesso, fico um tanto intimidado frente a uns novos talentos que tem aparecido; no Devian Art, por exemplo, tá recheado de uma moçada botando pra quebrar com seus trabalhos, material de primeira, a maioria com pintura digital, algo que ainda não domino. Claro que os gringos pagam mais, e eu mal falo o português.



De toda forma, fica aqui minha gratidão ao Elton por me permitir brincar com estas personagens dos games e ainda me pagar no prazo por isto (algo raro).

Amanhã, se o "fantasma da máquina" não me aprontar mais alguma travessura, postarei o último desenho desta série.
Até lá, querendo Deus.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

COMMISSION 01: REMEMBER ME.



Sábado último tomei um baita susto, depois disto uma enorme tristeza e depressão me abateram. Todos os dias entro neste blog para dar uma verificada nas estatísticas, geralmente uma vez de manhã e outra a noite. O MOTIVO DO SUSTO: não conseguia acessar meu blog, havia sido excluído, dizia uma mensagem. Tentei acessa-lo como um vistante. Excluído. Tentativa de encontra-lo pelo comentário de um fã que deixei anexado em meu e-mail. Excluído. Neste ponto já comecei a suar frio. Fui à central de ajuda do blogger pra ver o que poderia ter acontecido. Este meu espaço poderia ter sido excluído por mim mesmo por engano. Negativo. Não exclui porra nenhuma, pensei eu, deve ter sido um erro de vocês, ou algum racker maldito querendo me sacanear. Nem havia na página de login qualquer menção a exclusão ou coisa que o valha.   Tentei encontra-lo por outros meios, seguindo orientações da turma do blogger, mudei senha, abri páginas disso e daquilo, e nada do meu blog aparecer. Durante todo este tempo, que foi de sábado de tarde até domingo na hora do almoço, me vi numa situação que lembrava um pesadelo kafkiano. Quem paga por um erro deste? A quem reclamar? Cadê o responsável? Você formula uma queixa e envia por mensagem? Em informática, e cada vez mais na vida, não há uma pessoa física a quem se possa reportar uma queixa, um comentário ou mesmo um elogio. Falamos com máquinas todo o tempo, pelo telefone e computador.
O MOTIVO DA TRISTEZA: um blog é apenas um blog, ninguém morreu, vão-se os anéis, ficam-se os dedos, costuma dizer minha mãe. O caso é que me apeguei a este espaço, nele escrevi alguns contos, pedaços de minhas memórias, crônicas do cotidiano, impressões sobre a vida e artes que compartilhei com um público que admira meu trabalho. Não é pouca coisa. Pior de tudo, negligente como sou, nunca fiz backup das postagens. Três anos gravando fragmentos de minha alma aqui, perdidos, por sabe-se lá qual a causa. Tive que ir para a rua, disfarçando meu desgosto para que não percebessem, nem minha esposa, nem conhecidos, afinal, um blog é apenas um blog, cria-se outro.
Retorno à casa. Tomo banho. Janto. Preciso trabalhar. Não encontro ânimo. Convido a Vera para ver Breaking Bad. A série é baixo astral o suficiente para o clima em que me encontro. Antes mais uma verificada, poderiam ter desfeito o engano. Nada. O blog continuava excluído.
Sempre pensei em parar de estar choramingando aqui. Encerrar, como tudo acaba nesta vida, mas isto seria uma opção minha, não por erro, engano ou maldade de algum invejoso. Demorei pra dormir. Tentava convencer a mim mesmo que não era lá grande perda, não havia aniquilado minhas artes originais ou meus livros de arte raros num incêndio ou enchente (mas era como se fosse). Idiota, velho idiota! Deveria ter salvo as postagens!
No dia seguinte a primeira coisa que fiz foi tentar uma forma de recuperar minha perda. Encontrei fóruns com pessoas que passaram pela mesma desdita, um deles do próprio g-mail. Deixei uma mensagem com o endereço do meu blog e um pedido de ajuda. Tentei me conformar e fui trabalhar. Um pouco antes do almoço, ao checar meu e-mail, vi uma mensagem de uma pessoa dando uma sugestão e ao clicar num link, abriu-se a minha página de login do blog e PLIM! Ali estava ele intacto! Como aquele ente querido que some por um tempo e negligentemente não telefona, não avisa que vai se ausentar, e aparece como se nada tivesse acontecido. Minha alegria e alívio foi proporcional ao meu abatimento, que em vão tentei dissimular. A primeira coisa que fiz foi procurar um tutorial de como salvar as coisas que vou colocando aqui. Feito isto, sigo agora o conselho de uma vez ao mês fazer um backup das postagens.

Vocês devem ter notado algumas mudanças na casa, né? Pois é, mudanças são legais as vezes e para evitar que alguém mais sensível se sinta escandalizado por algum palavrão ou o desenho de alguma mulher com os peitos de fora, e resolva me denunciar por violar alguma política do blogger e assim me excluam de verdade, então usei a opção de coloca-lo voltado para o público adulto.

A arte de hoje foi uma commission para um admirador da minha arte. Como já escrevi demais, deixo para comentar mais amiúde sobre ela em nosso próximo encontro.
Até lá.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

CONTOS FLUMINENSES ( 04 )



A semana passou rápido. Parece que o último domingo foi ontem. Nem vou falar mais a respeito disso. Pra quê? O caso é que não consigo não me sentir perplexo, afinal de contas 24 horas não é mais suficiente pra eu fazer tudo o que gostaria, tipo, o dia perfeito pra mim se resume às horas necessárias para o trabalho e nos intervalos ler o capítulo de um livro, escrever um texto e fazer meus exercícios (puxar ferro, leia-se) e agora não consigo mais, alguma coisa fica de fora, geralmente os ferros, isto porque estou me tornando cada dia mais preguiçoso, exercícios com pesos exigem uma atitude mental que em geral é gasta no ato de desenhar (ganhar dinheiro é prioridade, queridos), sem contar as pequenas e persistentes dores que me acompanham, acho que este é o saldo de muitos anos de treino pesado.

Voltando ao assunto tempo, estou convicto de que ele diminuiu, embora nossos relógios continuem a girar os ponteiros na mesma velocidade. Não deveria ser surpresa pra mim, afinal Jesus em Sua palavra já havia dito algo a respeito quando dissertava sobre o fim dos dias, só não imaginava que seria tão literal (teoria minha).

Não lembro de um mês tão improdutivo quanto está sendo este outubro. Trabalhei pouco. Tá, ainda estou a espera de material da editora (deve chegar hoje), mas não justifica, tenho a bio do Poe me aguardando, mais hqs curtas do Zé Gatão esperando ganhar imagens de roteiros já prontos, entre outros projetos. O que fiz foi umas artes encomendadas que logo darão as caras por aqui, se Deus quiser, mas sei lá, há muito a ser feito e estou muito lento.

Mas deixe estar, ainda estou por aqui, na estação certa, no meu momento, o que está pendente vai ganhar vida - estou compondo uma nova página do Poe - tenho que ficar menos ansioso e remar meu barco em meio às ondas procelosas com as energias que possuo.

Dito isto, amadas e amados, quero desejar a todos um auspicioso fim de semana.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

MAIS UMA PÁGINA INÉDITA DA BÍBLIA.



Amanheceu ensolarado e quente. Hoje é dia do comerciário, portanto um feriado, nem sei como está o movimento nas ruas, tomei meu desejum e vim para o estúdio trabalhar. Lembrei que tenho que atualizar este espaço e aqui estou.
A editora que me sustentou durante os últimos três anos resolveu dar uma up em alguns setores do seu departamento editorial, talvez por isto estejam demorando a me passar outros livros. Minhas economias estão minguando; não sei, fico receoso de procurar serviços em outros lugares, algo complicado, já que estamos no final do ano, mas se der certo de conseguir e os livros prometidos vierem, deverei saldar todos os compromissos e ficarei todo enrolado. Vida de quem trabalha com arte é assim mesmo, bola pra frente. Jesus está, como sempre, no timão da minha vida. E falando Nele, vejam hoje uma cena de um capítulo da Bíblia que quadrinizei e que até hoje não foi publicado.



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

CONTOS FLUMINENSES ( 03 )


Meus pés estão me matando. Na verdade o culpado é o meu pé direito, mais precisamente o calcanhar. O problema não é novidade, quando eu era um pobre coitado em São Paulo (hoje sou apenas coitado), lá pelos idos de 93/94, eu sentia essas ferroadas nos calcanhares (eram os dois que me atormentavam). Eu andava muito a pé em calçados inapropriados (talvez). Alguém falou em esporão no calcâneo. Cheguei a criar uma história em quadrinhos abordando a doença (nunca foi publicada). Mas, sei lá, sempre tive resistência em procurar ajuda médica se eu pudesse suportar o desconforto, ademais dor física de alguma forma me mantinham conectado com o mundo que girava ao meu redor, como se a pobreza do lugar, minhas crises de depressão e alguma algia aguda tivessem tudo a ver, como se estas interligações fossem naturais. Claro que não eram e eu sabia disso, mas a dor parecia apropriada ao tipo de existência que levava, pelo menos naqueles tempos. Ouvi muitos queixumes de pessoas por causa do mesmo problema, é algo mais comum do que se possa imaginar.
O tempo passou e num belo dia me dei conta que os pés não doíam mais. Sumiu assim como começou, sem que eu me desse conta.
Este ano voltou com força total. Tudo aconteceu após uma corrida que fiz, depois do esforço o quadril e o calcanhar começaram a me torturar pra valer. O quadril passou, mas o espasmo no pé resolveu insistir em me lembrar que este mundo não é lugar para descanso, que se o incômodo não for naquela região será num outro lugar, não há como fugir.
Claro que dessa vez fui ao ortopedista, afinal hoje posso pagar um plano de saúde. Ele fez uns testes e pediu um exame específico. Realmente é o tal esporão no calcâneo que tem modificado o meu jeito de andar. Não voltei ainda ao médico para ver qual o tratamento para isto. Digo sempre pra Verônica que tal semana vou sem falta, mas minha vida toda foi uma guerra tremenda pra conseguir nem que fosse uma hora pra mim mesmo, como se eu tivesse um encontro comigo e nunca comparecesse. Algo sempre se interpõe. Talvez eu seja louco; aliás, tenho certeza disso, se não fosse eu não insistiria em viver de rabiscar e borrar papéis com pigmentos, teria arrumado um emprego quando era mais novo. Acho que reclamo demais, tem gente por aí morrendo de câncer, dormindo nas sarjetas e cobertos de bichos.

Ontem eu e Verônica fomos a uma consulta no cardiologista que já estava marcada a tempos, ainda bem, ela não esteve legal na segunda feira, muita dor de cabeça e mal estar, mas felizmente tudo está bem com nossos corações, pressão normal e tudo o mais, ela deve ter tido mesmo uma enxaqueca braba.

A noite fui comprar uma medicação numa farmácia mais distante, pois o desconto lá é bom, Vera insistiu para que eu fosse de ônibus por causa do pé. Fui. Viagem perdida, a compra era pra ser feita no cartão e o sistema estava fora do ar. Cara, isto me deixa puto! Esta semana não pude postar uma encomenda no correio por que o tal sistema estava fora do ar. O dia que este sistema lascar de vez voltamos à idade da pedra!
Ao invés de tomar o ônibus, resolvi voltar caminhando pela praia. O pé incomodava mas enquanto eu puder andar, vou andar. Gosto de observar as pessoas. Elas caminham e caminham, talvez pelo mesmo motivo que eu, talvez para emagrecer, quem sabe para fugir de si mesmas, elas tem muito medo de morrer, não há dúvidas. A maioria se pergunta o que será o mundo sem elas, depois que pararem de respirar. O que importa? Os outros continuarão a levar seus cachorros pra cagar, isto é certo.
Cheguei em casa levemente exausto. Planejava trabalhar mais um pouco mas meu cunhado mais novo me alugou relembrando algumas pegadinhas do Silvio Santos. Rimos, foi bom. Tomei mais um banho, assisti com a Vera mais um episódio de Hells on Wheels e fomos dormir.

E para fechar a semana, mais uma arte do livro do Machadão.
Sim, acho que nos próximos dias eu vou ao doutor ver se há algo a ser feito pra melhorar esse pé.



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

MAIS UMA PÁGINA PARA EDGAR ALLAN POE.


Hoje me sento aqui e algo muito incomum acontece: não sei o que vou escrever, tampouco que desenho vou postar. Este é um blog que uso para divulgar o que é possível do meu trabalho e com o tempo tornou-se uma espécie de veículo onde pude transmitir alguns dos meus pensamentos, daí o porque traços e letras raramente estão dissociados. As vezes planejo o que será comunicado, outras sai de chofre, sem esboço prévio. Agora porém, não há exatamente o que dizer (na verdade já está sendo dito, é só começar a teclar e as ideias vão se formando).
O caso é que tenho centenas de desenhos, mas quase todos são encargos para livros ou ilustrações encomendadas, o que chamamos comissions, nada pessoal que possa (ou que deva) mostrar no momento. Vasculhei rapidamente minhas várias pastas de desenho e nada vi ali que fosse inédito, que pudesse ser visualizado agora e que me inspirasse a escrever algo que não fosse um mero devaneio.
Tive então que me valer da biografia do poeta americano Edgar Allan Poe, uma obra em quadrinhos que me tira o sono. Quem me acompanha por este blog a tempos, sabe que este projeto está engasgado na minha garganta a anos. Não tenho tempo de desenvolve-lo mais rápido, o roteiro não é meu, é do Rubens Lucchetti, um escritor de mais de 80 anos, e anseia por vê-lo terminado, não há nenhuma pressão formal para que o acabe logo, mas até quando ele se arrastará? É um trabalho pessoal pois pus a minha alma nele, mas não me pagam um centavo por isto, daí o porque dele estar sempre relegado aos meus vácuos de produção. Não estou me queixando, sei que criar hqs no Brasil é assim mesmo, na raça, talvez um reconhecimento em forma de alívio financeiro venha depois da publicação, mas até lá o Poe deverá mesmo aguardar a sua vez.

Este é um quadro de página inteira, foi um dos últimos que pude fazer. E olhem só, o texto acabou saindo!



sexta-feira, 11 de outubro de 2013

CONTOS FLUMINENSES ( 02 )



Caríssimos e caríssimas, embora meu dia hoje esteja complicado, como sempre, passo aqui para deixar com vocês duas artes que fiz para o livro do Machadão. Afinal, tudo deve ser alimentado com carinho, para que possa render frutos e trazer satisfações. Assim fechamos a semana.

Até a próxima (com mais tempo, espero), se Deus quiser.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

ENTREVISTA CONCEDIDA AO ZINE BRASIL EM 2011.


Zine Brasil Entrevista Eduardo Schloesser, autor de Zé Gatão.

Acredito que meu primeiro contato com o trabalho deEduardo Schloesser, foi com o lançamento da Biblia em Quadrinhos, nesta edição, Eduardo ilustrou duas histórias, a“Eles o chamam de Sansão” “Davi e Golias”, e já nessas HQs foi possível conferir a qualidade do trabalho do artista, sua mudança de estilo em cada HQ, visando fazer cada trabalho com qualidade, o que deve ser objetivo de um verdadeiro profissional dos quadrinhos.
Mas foi no evento Melhores da PADA, onde o mesmo lançou a graphic Pada, “Zé Gatão” que tive o prazer de conhecê-lo e conversar um pouco com ele, que se mostrou extremamente humilde, atencioso, e muito divertido.
A entrevista abaixo foi realizada pouco tempo depois do evento, a mesma revela não apenas o belo trabalho desse artista dos quadrinhos nacionais, como também demonstra através de suas opiniões e curiosas historias que nesse meio é preciso ter ainda mais profissionalismo que geralmente se pensa.
Espero que aprecie! Boa Leitura!
A velha pergunta que não pode faltar, quando começou seu interesse por quadrinhos?
Antes mesmo de aprender a ler. A lembrança mais antiga que tenho dos quadrinhos foi um gibi da Disney, onde os protagonistas eram 000 e Pata Hari. Mas eu não sabia disto na época. Era um menininho magro num canto qualquer de São Paulo. Um tanto assustado com tudo, aqueles patos causaram em mim uma forte impressão. Depois, meu pai me deu aquela primeira revistinha da Mônica, Logo após foram os super-heróis, sobretudo Marvel e, claro, Tintin. Mas o que me fez ter vontade de desenhar quadrinhos foi o Spirit, do Will Eisner, mais especificamente a historia Gerhard Schnoble. Em seguidas as edições da revista Kripta e daHeavy Metal moldaram o meu gosto pelo terror e fantasia.
Quando você criou o Zé Gatão?
O personagem foi criado no início do ano de 1992. Na verdade, uns dois anos antes eu criara um protótipo deste gato para umas estampas para camisetas em situações cômicas, mas nunca pensara nele como um personagem de HQ, até que ele caiu como uma luva para o projeto que estava desenvolvendo. Naqueles dias estava vivendo uma situação difícil, então os quadrinhos foram uma forma de desabafar, colocar para fora o que estava sentindo. Como eu não tinha nenhuma experiência com arte sequencial, obviamente era uma coisa bem diferente do que se vê hoje.  
3- Como você percebe a reação de leitoresas suas obras, como o Zé Gatão, que foge do herói mocinho, sendo antropomorfo e fazendo uso de uma boa dose de violência?
Usei antropomorfos por três motivos:
1- Minha forte ligação com mundos fantásticos.
2- Animais fabulosos são metáforas poderosas e eu poderia transmitir uma visão de sociedade bem particular, mas inquietantemente comum a todos.
3- Fugir dos estereótipos de heróis e anti-heróis tão comuns nos quadrinhos.
A reação das pessoas não foi má, mas existe até hoje muita relutância em relação às cenas de sexo, muito mais que as cenas de violência. Olhando hoje para o passado eu admito sim que queria provocar um choque, dar uma sacudida na moçadinha que lia gibis bem comportados. Não foi um tiro no pé, admito que limitei o público, mas quem entendeu a proposta, permanece como um seguidor fiel, e pra mim o que vale não é o número de fãs, mas a qualidade deles.
Conversando durante o evento da PADA, você chegou a comentar que seu personagem nasceu num momento bem “raivoso” de sua vida, e que por isso ele era tão Melancólico nas HQs que o lançaram, você ainda guia as HQs do personagem sob esses mesmos sentimentos? Ou já nesse novo álbum lançado é possível o leitor notar mudanças no perfil do personagem?
Zé Gatão deveria sim refletir meus sentimentos, sempre. Ele serve como um porta-voz, aliás, não só ele, mas muitos personagens que aparecem na narrativa tem um pouco de mim, acredito que esta é a única forma de torná-los críveis para o leitor, embora se tratem de animais humanizados. A maioria das histórias é autobiográfica, só acrescento um pouco de ação e fantasia para dar o tempero. Hoje estou mais centrado, mas olhando para o mundo em que vivemos, a batalha pela sobrevivência no dia-a-dia, fica quase impossível evitar um grito de angustia que vem na forma de HQs incômodas. Este álbum atual concentra algumas narrativas mais intimistas.
Pra você, como esta sendo o lançamento do Zé Gatão pela PADA?
Publicar quadrinhos no Brasil é tarefa hercúlea, principalmente da forma como faço, estas HQs curtas estavam fechadas, amarelando nos meu envelopes fazia anos, velas publicadas pela PADA, num álbum que combina perfeitamente com as características das histórias, é como um copo de água fresca para quem caminha no deserto a muito tempo.
Que outros personagens você criou? Como podemos conhecê-los?
Ao longo destes anos fiz alguns poucos quadrinhos. Eróticos (porque pagavam bem), instrucionais (porque eram encomendados), mas personagem fixo, só dei corpo ao Zé Gatão, existem alguns, mas por enquanto, só dentro da minha cabeça.
Quantas historias do Zé Gatão esperando uma publicação nesse exato momento? Fale sobre o que não saiu pela PADA.
Pelo menos três HQs ficaram de fora deste álbum, isto se falarmos de publicação em papel. Existem duas histórias que podem ser lidas no meu blog (é só procurar nos arquivos), uma outra, bem antiga, pode ser lida no UNIVERSO HQ
Existe uma saga de 400 páginas pronta desde 2003. Há uma editora trabalhando nisto, mas me pediram para não comentar nada até que a coisa se confirme.
Falando de mercado, como você vê atualmente os quadrinhos brasileiros que estão sendo lançados?
Posso parecer chato, mas apesar dos excelentes materiais lançados e a qualidade de seus autores, eu não acho que exista um mercado de quadrinhos no Brasil. Por mercado eu entendo que exista uma demanda muito grande, oferta e procura, artistas bem pagos para produzir obras que façam jus a um salário que o permita viver dignamente disto sem ter que apelar para outras mídias. Sinceramente não vejo isto acontecendo por aqui. Os carinhas que estão obtendo sucesso e dinheiro com esta arte, estão publicando no mercado gringo. Oxalá possamos um dia ter um mercado de quadrinhos no Brasil. Agora, repito, a qualidade do que se tem publicado aqui, é inquestionável.
Em sua opinião, porque os nomes dos quadrinistas brasileiros em destaque na mídia parecem não mudar com o tempo?
Primeiro ponto, sem fazer média, os artistas em destaque na mídia são o que de melhor se pode ter. É sucesso mais que merecido. Algumas condições pode ter favorecido eles, não sei. Segundo ponto, de alguma forma eles tem mudado sim, os que hoje são badalados, não existiam a uns quinze, vinte anos atrás. Os que existiram desde sempre, tem mantido a tradição e a qualidade. O problema é que muitas vezes o público parece viciado, dando a entender que fora alguns bons artistas, não existe nada mais além. Uma coisa parece clara, tanto os de ontem como os de hoje, parecem divulgar e vender muito bem seus produtos.
Falando das Editoras, em sua busca por publicação de suas obras, que atitude dos editores, mas te incomoda?
Olha, antigamente eu via o editor como uma espécie de vilão, um cara que se alimentava do suor dos pobres artistas, era uma visão “esquerdóide”, distorcida que foi alimentada por algumas situações que testemunhei. Claro, alguns realmente eram execráveis, mas olhando pelo lado deles, o que eles querem é o que nós artistas também queremos, ganhar dinheiro com quadrinhos, algo que amamos. Eles não são mecenas, não tem a obrigação de publicar tais e tais obras só porque o autor acha que seu produto é a última coca cola da geladeira. Muitas destas obras não tem o perfil idealizado pela editora. Quando ouvimos um não, levantamos a cabeça e partimos pra outra, até que uma situação favorável se apresente. Se a obra tem qualidade, no momento certo ela terá o seu reconhecimento.
Mas se for para destacar uma falha em alguns editores, seria que alguns se portam como arrogantes senhores absolutos, de opiniões irrefutáveis. Não gostam de determinado trabalho e acham que não serve pra mais ninguém. Não só eles mas alguns jornalistas especializados no assunto. Outro ponto é que alguns nem se dão ao trabalho de responder a um e-mail. Lamentável este tipo de atitude. Mas no geral, os editores com quem trabalhei, foram muito legais. Difícil mesmo são alguns artistas, boa parte dos que conheci, acham que entre o céu e a terra não há nada mais importante do que eles.
O que os artistas nacionais podem fazer para que essa situação se modifique?
Uma pergunta complicada, não há uma resposta segura, se eu tivesse a fórmula, já estaria trabalhando na mudança. Não acho que o problema esteja no editor ou no autor. Como disse acima, o público muitas vezes parece viciado, um só lê mangá, outro só lê super-heróis, outro só gosta de tirinhas, outro ainda só lê se a revista for colorida, isto acaba complicando uma situação que é iníqua desde a sua raiz. Temos que pensar também que os quadrinhos se elitizaram, saíram das bancas e foram para as livrarias, tornou-se um produto com excelente acabamento, mas muito caro. A livraria já come uma boa fatia da torta que caberia ao editor, que por sua vez não pode pagar o que deveria ao autor, e o consumidor tem que fazer opções. É difícil. Mas aos poucos vai se chegando lá. Não se pode é desistir. Neste ponto, os artistas da P.A.D.A. fazem um trabalho digno de nota. No velho estilão punk do faça você mesmo. Se produzir quadrinhos é importante para você independente de sucesso ou grana, eles são o exemplo a ser seguido, o resto é consequência.
Nos fale sobre seu nome,Schloesser, é de familia mesmo ou artistico? Qual a origem?É de família, por parte do meu avô, que era francês, embora o nome seja alemão, é que ele era de Estrasburgo, ou seja, divisa com a Alemanha.

Ainda com relação a sua família, você é casado? Como é a relação da sua família com seus quadrinhos?
Sou casado a dezesseis anos, e minha esposa, ao contrário de muitas que conheci que desprezavam este “vicio” por parte de seus conjugues, é muito paciente, não só com os quadrinhos que coleciono como também com o tempo que pareço perder com os que crio. Ela sabe, que há potencial para se fazer dinheiro ali, embora saiba que isto depende de uma série de fatores que estão além dos esforços do artista, mas ela é uma grande incentivadora. Ela lê quadrinhos, é fã de Corto Maltese, diz que o personagem é um “gato”. Ainda bem que não sou ciumento.
Meus pais sempre me deram incentivo, eu e meu pai levantamos uma grana para publicar de forma independente o primeiro álbum do Zé Gatão, foi uma dívida que nos deu muita dor de cabeça, mas foi ali que tudo começou. Tenho mais três irmãos, meus fiéis e melhores amigos, todos leitores de quadrinhos, aliás, são eles que investem em minha arte, sempre sou presenteado por eles com algum book art novo na praça, sabe como é, na maioria das vezes esses livros são importados e caros. Que Deus os abençoe.
Que artistas dos quadrinhos influenciam seu trabalho? Tem alguém que você realmente usa como referência?
Sempre afirmo que o triunvirato que dá base ao meu trabalho é composto por Richard Corben,Berni Wrightson eTanino Liberatore. Sim,Frank Frazetta na pintura. Claro, as influências são muitas, mas estes três, creio, são facilmente reconhecíveis nos meus traços. Eu destacaria não exatamente como referencia, mas como inspiração o Corben, isto por me identificar com seus mundos fantásticos carregados de ação, erotismo e violência, cada vez que vejo um novo trabalho deste senhor, sinto vontade de correr para a prancheta e colocar minhas idéias no papel.
Nesse tempo fazendo quadrinhos, qual a coisa mais chata e mais engraçada que já te aconteceu?
A mais chata? Certa vez, logo que meu primeiro álbum veio a público, fui humilhado publicamente por um importante pesquisador dos quadrinhos tupiniquins dentro de uma Comic Store, ele disse que era muita pretensão eu me lançar com um gibi naqueles moldes e que jamais eu seria famoso com aquilo.
A mais engraçada? Tem a ver com o mesmo álbum. Estava na Livraria Muito Prazer (na época a mais importante Comic Shop de São Paulo) e o proprietário me pediu para mostrar o Zé Gatão para um cara que se dizia quadrinista. O cara, se bem me lembro, era estudante da Escola Panamericana de Arte, parece que criticava tudo e todos, nem os bam-bam-bans gringos escapavam de seus comentários ácidos. Bem, disse eu ao dono da loja, mostre a ele, mas não diga que sou o autor. Certo, respondeu ele. O cara folheou o álbum e foi só elogios rasgados, boa narrativa, boa composição, boa anatomia, etc. Não lembro que comentário ele fez, mas quando pedi um aparte, ele me olhou como se eu fosse um inseto, escutou o que eu dizia, depois se voltou ao dono da loja como se eu não estivesse ali e comprou o livro pedindo para deixar por lá para que o autor assinasse quando aparecesse. Me ignorando, ele foi embora a seguir. Assinei o livro. Acho que o cara nunca soube disso.
Nossa, é muita emoção (risos) Que dica você deixaria para quem tá começando a fazer quadrinhos com o sonho de viver da arte?
Deixando o romantismo de lado, eu diria para ele fazer outra coisa da vida. Isto é claro se o objetivo dele for ganhar dinheiro com comics, para isto há evidentemente formas menos sofridas. Pergunta básica: Você conhece alguém no Brasil que ganhe dinheiro publicando HQs que não seja o pai da Mônica ou o pai do Pererê? Não sei dizer se os cartunistas mais famosos brasileiros vivem de publicar quadrinhos ou se são alimentados pela fama que ganharam sendo mitificados por um período da história recente do Brasil, mas aí já é outra conversa. Não é segredo pra ninguém que as atuais estrelas do quadrinho autorais brasileiros tem publicado primeiro lá fora, onde existe um mercado que ainda resiste. 
Infelizmente aqui, a maioria dos que produzem quadrinhos tem que labutar com outras coisas rentáveis para que possam bancar seus projetos, ou contar com ajuda governamental para ter um trabalho publicado, mas daí a viver disso, ainda acho meio utópico. Vide os rapazes da P.A.D.A. , fazem um trabalho fabuloso com esforço hercúleo, mas cada qual tem outras formas de ganhar a vida. 
Eu faço quadrinhos como catarse, faço porque sou compelido a fazê-lo, faço para minha própria satisfação, se for publicado, ótimo, senão, paciência. É muito frustrante. Seria quase como criar um filho sem emprego e alguém que apóie. Eu vivo de ilustrar livros e aulas de desenho para editoras pequenas. 
Agora, se mesmo depois deste banho de água gelada que eu dei, alguém ainda acha que vale a pena, eu aconselho estudar bastante desenho, anatomia, perspectiva, luz e sombra, entender de narrativa, finalização e perseguir um estilo que seja a sua assinatura. Se criar seu próprio personagem e história, tente algo que seja original, se for leitura de algo já existente, que seja uma leitura bastante particular. Seja asseado com seu material, ao levar para o editor procure ficar cara-a-cara com ele. Seja paciente e perseverante. Por fim se tiver condições de publicar seu próprio projeto e levar para fora, não perca tempo. Eu desejo sorte 
Seu espaço para se expressar livremente, fique a vontade:
Em primeiro lugar, Histórias em Quadrinhos é arte, pura e genuína, compara-la ao cinema ou à literatura, seria desmerecê-la enquanto poderoso e eficiente meio de comunicação peculiar. Resiste à tecnologia, aos modismos. 
A necessidade de contar e de ver/ouvir histórias faz parte do ser humano, por isto não morrerão jamais. Existem formas de se comunicar e contar casos que só são possíveis com este tipo de linguagem. 
Ao fazer um filme, muitos são os envolvidos, roteiristas, atores, diretores, assistentes disso e daquilo e tudo o mais. Um autor de quadrinhos planeja, escreve, esboça, desenha, arte finaliza, coloriza, coloca textos nos balões e pode ainda ele mesmo imprimir, montar seu trabalho e distribuir um mundo criado por ele, cheio de seres característicos, dramas, romances, humor e toda uma gama de situações. Será que preciso dizer mais? 

CONTOS FLUMINENSES ( 01 )


Vamos ver se nesta semana eu produzo mais (e melhor) que na passada. É estranho isto, quando estou com muitos trabalhos com data para entrega eu fico ansiando por um break, para poder tocar meus trampos particulares, e olha que tem várias coisas pendentes: Poe, Zé Gatão, uns quadrinhos faltando poucas páginas para concluir e montes de ilustras com temas diversos como a série Famous Monster. E quando a oportunidade surge eu estanco. É foda!
A editora para qual trabalho atualmente está num período de mudanças, alterações de pessoas nos departamentos, essas coisas, daí tudo o que eles ficaram de me passar atrasou bastante. Tentei aproveitar e fazer meus negócios mas me enrolei aqui. Na verdade a culpa foi de um trabalho que peguei, ele tem certa urgência, é a capa para um livro coreano que vai ser editado no Brasil. Fico muito inseguro com o que vou fazer, passo muito tempo planejando, tentando agradar e isto tolda minha criatividade. Ainda assim fiz uma ilustração para o conto de uma amiga, uma pin up do Zé Gatão para um admirador e estou trabalhando numa comission para um cliente, não foi uma semana de todo perdida, mas eu poderia ter trabalhado bem mais.
Por outro lado eu Verônica terminamos de assistir a segunda temporada de Homeland e começamos a oitava e última temporada de Dexter.
Pude conferir Jack Reacher com o Tom Cruise (excelente) e Kick Ass 2 (divertido).
Acabei de ler Vingadores x X-men. Uma merda! Pô quase nunca leio super-heróis e quando o faço é essa decepção, dinheiro jogado no lixo.

As artes de hoje fazem parte dos "Contos Fluminenses" do Machado de Assis.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

MY CRAZY SKETCHBOOK ( 03 )


Semana complicadinha, pra variar, mas não porque eu esteja atulhado de trabalho, afinal a editora ainda está organizando os próximos livros que deverei ilustrar, mas é coisa de casa mesmo, contas pra pagar na rua, mercado com filas quilométricas, o calor que voltou com tudo, chuvas fora de época que surpreendem na rua e esta fadiga muscular onipresente que sinto devido a medicação que tenho que tomar (pelo menos é o que acho, a bula do remédio atesta).
Isto, claro, refreia minha produção particular. Então recorro ao meu caderninho de rabiscos direto na caneta para não deixar este blog sem desenho. Esta cena foi a primeira versão de "ZÉ GATÃO - PESADELO E CATACLISMO" que me veio a mente.


A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE COMENTADO PELO ESCRITOR E POETA BARATA CICHETTO

 O livro que tive o prazer de trabalhar ao lado do ficcionista Rubens Francisco Lucchetti intitulado A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE, ...