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sábado, 25 de janeiro de 2020

UMA MINI BIOGRAFIA.


A arte de hoje foi feita numa tacada só, caneta bic no sulfite, pra dar uma desopilada. O personagem é o JAGUAR GOD, herói que o mestre Frank Frazetta criou para a Verotik, uma editora fundada pelo roqueiro Glen Danzig, que publicou hqs de bárbaros nos anos 90, não sei se ainda está em atividade.


Passaram já 25 dias de 2020 e nenhuma novidade no ar, ao contrário, sigo dançando a mesma melodia de sempre, de uma banda em descompasso e desafinação, mas ela segue tocando, e eu, sem alternativa, acompanho seu ritmo malsoante.

Fui convidado a dar uma entrevista numa rádio, para isto, o entrevistador me solicitou uma pequena biografia. Como muitos podem estar só chegando agora e não leram as inúmeras postagens em que falei do meu passado, segue um resumo:

"Nasci em São Paulo em 1962. 
Entre 62 e 75 morei em Guarulhos, Pirituba e centrão velho da capital. 

Em 1975 meu pai foi transferido para Brasília, onde moramos 16 anos.

Em 1986 entrei para a faculdade de Artes de Brasília. E foi um ano inesquecível pois também arrumei o meu primeiro emprego como desenhista profissional no SENAC AR/DF (onde fiquei por quatro anos).

Em 1987 realizei minha primeira (e única) exposição de desenhos no Espaço Cultural do Banco Central com bom reconhecimento da crítica e público.

Em 1989, ao criar estampas para uma loja especializada em camisas esportivas, surge o embrião do que viria a ser o personagem Zé Gatão.

Em 1991 voltei para São Paulo com toda a família, morando no centrão velho, local que era conhecido como Boca do Lixo, mais tarde batizado de "cracolândia".
A primeira Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro (mas eu visitei a versão que exibiram no SESC Pompeia em Sampa) me induziram a tentar me auto expressar com as narrativas gráficas.
Neste recomeço, decidi criar as minhas histórias em quadrinhos, algo entre o sci fi estilo Moebius e o terror da Ec Comics, mas sem grandes resultados.

Em 1992, Zé Gatão e seu universo antropomorfo foram oficialmente criados.

Estes anos em São Paulo foram amargos, atuei como ilustrador para algumas pequenas editoras, realizando artes para revistas de games, posters de atores de cinema e rockstars, desenhos para revistas de art pop e coisas do tipo. 
Para ajudar meu pai nas despesas da casa, pintei muitas telas a óleo com temas indígenas e até releituras de clássicos da arte - Manet e Picasso, por exemplo - para ele revender em feiras de arte (quase sempre com baixas vendas). 
Como eram tempos difíceis em termos de dinheiro e vivendo uma existência solitária, a depressão meio que marcou a personalidade do felino Zé Gatão em histórias violentas, com forte apelo erótico, mas sem possibilidade para publicação, uma vez que não haviam editoras que abrigassem aquelas sagas. 
Em 1994 dei início ao álbum que ficaria conhecido como ZÉ GATÃO - A CIDADE DO MEDO. 
Em meio a tudo isso, fiz estampas para camisetas para confecções dos chineses do Braz. Bicos em oficinas de serigrafia, pintei murais de mulheres peladas nos cinemas pornô do centro e criei artes para algumas agências de publicidade, inclusive uma  embalagem para a fábrica de brinquedos Estrela. 

Em 1997, com empréstimo que eu e meu pai fizemos num banco, publicamos do nossos próprios bolsos o primeiro livro do Zé Gatão: "A CIDADE DO MEDO". Eu mesmo fiz a distribuição (sempre de ônibus e metrô) nas comic shops da cidade. Foi um tour de force mas com o tempo o personagem ganhou resenhas em jornais e revistas (não havia internet, muito menos sites e canais de HQs) e passou a ser comentado pelos que "entendiam" de quadrinhos nas gibitecas e locais de encontros de fãs de gibis. E foi aí que notei também o preconceito com determinado tema e a exclusão dos que não pensavam coletivamente como eles.

Em 1998, retornei a Brasília e atuei como desenhista em uma empresa de comunicação que fazia quadrinhos instrucionais para o governo do DF. Foi neste contexto que novas histórias do Zé Gatão foram elaboradas.

Trabalhando entre São Paulo e Brasília, criei diversas histórias em quadrinhos porno eróticas que pagavam um preço bem razoável por página, para pequenas editoras paulistas. Foi um momento profícuo, que durou até 2003, já morando de novo definitivamente em Brasília.

E foi exatamente no ano de 2003 que teve dois momentos marcantes: foi publicado pela Editora Via Lettera o segundo livro do Zé Gatão chamado CRÔNICA DO TEMPO PERDIDO e minha mudança para o nordeste do país, Jaboatão dos Guararapes - PE, onde vivo até hoje.

Durante esses 17 anos publiquei três álbuns de anatomia voltada para artistas, pela Ópera Graphica e ilustrei 45 livros da literatura clássica brasileira para a Editora Construir, de Recife.
Elaborei manuais de desenho para iniciantes em seis volumes para a Editora Escala, de São Paulo e outros tantos para diversas pequenas editoras.
Criei mais três livros de anatomia para a Editora Criativo (que republicou os 3 primeiros pela Ópera Graphica).

Em 2011 é lançado pela Devir, ZÉ GATÃO - MEMENTO MORI. 
Neste mesmo ano a P.A.D.A. (um grupo de artistas pernambucanos) edita também uma coletânea de histórias curtas, engavetadas, em tiragem limitada, o álbum "Especial PADA, Zé Gatão".

Em 2015, também pela Devir, chega ao público ZÉ GATÃO - DAQUI PARA A ETERNIDADE. 

Em 2018 finalmente é publicado A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE, com roteiro de R. F. Lucchetti e desenhos meus. Passei 6 anos trabalhando neste projeto.

Em 2019 chega o álbum em quadrinhos "O BICHO QUE CHEGOU A FEIRA", baseado na obra de Muniz Sodré, com roteiro de Marcelo Oliveira Lima e arte minha e de Allan Alex, Alex Genaro, Hugo Canuto e Naara Nascimento (cada artista ilustrando um capítulo da obra em seu traço peculiar). 

Atualmente produzo um novo álbum de Zé Gatão e tenho várias HQs inéditas aguardando sua vez.

Todos esses anos trabalhando num ambiente de caos."

Bem, caso alguém se interesse em ouvir a entrevista, é só acessar o link abaixo. Tem música legal lá. O entrevistador é uma pessoa muito culta e verdadeira enciclopédia musical e saca tudo de filmes de cinema.

https://soundcloud.com/radioshowtimeoficial/o-marco-de-hoje-14012020?fbclid=IwAR0R2pszMupePMJiY5-MQve06RtQAGwRUGrZxW7MiBd-xcgaP_IwepvN29M



sábado, 18 de janeiro de 2020

DEATH DEALER


Como não ser fã de um mestre como Frank Frazetta? Suas habilidades artísticas o alçaram ao panteão dos grandes mestres. Não foi só sua apuradíssima técnica, também a sua criatividade em criar elementos próprios no, já, diversificado mundo da fantasia. Nova linguagem, novos personagens. Talvez o mais popular deles seja o Death Dealer, um guerreiro sem face, brutal, como o próprio nome sugere. Um guerreiro que figurou em umas 5 ou 6 pinturas que ele fez e que rendeu enredos para livros e HQs, além de inúmeras versões nos traços de outros artistas. Claro que eu não podia ficar de fora.


Nos momentos em que tudo fica mais escuro, o Senhor vem me lembrar que Ele me deu a arte como uma janela para entrar a luz. Obrigado, Jesus!

sábado, 11 de janeiro de 2020

NEIL PEART, ADEUS!




Neil Peart para mim foi o maior baterista de todos os tempos! Maior até do que as lendas que o inspiraram.

Embora eu insista em dizer que tenho um gosto musical bem eclético, que vai do sertanejo raiz, passando por algo da MPB, pelo pop, blues, o Jazz da década de 30 e pela música clássica, minha predileção é pelo rock, ou mais acertadamente, por algumas bandas de Rock.... e o Rush é uma delas.

Não conheci a fundo o Neil, não sei se era boa pessoa (a maioria dos rockstars me soam como bandidos, pessoas sem caráter, pelo que ouço, leio e pelos poucos que tive o desprazer de conhecer de perto), mas o Neil, não, ele me inspirava tranquilidade e educação, sempre reservado e grande estudioso de seu instrumento.

Fiquei embasbacado com suas habilidades ao ouvir a lendária Tom Sawyer, do álbum Moving Pictures (porra! o disco todo é um petardo!).

Tenho o PDF de um de seus livros (sim ele era escritor dos bons, também!), mas só li o primeiro capítulo, tenho essa dificuldade em ler textos demasiadamente longos no computador (questão de hábito, será?) e meu notebook é compartilhado, mas pretendo retomar.

A partida definitiva de alguém tão dedicada ao seu ofício como fazia Neil Peart, é algo a se lamentar, é constatar que o bom deste mundo vai se acabando aos poucos, deixando lugar para um universo mais frio. São as gerações que se sucedem.

Tchau, Neil! Você certamente não passou em vão por este mundo.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

SEM TER O QUE DIZER


Este meu notebook está uma merda. Lento como uma lesma com reumatismo. As páginas demoram muito para carregar, trava e se escrevo um texto só vou ver o que digitei uns segundos depois. Pudera, está cheio de pastas e arquivos. É o problema de ter sua ferramenta de trabalho compartilhada. O HD está quase cheio. Mas sempre dividi tudo o que tinha (menos mulher, é claro), não consigo ser diferente e nem por isto me acho um cara legal, me acho um idiota. O problema não é ser burro, todos nascemos burros, complicado é sentir um burro aos 57 anos. E por burro, entendam, não é não conseguir entender coisas simples, é admitir certas situações que te empurram para baixo. Sempre foi assim, mas sabem, de que adianta falar se não há como mudar, se eu não posso mudar o que sou?

O ano novo cá está e não há novidade nenhuma. O calor não me deixa mentir.

A vida de um homem é seu trabalho, é o que o define, não são suas conquistas amorosas ou suas aventuras na natureza, é o que ele faz para sobreviver, a contribuição que dá ao mundo ao seu redor. Tá, é filosofia de botequim, mas..... tenho pensado na arte. Quero imaginar que desenho melhor hoje do que quando eu tinha 30 ou 40 anos. Talvez, não, o que eu fazia naquela época era bem diferente do que eu faço hoje; é bem verdade que no passado eu ousava mais, experimentava mais, tinha mais tempo e sonhava mais, também. Boa parte do que planejei não consegui realizar, na verdade, quase tudo. Os quadrinhos que publiquei foram partos difíceis e nem vingaram, dando um direção concreta para minha existência, hoje, nem tenho vontade de folheá-los, na verdade alguns títulos nem tenho mais um exemplar comigo, é o caso de ZÉ GATÃO - CRÔNICA DO TEMPO PERDIDO e alguns de anatomia. Nem me importo, encaro estas realizações como filhos que educamos para a vida,  depois eles formam outras famílias e se distanciam.
Meus traços hoje parecem mais espontâneos, não demoro tanto na elaboração de uma composição, mas....sinto-me sem gás, algo suga minhas energias. Minhas noites são mal dormidas. É como se eu me deitasse sobre barris de pólvora. Pelo menos atribuo a isso (que tem intimidades comigo sabe do que falo).
Queria estar no escuro de um quarto frio, envolto em cobertas cheirosas e dormir por longo tempo (ah, mais uma das minhas quimeras!).

Tenho recebido algumas propostas de trabalho, ainda falta acertar detalhes importantes, um deles envolve elaboração de contrato e nota fiscal, uma burocracia cansativa e que toma um tempo precioso. No meu atual momento, cada minuto conta e perder com coisas assim é desanimador mas não se pode fugir deles, como não podemos evitar os impostos, as contas para pagar e a morte.
Também tenho feito um esforço para voltar a viajar nos meus desenhos pessoais,  aqueles que vem da alma e justifica esta porra toda. Afinal, se não me divertir um pouco com minhas criações significa que estou acabado.

Ok, por hoje conversei fiado demais.

Fiquem bem e até a próxima!

A SAUDADE É MAIS PRESENTE QUE NUNCA

   No momento que escrevo essas palavras são por volta das 21h do dia 21 de abril. Hoje fazem três anos que o Gil partiu, adensando as sombr...