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segunda-feira, 21 de março de 2022

TESEU E O MINOTAURO, PRIMEIRAS PALAVRAS.

Boa noite, como vão vocês?

Não há muito o que falar de mim - na verdade há, sim, mas nada que não tenham ouvido antes - sinto-me cada dia mais desimportante. É estranho isso, sempre senti pena dos velhos, falo dos velhos mesmo, daqueles que passaram dos 80. Poucos dão valor às suas experiências, sua sabedoria, suas palavras e histórias, mas isso seria assunto para "aprofundar", quem sabe, um outro dia.

Minha depressão, sempre à espreita, escondida atrás de um muro, um arbusto ou coisa do tipo, observa e espera e num momento qualquer, sem que pareça ter uma razão específica, me atinge como um bólido, me atropela, me esmaga, isso dia sim e outro também. No passado já fui aconselhado a procurar um profissional, tomar medicações, essas coisas, mas no momento nem tenho condições financeiras para tanto. Nem sei se vale a pena a essa altura do campeonato. 

O que posso dizer é que me sinto um tanto aliviado por ter concluído mais um álbum de quadrinhos depois dos percalços de sempre (falo dos atrasos, nos bloqueios criativos que vem e vão, a eterna sensação de que as artes poderiam ficar muito melhores, as infinitas interrupções comuns à quem trabalha em casa e tal), já me diverti fazendo HQs, mas normalmente, durante o processo de execução, é um tormento. Vamos falar um pouco sobre ela: trata-se da história de Teseu, o herói grego.  

Há muitos anos já, alimento o desejo de quadrinizar as aventuras desses míticos heróis que atravessaram gerações, na verdade desde que li OS DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES do Monteiro Lobato e (anos a frente) assisti FÚRIA DE TITÃS do mestre Ray Harryhausen, mas nunca encontrava oportunidade. Desempregado, eu fiz uma proposta para uma editora (em tempo oportuno dou detalhes de tudo) de "biografar" a vida dos heróis da Mitologia Grega. Eu faria os roteiros e os desenhos, a cor caberia a outro profissional. Foi aceito, felizmente. Mas como seria de se esperar, não tive liberdade para criar do meu jeito, fui amarrado ao número de 78 páginas apenas (eu queria pelo menos o dobro) e suprimir toda e qualquer coisa ligada à nudez e minimizar na violência, afinal, será uma edição voltado para um público juvenil. 

Vocês sabem, desde fevereiro de 2021 a minha vida mudou, perdeu o brilho e a cor, minha maneira de fazer quadrinhos também sofreu com isso. Eu produzi o meu melhor dentro das condições que me são permitidas, entretanto meu traço parece mais limpo e menos ousado, mas o que sou ainda está impresso ali, eu acho. Ainda não sei quando será publicada, entreguei as artes semana passada e ainda tenho que fazer a capa (me veio uma ideia legal mas foi rejeitada pela editora que sugeriu algo menos dinâmico. Eles pagam, eles mandam), vai entrar em processo de colorização ainda, então deve demorar um pouco.

Esta semana começo "Os 12 Trabalhos de Hércules", tem muita coisa que serei obrigado a espremer em 78 páginas mas realizo um sonho infantil, é como ir na Disneylândia.

Serão quatro álbuns no total. Um está concluído. Além de  Hércules, teremos Dédalo. Queria fazer Édipo mas foi desprezado, no lugar, produzirei o nascimento dos deuses. É trabalho para todo este ano.

Simultâneo aos mitos, trabalho nos Rastreadores e no projeto secreto, mas por esses já fui pago há tempos e o dinheiro foi gasto numa velocidade estonteante. La vie de um desenhador pobre.

Beijos a todos vocês e até uma próxima.  

Sketch de página para Teseu e o Minotauro.

 

segunda-feira, 7 de março de 2022

MAIS UM PAPO DE BOTECO NUMA RÁDIO.

 Amadas e amados, boa noite!

Na quarta feira passada fui entrevistado na Rádio Alternativa FM Agrestina, no quadro Cine Clube, apresentado pelo simpaticíssimo Edson Santos. 

Nunca fico à vontade com essas coisas, acho que devido àquele velho problema patológico com minha auto aceitação, não gosto da minha cara, não gosto da minha voz e por aí segue. Mas foi bacana, foi como sentar numa mesa de bar e falar sem o compromisso de parecer descolado e tudo o mais. O foco era o ZÉ GATÃO, personagem de HQs que criei há mais de 30 anos, com cinco álbuns publicados e ainda desconhecido da grande maioria de leitores de quadrinhos no Brasil. Não sei dizer quantos acompanharam pelo rádio, mas no YouTube sei que haviam poucas pessoas conectadas. Os membros da PADA e o artista Nestablo Ramos estavam lá e pra mim isto valeu muito.

Foi complicado no começo, minha internet estava lenta, caindo. Tive que sair do notebook e me conectar pelo celular (o que detesto), mas depois de um tempo o motor engrenou.

Claro que falei pela enésima vez que o Felino foi criado num momento de depressão, que acho os animais ótimos atores para representar os dramas humanos, daí eu ter gerado um universo antropomórfico e blá, blá, blá - quem já me ouviu antes tá com o ouvido cansado - não obstante, apesar do longo tempo de conversa, muita coisa ficou de fora, por exemplo: a criação dos álbuns posteriores ao Cidade do Medo, mas aí a culpa cabe a mim, faço muitas digressões (para uma melhor compreensão das minhas ideias) em meus colóquios (quase sempre me perco), o tempo passa e o que seria importante de fato acaba ficando no limbo. 

Mas falamos brevemente sobre ZÉ GATÃO - SIROCO, a derradeira aventura, em campanha no financiamento coletivo (e bem longe de atingir a meta, infelizmente).  

Assistir essa live só mesmo para os que gostam muito do que eu faço. Preferia que fosse só voz e nenhuma imagem minha, mas se caminho na chuva, tenho que me molhar.  

Quem tiver saco de ferro para assistir, minha imensa gratidão.

DEUS ABENÇOE A TODOS!

        

terça-feira, 1 de março de 2022

DESÂNIMO E PRODUÇÃO.

 Estou com saudades do frio. Falo daquele frio gostoso, que te obriga a colocar um casaco leve e um edredom na hora de dormir. O calor aqui é angustiante, creio mesmo que ele limita bastante a disposição para as tarefas diárias. Eu e meu irmão, que foi embora, conversávamos sobre essas coisas, lembro que falamos certa vez sobre uma visita que o físico Albert Einstein fizera ao Brasil e ele observou que o povo brasileiro era um tanto acomodado - ele não teria usado esse termo, eu que quero poupá-lo - e isso talvez se devesse ao calor. Seria essa a razão pela qual eu tenha andado tão sem inspiração para executar meu trabalho? Mais uma vez estou atrasado para entrega do último lote de páginas da HQ "Teseu e o Minotauro". Pode ser isso e a carga máxima de stress que tenho tido que suportar nos últimos tempos. De qualquer forma a editora nada tem a ver com meus percalços particulares. Isso que dá eu trabalhar em três projetos ao mesmo tempo, dois deles estão um tanto parados, mas sempre volto a uma página nova. Tem vezes que a coisa flui que é uma maravilha, os quadros vão tomando forma na página quase que magicamente, mas isso é raro, na maioria das vezes tenho que fazer mil rascunhos e até descartar páginas inteiras de rafes por achar que a dinâmica da narrativa não está legal. Duas coisas são certas: 1- nos meus projetos pessoais isto é menos frequente, 2 - a idade conta, podem estar certos. Antes eu atravessava altas madrugadas em cima da prancheta, bastava rolar uma bela música clássica (ou Beatles) no cd player (nem isso tenho mais) e um mundo e as mais diversas situações se formavam diante dos meus olhos. Lembro bem daquelas noites na pensão da W3 sul em Brasília, meu irmão Gil (que saudades!) dormindo próximo e eu dando vazão às aventuras do Zé Gatão contra os insetos numa perseguição pelo deserto. Depois na quitinete que alugamos na comercial da SQN 202. Foi o início do fim dos meus tempos de desenhista solteiro. A partir do momento que você divide sua vida com alguém não é mais dono do seu tempo. Farto de tudo, o que faço hoje é trazer à fórceps o que poderíamos chamar de motivação.

No dia 19 de fevereiro estive presente ao evento A SAGA DOS QUADRINHOS BRASILEIROS promovido pelos membros da PADA. Eu deveria palestrar as 14:30 hs. Saí cedo de casa para prestigiar todo o lance mas cheguei um tanto atrasado, quase 10:30 hs e mesmo assim não havia ninguém, só os organizadores. Um dos palestrantes o das 11hs desistiu um dia antes. Pra mim foi um dia ótimo, comemos no shopping, apesar do maldito passaporte sanitário, e batemos um bom papo sobre musica, filmes, séries, quadrinhos e a vida em geral. E finalmente chegou o momento d´eu falar sobre a relação autor e personagem nos quadrinhos, mas só estavam presentes os coordenadores, que eram umas 5 pessoas, então palestrei para eles, ora.  Filmaram o meu colóquio, está nos arquivos deles. O Milson Marins, um dos fundadores da PADA, atribui a ausência de público ao fato de ter tido um clássico do futebol pernambucano naquela tarde. Outros acham que foi por causa da pandemia e do passaporte sanitário. Eu tenho uma teoria para o "fracasso" do evento: polarização. Quando conheci o pessoal da PADA, lá pelos idos de 2010, por aí, eles eram compostos de cristãos (católicos e evangélicos) e ateus, conservadores de direita e gente à esquerda, e isso não era problema, todos estavam unidos pelo amor à arte. Hoje não é mais assim, se você apoia o Bolsonaro, você é um inimigo que precisa ser eliminado. Os que lá estavam apoiam o atual governo, os do outro lado não querem mais se misturar. Simples assim. 

Amanhã serei entrevistado na RÁDIO ALTERNATIVA FM AGRESTINA às 20 horas. Acho que vai ser legal falar sobre as coisas que já fiz no mundo mágico dos gibis. Devem me passar o link depois, daí volto aqui para caso alguém se interesse em ouvir as bobagens que falarei.  

E minha campanha no Catarse continua parada, acho que não teremos mais que 28 apoiadores, se tivermos 30 será motivos de festejos; sim, claro, os que admiram meu trabalho dizem que ninguém tem grana (mas os omnibus que custam mais de 300 reais esgotam nas editoras). Não preciso repetir aqui que as visualizações diárias deste blog vão de mal a pior, agora giram em torno de 20 a 40, teve um dia que foram só 12. Minhas postagens no Facebook também diminuíram os comentários e os tais likes. Dizem que em breve essa rede social será extinta como o Orkut  e muitos estão migrando para outras novas. Eu só mantive o blog e o Facebook por comodismo. Foi legal, devo admitir, nos bons tempos reencontrei velhos camaradas, revi pessoas do passado, até interagi em assuntos bacanas com pessoas legais, como no dia em que eu e o editor do Memento Mori e Daqui Para a Eternidade trocamos mensagens sobre a antiga série Daniel Boone, com o Fess Parker e outros se juntaram a nós num gostoso bate papo que durou bastante tempo. Não tenho saco para recomeçar em outras redes, acho que é a minha deixa para desaparecer de vez. O velho dando lugar ao novo. Me sinto como esses bichos que se extinguiram porque o mundo não podia mais comportá-los. Pra mim tá de boa. 

Caso alguém seja novo por aqui e queira conhecer a campanha do meu último quadrinho autoral, o link é este: 

https://www.catarse.me/ze_gatao?fbclid=IwAR0KDTuzdwnnS3Np34cevQ9biTPs_jBug3YIAZjdHSLkidzmmDt_GkOK-PY

  

A SAUDADE É MAIS PRESENTE QUE NUNCA

   No momento que escrevo essas palavras são por volta das 21h do dia 21 de abril. Hoje fazem três anos que o Gil partiu, adensando as sombr...