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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

BOAS FESTAS


O Natal é amanhã. Não dá para adia-lo. Se pudesse, o transferiria para semana que vem. Até lá, talvez já estivesse melhor. Digo minha cabeça já estivesse melhor. Eu e minha família tivemos finais de ano cheios de problemas a muitos anos em Brasília, a diferença é que naquela época eu era mais jovem, e estar ao lado dos meus irmãos era como ter muita força. Hoje não, ser calejado, com mais experiência que os anos trazem, não tornam menos doloridos os murros na ponta dos pregos.
Vocês devem se perguntar, afinal o que se passa com este babaca pra ele reclamar tanto? Todos passamos por problemas e seguimos em frente. Respondo, eu sei disto, e estou seguindo em frente. Depois, não sei dos outros, sei de mim. O que ocorre é que não é apenas um problema, são vários pequenos problemas que somados, me deixam com os nervos à flor da pele. Tem pessoas que grita, explode, põe pra fora. Eu não, o máximo que faço é me lamentar aqui pra muitos de vocês que nem ao menos me conhecem. E nem sei porque o faço. A arte me proporciona momentos de relaxamento, ma cadê aquele o tempo necessário pra tanto? São muitas cobranças. Queria que minha esposa pudesse ter um Natal menos tenso. Ela é um grande apoio que tenho. Mas a Graça de Deus não desaponta. Creio nisto. Estou fiado Nela. 
Sei também que numa época como esta estamos mais sensíveis ao que se passa ao nosso derredor. Necessitamos disto. Temos que inventar festas para nos alegrar. O Natal é a maior delas. Queremos nos dar a chance, ou a falsa impressão de que perdoamos as ofensas cometidas durante o ano e consequentemente sermos perdoados. O Aniversariante infelizmente é o menos lembrado.
Então, como não posso adiar o Natal, vou relaxar, beber um vinho e comer a ave na ceia de amanhã. Ainda bem que é uma ave pois sapos eu já engoli demais este ano. Devo me abastecer para engolir mais no próximo. Afinal, é inevitável. O mundo sempre despejará sobre você pessoas dispostas a lhe barrar o caminho. Peçamos a Deus, não que elas saiam da frente, mas forças para contorna-las. 
A postagem sobre o asilo de velhos que comentei ontem fica pra outra ocasião, ou não.
Aproveito também pra avisar que vou tirar umas fériazinhas deste blog. Me despeço hoje e retorno no dia três de janeiro, se Deus quiser.
A vocês que sempre me prestigiam com suas visitas e comentários, minha profunda gratidão e desejo a todos uma feliz ceia de Natal ao lado dos seus amados, e que as coisas que vocês não conseguiram realizar neste ano que finda, possam se concretizar neste que se aproxima. Cheguemos todos em 2011, com a forças renovadas para novos combates.
Deixo com vocês mais imagens da literatura infantil.
Deus abençõe a todos.


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

SEM TÍTULO

 
Hoje era pra ser mais uma daquelas postagens amargas, digo isto porque não consigo evitar, uma vez que os últimos acontecimentos tem sido deprimentes na minha vida, outra porque as coisas que observo, me deixam mais azedo ainda. Eu deveria, mas não consigo me acostumar. 
No caminho para o mercado quase sempre passo em frente ao que chamam de "Casa de Repouso Geriátrico", um nome mais elegante para o asilo de velhos. Bom, a postagem era pra ser sobre isto. Era pra ser, mas não será. Fica para amanhã. Se Deus me permitir encontrar"o amanhã", é claro.
Hoje, tenho mais um destes acontecimentos que me tiram da rotina e só eu posso resolver.
O desenho é um destes que faço com a caneta esferográfica preta no sulfite. Pra eles eu não uso borracha.
Se tudo der certo amanhã nos encontramos de novo, então darei a vocês meus votos de boas festas. Apareçam.


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

REINO PERDIDO

Ok, vamos assumir que sou artista.
Nunca fiquei confortável com este epíteto. Isto porque conheço os trabalhos de artístas de fato, como José Roosevelt, Celso Mathias, Juarez Machado, Vanderly de Barros, e eu não chego nem aos pés destes caras, mas tem alguns malucos que gostam do que faço e acham que sou artista, então vamos lá, que eu seja um artista.
O curioso é que não escolhi ser artista, mas a arte me escolheu. Boa desculpa pra viver sempre sem dinheiro? Não. Na real, nunca teve algo que eu gostasse ao ponto de me dedicar mais que uma hora do meu tempo. Mas desde que peguei um lápis na mão, e com ele eu senti que podia no branco do papel retratar (de uma forma muito particular) uma visão de mundo, descobri a minha (acho que podemos chamar assim) vocação.
Como eu cheguei até aqui? Difícil dizer. Olhando para trás eu não vislumbro a estrada percorrida. Foram tantos cruzamentos e curvas, que não acho mais o fio da meada. Me perdi dentro do labirinto. A faculdade não me ensinou nada prático. Eu estudei com o mestre Edgar Cognat (breve farei uma postagem sobre ele), mas eu já desenhava (ou pensava que desenhava) ao chegar no estúdio dele.
Uma coisa porém eu tenho certeza, eu não queria ser um quadrinista, pelo menos nunca foi a minha ambição. A coisa aconteceu quase por acaso, ou antes da necessidade de me expressar de uma forma mais direta com um possível público. Não estou seguro de que tenha atingido este objetivo. Ainda preciso descobrir.
O que deslindei nestas ciências, foi por intuição.
Houve uma época em que imitei o Frank Frazetta, pintei um monte de telas com tópicos do gênero "sword and sorcery", sem me dar conta que nunca houve por aqui mercado para este tipo de coisa.
A arte que ilustra este post foi feita nos anos 90 em São Paulo. Foi um dos meus experimentos. Não tinha grana para telas então eu usava chapas de papelão, geralmente aquelas que serviam de suporte para camisas sociais ou então outras maiores que sustentavam os blocos de papel. As tintas eu misturava por percepção.
Um rei viking olhando para sua coroa em meio a um ambiente em ruínas. Alías, esta imagem foi o detalhe que pude escanear. Após tanto tempo é que vejo suas inúmeras imperfeições, não falo de cor ou anatomia, mas a maneira formal como retratei o assunto e a pobreza nos detalhes. Ora, se não gosto do trabalho para que expo-lo então? Como eu disse, há quem aprecie as coisas que faço, por estas pessoas é que este quadro permanece no meu potfólio.
Olhando hoje, dá pra notar o quanto tem de mim na situação vivida por este ex-monarca. O espaço caótico e todo desalento e inadaptabilidade que senti quase toda a minha vida. Deus me deu a arte para exorcizar estas incomodidades, porém atabalhoado que sou, não sei usa-la da forma que gostaria ou deveria.
Hoje, não pinto mais estes temas, o tempo não me permite mais aquelas descobertas. Tento ainda me encontrar dentro dos trabalhos encomendados, mas ali a ousadia raramente é pemitida. O curioso é que estes são pagos. Ironicamente, é como se aquilo que me permite sobreviver e sustentar a familia também servisse de instrumento que me poda as asas impedindo-me de alçar vôos mais altos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

NORMA JEAN BAKER



Hello folks, tudo bem com vocês?
Lembram que numa postagem chamada "Ao som do sino" da semana passada eu metaforizava uma luta contra algumas situações adversas e ia à lona a cada golpe? Bem, eu dissera que os rounds durariam até sexta-feira, não foi? Pois bem, na referida data, pela infinita misericórdia de Deus ele entregou o adversário nas minhas mãos. Venci o embate. Ao Senhor Jesus seja a honra, a glória e o louvor hoje e para todo o sempre, amém.
Como este final de ano tem sido de muitas tribulações, não tenho tido tempo de refletir sobre qual arte postar aqui, tenho que pegar aquilo que pareça mais interessante no momento, sem muito critério. Ao passar a vista em algumas ilustrações topei com esta figura. Não gosto muito deste desenho mas pensei, porque não? Afinal, talvez algum de vocês apreciem. As vezes acontece.
Não lembro bem para qual revista eu fiz o trabalho (sério, tenho tido problemas para me recordar de coisas recentes). Sei que o tema foi enviado pelos editores, aliás eles me mandaram uma foto em preto e branco e pediram para fazer a arte colorida, a técnica ficou à minha escolha. Pensei num pastel seco mas desisti. Eles tinham pressa.
É certo que foi naqueles períodos em que tinha que fazer dois ou mais trabalhos paralelos, e isto é péssimo, pois você não se dedica direito nem a um nem a outro, mas as vezes a necessidade obriga. Bem, tive que me valer de um lápis de cor para acelerar o processo. Primeiro fiz um esboço a lápis para aprovação.
Não sei, antes eu trabalhava bem sobre pressão, hoje não mais. Tenho meu próprio método, meu tempo. Raramente fico satisfeito com o resultado da tarefa. 
Um dos meus sonhos é poder ler uma história em quadrinhos da minha autoria após ser publicada sem sentir constrangimento.
Por hoje é isto.
Que Deus nos dê a todos uma ótima semana.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CARTÃO POSTAL

Uma época da minha vida eu quis muito pintar índios brasileiros. Mas retrata-los de forma realista. Pensei mesmo em elaborar um projeto e leva-lo para a FUNAI. O prospecto consistia em pintar os silvícolas e tudo aquilo que fizesse parte do seu mundo. Eu iria até seu habitat, faria estudos, esboços, fotos, ou mesmo pintaria do natural se fosse este o caso. A questão era reproduzir a vida índigena toda a óleo, aquarela, carvão e o que mais me desse na telha. Um total de umas 100 telas para um museu dedicado ao índio onde depois outros artistas viriam pintar em seus estilos enriquecendo o acervo. Óbviamente eu iria querer receber bem pela tarefa. Seria algo semelhante ao que o grande James Bama fez com os índios americanos. É claro que eu não pinto como o Bama, ele é um fenômeno. Mas me paguem bem e eu aceito o desafio de fazer algo que chame bastante atenção. O fato é que desisti da idéia ao conversar com algumas pessoas ligadas ao governo. Ninguém iria me pagar para pintar índios. Não se faz isto aqui. Dei crédito quando certa vez fui obter informações sobre a BR-174, para fazer um quadrinho educativo para uma empresa que trabalhei em Brasília. No escritorio onde ficava a sede do departamento que daria continuidade ao trabalho de expanção da rodovia, fui recebido de maneira fria e até com desdém.
Bem, eu diria que valeu a intenção.
Fiz algumas pinturas de índígenas na década de 90. Mas naquele período, sem a internet, para você obter uma referência decente era tarefa quase impossível. Pelo menos para meus parcos recursos. Só encontrava fotos em preto e branco sem nenhum atrativo. Nem as bibliotecas tinham material que valesse a pena gastar numa xerox.
Resultado, muita coisa eu tive que criar, só para entrar no clima.
Pra pintar esta india eu usei como referência um cartão postal. É uma tela grande, aqui fotografada com câmera digital que infelizmente não captou as cores direito.
Por hoje é isto meus caríssimos.
Tenham todos um ótimo final de semana.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

INFANTIL ( 01 )


Dentro em pouco saio para a cidade. É bom espairecer de vez em quando. Gosto muito da minha prancheta, mas mesmo os casais mais apaixonados devem dar uma pausa para respirar. Saudade também faz bem. Apesar de que não estou indo com o intuito de me divertir, vou resolver algumas coisas, mas só o fato de me afastar, ainda que por poucas horas que seja, do bairro onde moro, da rotina, do trabalho, já é um alivio. Aproveito também pra visitar uns conhecidos de um estúdio de animação. Conversar um pouco com pessoas que não vejo faz tempo vai arejar um pouco minha mente.
As artes de hoje fazem parte de um livro infantil que estou ilustrando.
Desenho para crianças nunca foi a minha praia. Tenho um traço e cores violentos demais, próprio para adultos, e olha que ainda tem marmanjo que se escandaliza com o teor das minhas HQs. Meu texto então nem se fala.
Mas me esforcei para criar algo que agrade aos pequenos sem subestima-los e ainda manter minha identidade.
Me esqueci de pedir permissão  ao editor para antecipa-las aqui no blog, mas creio que não haverá problemas.
Um bom dia para todos.



quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

OBRAS QUE RECOMENDO ( BOB E HARV )

Taí um gibi muito legal. 
O encontro de duas pessoas geniais nem sempre rendem obras significativas. Lembro de ter assistido a não muito tempo atrás, um filme em que reuniam Robert De Niro e Al Pacino  e achei a película presunçosa e previsível. Outro ainda trazia Marlon Brando, De Niro (de novo) e Edward Norton, e também este é esquecível. 
Nas HQs já aconteceu também de reunirem caras como Allan Moore e Todd MacFarlane e o produto da reunião ser uma piada. Acontece.
Mas não foi o caso da união do genial Robert Crumb com o esquisitasso Harvey Pekar. Não vou me delongar falando sobre a carreira de Pekar (falecido recentemente) e sua criação, AMERICAN SPLENDOR (uma HQ editada por muitos anos pelo próprio autor de forma independente, e muito elogiada pela crítica), afinal, existem com certeza pessoas mais gabaritadas pra isto. Até porque a unica coisa que li é o livro que comento e creio que isto baste por hora. Gostaria de ler a história que o Corben desenhou, mas não tenho paciência pra ficar procurando e baixando coisas da internet.
Do que trata a obra? Da vida, do cotidiano, de coisas simples que a principio não tem nenhuma relação conosco, mas que já vimos ou vivemos (embora neguemos) na rua, no trabalho, no lar. A coisa mexeu comigo também pelo fato de querer contar fatos corriqueiros em HQ, mas por motivos vários, nunca consegui. Quer dizer, já fiz isto com algumas histórias curtas de Zé Gatão, mas insiro ali sempre algum elemento de aventura escapista. Em American Splendor isto não acontece. Como diz o próprio Crumb na introdução da revista, ninguém naquelas páginas perde o controle e começa a explodir  as coisas. Não há um vilão, um herói, apenas pessoas e situações comuns. O atrativo além do desenho de Crumb, é a forma magistral, irônica e verdadeira com que Pekar narra tais fatos. Coisas do seu dia-a-dia.
As histórias são como aquelas conversas entre duas pessoas desconhecidas que você capta numa fila, num elevador, num balcão de bar. Tais assuntos muitas vezes você pega começado e muitas vezes nem saberá o final.
Uma observação precisa ser feita, Pekar editou seu gibi ao longo dos anos com artistas bem variados. Esta edição da Conrad junta todo o período em que Bob Crumb desenhou a revista.
A arte de Robert está como sempre afiada, este cara aliás, é aquela figura que faz questão de ser chata, que não gosta de nada, está sempre deprimido e tal. Não posso criticar, tenho muito disto também. Mas penso que ele é muito daquilo que desenha. A alma do cara está naqueles traços. Não é algo incomum nos artistas. Mas pouco são tão autênticos.
É um gibi leve. Sempre que leio, me divirto. Não gosto do sub-título que a editora adotou aqui ( Dois Anti-Heróis Americanos). Acho que fizeram isto pra aproveitar o barulho de um filme que fez sucesso baseado na obra de Harvey Pekar, intitulado Anti-Herói Americano, com o Paul Giamatti no papel do roteirista. Cara, não vi este filme até hoje. Mereço um tapa por isto.
Então amigos e amigas, se vocês estão de saco cheio das mesmices dos quadrinhos de heróis, mangás juvenis, biografias de autores depressivos (eu me considero um), experimente Bob e Harv. Um antídoto contra a prepotência de muitos quadrinistas.



terça-feira, 14 de dezembro de 2010

AO SOM DO SINO

O fôlego falta. A cabeça gira. Mal consigo perceber onde estou. Os deltóides queimam no esforço de manter os braços em guarda. As luvas pesam como chumbo.
O adversário ataca com um cruzado de direita. Percebo a tempo de me desviar. Mas não o suficiente para evitar um gancho de esquerda rápido como um látego. Vou à lona. 
Como quem se esforça para escapar de um sonho mal, ouço a voz do juiz fazendo a contagem, tento me erguer, vencer o peso do corpo que insiste em ficar colado ao chão. Num tempo que parece durar uma eternidade estou de novo em pé no ringue da vida, encarando o Destino, meu adversário que me encara com escárnio. Num segundo, sofro diversos jabs, as pernas vacilam, o sangue jorra do nariz, supercílios, por todos os meus poros. 
Foram tantas lutas perdidas, esta seria apenas mais uma. Tantos opositores. Descaso, Recalque. Fracasso. Solidão. 
Alguns eu derrotei.
Os rounds desta peleja durará até sexta-feira. Até lá, devo resistir. 
Um uppercut e sinto meu cérebro tentando escapar da minha caixa craniana. A menos que o impossível aconteça e eu consiga derruba-lo, a luta para mim já está perdida por pontos. Porque prossigo então? Me nego ser nocalteado.   
Destino luta sujo, golpeia com o cotovelo. O árbitro, não vê. Meus golpes atingem o vazio, ele se esquiva bem. Agora ele me esmurra os rins. O juiz deve ter sido comprado. 
Não posso mais. A vista antes turva agora escurece por um segundo. 
Ouço o sino. 
Bem a tempo.
No meu corner, ouço a voz daqueles que torcem por mim. Meus irmãos à direita, amigos à esquerda. Minha esposa e minha filha à frente. Eles dizem pra eu levantar a guarda. Pra eu resistir. Não os ouço direito. Escuto apenas zumbidos estáticos. 
Lembranças. 
Como as das imagens abaixo. Personagens criados para uma historia do gato que criei e nunca foi publicada. Mais uma luta que perdi.
Ao som do sino eu procuro forças nas pernas para me levantar. Onde elas estão?  Sem saber exatamente como, estou de novo no centro do ringue. 
Destino. Nunca acreditei nele. Devo vencer para provar que ele não me controla, mas sim eu a ele.
Com o único olho semi aberto que ainda tenho, noto ele avançar como um touro enfurecido. A multidão delira. A luta prossegue.



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

LAVADEIRAS


Bom dia pessoal, espero que tenham tido um bom fim de semana.
O meu foi tenso. Sabem, dá vontade de chutar tudo para o alto. Mandar as responsabilidades às favas.
É um bocado de pressão, e uma coisa ruim nunca vem desacompanhada.
Mas não vamos nos desesperar, está tudo sob controle, aliás, está tudo sob o controle de Deus, pois se fosse por mim estaria tudo perdido. 
As vezes bate esta depressão, esta impressão de que todo esforço é inútil para alcançar o que quer que seja. Tudo, no fundo, não passa de vaidade, como afirma o Eclesiastes.
Conversei com um amigo muito querido de Brasília no domingo. Foi como um copo de água fresca pra quem caminha a muito tempo no deserto. 
Mas não esquentem com meu desabafo, deve ser tudo frescura minha, crise de meia idade, o calor onipresente, a falta de dinheiro, sei lá. Mas tudo vai se ajeitar se Deus quiser.
Esta AGUADA foi criada para o novo Manual de Desenho com o intuito de explicar como aplicar água e nanquim sobre o papel. Foi difícil pois esta é uma técnica que não domino muito bem. Contudo, esta arte - assim penso - tem seu charme. Acho que consegui com a textura, demonstrar o peso que esta tarefa tem sobre os lombos destas trabalhadoras.
Labutar muito por pouco é algo que compartilho.
Aproveito aqui para agradecer aos que sempre me mandam mensagens de incentivo. Vocês nem imaginam o bem que isto faz.
Volto agora ao trabalho. 
Fiquem bem.


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CURUPIRA

Pessoal, hoje parece que mais uma vez é só problemas para resolver. Cheiro de fiação queimada em casa, luz oscilante, parede próxima ao disjuntor muito quente e finalmente blecalte geral. Se isto não é principio de incêndio, então não sei o que pode ser.
Minha missão agora é correr atrás de um eletricista que tope fazer o serviço pra receber após o Natal. Nenhum bobo faria isto. Eu, talvez.
Bem, passei na casa de um amigo pra usar o telefone e como sou abusado aproveito pra fazer esta postagem.
Este é um Curupira que fiz a muito tempo, na mesma época que aquele Lobisomem, usando a mesma técnica, ou seja, óleo sobre papelão. Esta imagem não foi tirada da arte original, claro, mas de uma foto.
Bom fim de semana pra vocês, o meu nem sei como será.

  

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

OS QUADRINHOS E O ROCK

Bom dia a todos.
Meu editor e amigo a mais de 20 anos (que também me serve de agente ocasionalmente) me ligou certa tarde do ano passado, para me falar de sua amizade com o vocalista de uma famosa banda de hard-rock brasileira e o projeto para uma história em quadrinhos. Um parêntese aqui. Pra evitar dor de cabeça, vou omitir nomes, tanto da banda como do editor.
Meus textos muitas vezes soam amargos, ácidos ou irônicos, e em sua maioria, não é intencional. Então, para não ser mal interpretado....
A banda é muito famosa, cantam em inglês e faz mais sucesso no exterior que no Brasil. Gostava de algumas músicas quando o cantor era outro.
Mas vamos aos fatos. Eles queriam encartar um álbum em quadrinhos junto ao próximo CD. Disseram ainda que iam publicar a história na HEAVY METAL AMERICANA.
Hum, Heavy Metal? Nada mal, pensei eu com a boca salivando. Claro que estou velho pra este tipo de coisa, mas vá que os integrantes sejam conhecidos do Kevin Eastman? As chances eram boas.
Me enviaram um roteiro e eu deveria fazer algumas páginas teste.
Fiz.
Acharam o meu traço demodê, muito anos 80, segundo opinião dos caras da banda. Foram atrás de alguém com um traço estilo mangá.
Na boa, não fiquei chateado não. Estou ciente que só fiz aquele teste devido a amizade do vocalista com meu editor e deste comigo. Eles tem todo o direto de não gostar do meu trabalho. Eu mesmo, embora reconheça o talento e a importância do John Byrne, nunca curti as coisas que ele fazia. A vida é assim.
A primeira página destas três que vocês visualizam hoje, foi finalizada pros caras sacarem o estilo que ficaria toda a HQ. Como não gostaram, resolvi criar alguma coisa a partir dali só pra curtir, e saíram mais duas cenas com técnicas distintas. Estavam esquecidas lá, no meio da minha bagunça.
Resolvi dar uma chance a elas.
Será que fiz bem?



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

NATUREZA MORTA ( 04 )

Salve, amigos e amigas.
Espero que esteja tudo em paz com vocês.
Passei aqui apenas para não desapontar aos que entram no meu blog a espera de novidades.
Deixo com vocês mais uma natureza morta. Feita em aquarela para um dos tantos manuais de desenho que criei.
Agora volto ao trabalho pra não passar o Natal apenas olhando as vitrines e os credores batendo à minha porta.
Fiquem bem.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

PAPEL TATUADO.

Queridos amigos e amigas, boa tarde.
Ontem, minha luminária, fiel companheira de tantos anos (juntamente com a prancheta), teve um ataque súbito, me deixando no escuro, ou melhor, parcialmente mal iluminado. Não foram as lâmpadas, foi a dita cuja mesmo.
O pior é que estou sem grana nenhuma pra mandar arrumar, ou substituí-la por uma versão mais moderna. A solução pra não parar o trabalho foi tirar a lâmpada da sala que é bem forte e colocar no meu estúdio até que possa resolver a situação. Até lá ficarei com as vistas ardendo no final do expediente. Ossos do ofício.
A gorda que vocês contemplam hoje, por pouco não foi capa de uma revista em quadrinhos. Não exatamente esta, mas um clone dela.
Explico.
Este é um dos antigões, feito em fins dos 80 em Brasília. Lápis sobre sulfite. O fixador utilizado, fiz eu mesmo em casa (hoje não lembro mais como se faz, perdi a receita, acreditam?) e devo ter exagerado em algum elemento que amarelou a ilustração, dando um "Q" de foto antiga.
No início dos 90, esta e algumas outras artes me acompanhavam nas visitas que eu fazia às editoras do período, em São Paulo. O Franco de Rosa e o Drago dividiam um estúdio que ficava na Praça da Árvore. Ali as ruas tem nomes de flores (legal isto). Fui lá mostrar algumas páginas de HQ. O Franco já conhecia o meu trabalho, mas para o Drago era novidade. Ele se encantou por este desenho. Encomendou-me uma réplica dele, com o mesmo tom amarelado. A única diferença é que eu deveria faze-la toda tatuada. Seria a capa de um gibi que eles estavam desenvolvendo.
Fiz o trabalho. Infelizmente, aqui no Brasil muitos projetos morrem antes de nascer. E a revista cujo nome seria "Papel Tatuado", nunca viu a luz do dia e a minha capa ficou no limbo, apesar de ter recebido por ela.
Dia destes o Franco me falou que viu o desenho da gorda tatuada. Só não mencionou se estava com ele ou com o Drago. Bem, não faz diferença agora. A menos que um dia eles retomem o projeto. Dizem que as coisas estão melhorando para os quadrinhos nacionais. Será mesmo?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

BEATLES X RAMONES


Pronto. Completei 48 anos, finalmente.
Eu digo finalmente, porque esta idéia não abandonou o centro dos meus pensamentos nos últimos meses. E embora o tempo tenha passado tão ligeiro que mal me dei conta, a data do aniversário pareceu demorar mais que o habitual pra chegar. Estranho? Nem tanto. A ansiedade tem o poder de fazer as coisas diminuirem o rítmo. Estou mais velho e não estou mais sábio, só um pouco mais louco.
Já não me incomoda os anos cobrarem sua fatura, sei que o auge da minha vida passou pelo menos a 15 anos e quanto a isto não há nada que eu possa fazer.
E já que o assunto é a passagem do tempo e como isto nos afeta, falemos um pouco sobre rock in roll e o desenho que acompanha esta postagem.
Ramones? Eu curtia uma música que tocava na rádio, chamada Poison Heart. Acho que era tema do filme Cemitério Maldito do Stephen King. Banda muito boa, visceral. Mas nunca pegou na minha veia. Assisti ao vídeo que conta a biografia dos caras e achei tudo muito triste.
Em contrapartida Beatles foi uma mania na minha vida por muitos anos. Mas este é um assunto que não se esgota. Vira e mexe, estão sempre descobrindo novidades. E a banda nunca deixa de ser o centro das atenções. Como grupo, Os quatro sempre foram geniais dentro de seus respectivos espaços. Mas sempre foi evidente que o John Lennon chamaria mais atenção por causa da sua história de vida. Sempre foi o meu beatle preferido, suas músicas me chamavam mais atenção. E foi a única coisa que restou quando, com o passar dos anos, fui conhecendo-o melhor. Seu temperamento explosivo, suas idéias esquerdistas equivocadas e por aí vai, mas o que mais maculou a relação ídolo/fã, foi seu comportamento anti-cristão. E antes que alguém aí pense que sou um fundamentalista ( pra usar uma palavra da moda ), deixe-me esclarecer que todos temos livre arbítrio, fazemos nossas escolhas (e evidentemente pagamos o preço por elas), mas usar a fama e o prestígio para desmerecer algo que lhe é caro, não dá para aceitar. Como exemplo para o que digo, conheço alguns vegetarianos. Nunca questionei a opção de vida deles, mas já fui acusado, de ser assassino de animais. Lennon podia não gostar de Jesus, mas que tivesse deixado em paz aqueles que gostam. Agora quanto a música... ah, ele tinha o dom. Não dá pra negar.
Um grande amigo meu, que gosta tanto dos Beatles quanto dos Ramones, pediu-me pra fazer um desenho com as duas bandas integradas. Ele sabe que sou chato, demorei pra fazer, mas um dia a arte saiu. Agora está lá na parede da casa dele. Não dá pra escanear com aquela moldura. Ele fotografou e enviou para mim. Como vocês podem notar ele não é egoísta.
Por hoje é só.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

AQUARELA RÁPIDA

Não planejei, mas noto que venho alternando trabalhos antigos com artes novas.
Natural, demora mais para esgotar as reservas, e me dou ao luxo de viajar na nostalgia.
Devido a pressa para cumprir os prazos, nem tenho tempo pra pensar no que será postado, daí, a primeira coisa que me veio à mente foi colocar a arte que fiz hoje pela manhã para o Manual de Desenho. Uma aquarela rápida. Mais recente que isto, impossível. Como estou na correria pra entregar os trabalhos e receber antes do natal, tenho que acelerar todo o processo.
O pior é que hoje pela manhã me sentei com a Verônica para fazer as contas e tomei um susto. Pagando o que devo aos amigos e algumas prestações atrasadas, mal vai dar pra passar o Natal. Mas tudo bem, sem dívidas já dá pra começar o ano, e tem trabalho na fila me esperando. As vezes eu queria ser ser como aquele personagem do Watchmen, me multiplicar pra dar conta de vários afazeres.
Mas de que adianta lamentar? Cest la vie.
Agora deixa eu voltar ao ofício. Um bom final de semana a todos.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

UM LOBO DAS ANTIGAS

Nestes últimos tempos o corre-corre tem sido intenso e parece não haver rendimento no esforço. Com a chegada das festividades de fim de ano então a coisa piora. Mas estou em dia com o Manual de Desenhos e as ilustrações dos infantis.
Bem, como gosto de alternar artes antigas com trabalhos recentes, temos hoje mais um de tempos remotos.
Este, se não me engano é de 1994. Trabalhei um período numa agencia de publicidade cujo dono não entendia de merda nenhuma (incrível como dou sorte com tipos assim!), não foi a toa que faliu meses depois de abrir. A tal agencia se localizava na Av. Nossa Sra. do Sabará. Eu pegava o ônibus no Largo São Francisco e levava mais de 50 minutos até o local. Imagino que hoje, com o atual trânsito paulista, eu fosse chegar já na hora de de encerrar o expediente (o que não seria mal, pois aquilo era muito chato!).
Certo dia, sem ter o que fazer, peguei um lápis de cor e deixei a mão trabalhar ausente da cabeça e saiu este lobinho.
Algumas pessoas me perguntam: "Qualé a deste lobo, Eduardo ?" A última foi o Nestablo. Acham algo de enigmático na figura.
Parece andrógino? Na boa, não vejo nada demais. É só um lobo. Apenas uma ilustração para desopilar o fígado em meio ao caos cotidiano. GRRRRR......

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ZÉ GATÃO. ( O VÍDEO )

Ricardo Bermudez é um grande amigo que tenho.
Já tirou a corda do meu pescoço no exato minuto em que o carrasco ia puxar a alavanca do patíbulo umas tantas vezes.
É desenhista, músico (dos bons), designer, publicitário e, pelo que conheço dele, qualquer coisa relacionada as artes. Se bobear ele se sai bem até como carpinteiro ou físico nuclear. Não se intimida diante de um desafio.
Ricardo começou a despontar no cenário artístico de Brasilia, ainda no início dos anos 80, como tecladista em um conjunto de rock chamada "OS CULPADOS". Foi naqueles anos áureos que muitas bandas foram catapultadas ao estrelato. Não vou dissertar sobre isto pois não é o tema da postagem, tampouco vou dar a biografia do meu amigo Bermudez, por não ter a permissão dele para faze-lo. Só fica aqui registrado meu apreço e homenagem a este grande ser humano que nunca me negou a mão. A última façanha dele para comigo, foi a criação do vídeo do Zé Gatão que está no You Tube.
Era uma idéia antiga que eu tinha, mas não havia ninguém capacitado para faze-lo como eu imaginava. O maior problema era a música, o som que acompanharia as cenas. Na minha cabeça eu pensava em algo como aqueles primeiros acordes de Tom Sawyer do RUSH, mas queria algo original. Tive que recorrer ao Ricardo que criou a trilha para as cenas que eu havia desenhado alguns anos antes. Não só isto, ele fez toda a edição. Música e imagens fizeram um perfeito casamento. Estou certo de que com os recursos necessários ele daria um ótimo diretor de cinema. Vocês podem pensar que é exagero meu, mas não é. Basta conhece-lo para testificar.
Para quem não conhece o vídeo, é só conferir agora, quem já assistiu, coloque em tela cheia e assista de novo, de preferência no volume máximo.


Ricardo, obrigado por tudo cara. Beijos pra você e família.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

CASA DE BARRO.

Vivemos dias muito estranhos.
Na verdade, vivemos dias estranhos desde que o primeiro homem foi expulso do Paraíso. Não é nenhuma novidade as loucuras que testemunhamos ou protagonizamos  ao longo de nossa existência. Recebo e-mails de todos os tipos, as idéias mais estapafúrdias (inclusive de fãs), visualizamos um sem número de absurdos diariamente pelos meios de comunicação e sinto tremores.
Sei que estas minhas divagações não levam a nada, mas não consigo não refletir sobre a efemeridade de todas as coisas quando em poucos dias estarei completando 48 anos.
Ao executar estes manuais de desenho, eu penso que aprendo muito mais do que ensino. Sim, porque os editores pedem ilustrações que normalmente eu não faria. Então me vejo obrigado a desenhar paisagens, naturezas mortas, crianças, velhos, animais, flores e etc, em técnicas que não adoto normalmente. Tento fazer o melhor que posso com os recursos e o tempo de que disponho. As vezes acerto, as vezes não.
Esta casa foi feita em aquarela. Olho para esta imagem e penso que seria legal sair de circulação um tempo, habitar num lugar deste tipo por uns dias. Mas todo bucolismo se desvanece ao pensar que tanta gente foi vítima do barbeiro, um inseto muito comum em casas desta natureza.
Este é o tema central das histórias do Zé Gatão: Não existe lugar seguro. Nem mesmo no ventre materno.  

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O ESPÍRITO QUE ANDA ( DE NOVO )

As inevitáveis armadilhas da vida. Como evita-las?
Existem aquelas que nos pegam de surpresa, mas na maioria das vezes seguimos em sua direção achando que somos espertos o suficiente para nos safar. Tiro de letra, pensamos. É tudo uma questão de vaidade (no meu caso pelo menos).
As maiores ciladas em que me meti, tinha uma bela mulher no meio. Aos poucos fui dominando a linguagem. Mas era pego na arapuca da mesma forma, e a pancada não foi menos dolorosa por conhecer o processo.
Mas "femmes fatales" é tema para uma outra postagem, hoje quero falar um pouco a respeito de um tipo de cilada da qual dificilmente se evade. É quando se tem uma necessidade premente que lhe empurra em sua direção de forma inescapável.
Em 2002, eu morava numa kitinete na comercial da 202 norte com Verônica e seu irmão caçula. Era aquele período de entressafra. Quando as editoras prometem algo para breve e ficam postergando. Suas contas vão ficando atrasadas, os juros querendo lhe morder o rabo. Os que vivem do ofício de desenhar sabem do que falo.
Eu me meti numa fria por causa de 100 reais. E nem era pra mim este "montão" de dinheiro. 100 reais era o que minha sogra em Recife precisava para saldar um débito. Eu não tinha nada. Foi quando um amigo me indicou um trabalho. Digamos que este amigo se chamava ÉBANO. Ele tinha por sua vez um conhecido que se chamava, digamos, FUNCHAL.
Na real, aquilo não me cheirou bem desde o princípio. Não gosto de pegar trabalhos que não tenho total domínio sobre como executa-lo.
Funchal era um empreendedor, um inventor que já tinha patenteado uma série de criações. Musico, poeta e putanheiro. Talvez seja dor de cotovelo da minha parte por nunca ter sido popular com as garotas, mas aquele estilinho de galã que seduz as fêmeas a la James Bond, sempre me provoca ojeriza. Pude conhecer bem o Funchal durante aquela semana terrível em que passei com ele.
Este cara botou na cabeça que queria fazer um boneco articulável de um desprezivel e decadente artista de TV, recém egresso de um Reality Show. Pagaria pela criação 100 reais, aliás ele também não os tinha. Quem pagaria a quantia era a irmã dele. Eu deveria ter recusado o trampo, mas pensei que seria moleza. Era algo diferente no que trabalhar. Era só criar uns model sheets com a cara do tal ator. Nada disso. Criar o rosto do dito cujo foi um sofrimento. Funchal nunca estava satisfeito. Não sabia exatamente o que queria. Só sabia que queria alguma coisa. Isto durou quase uma semana. Nós nos reuníamos na casa de Ébano, que havia se separado da esposa a algum tempo e já se encontrava sofrendo por outra. Ele ficava trancado em seu quarto se consumindo em auto-piedade, enquanto eu me consumia em tédio e raiva. Certa noite Funchal pegou o violão e desandou a cantar uma música em inglês. Boa música, ótima voz devo admitir, a pronúncia me pareceu impecável e o violão, bem, o cara arrasava. Acho que todas estas qualidades num indivíduo como aquele só aumentaram a minha aversão. Quando por fim eu reuni coragem pra dizer que aquilo não estava dando certo, que não chegaríamos a lugar algum, ele mudou de idéia e propôs que eu fizesse uma página de quadrinho tendo o tal ator como protagonista, para que o próprio avaliasse depois, e quem sabe assim, criar um gibi pra ser lançado no mercado. Fiz. Uma página horrível que Funchal adorou. Na hora de receber pela coisa, a irmã dele, uma magrela de cabelo pintado de forma berrante, quis me conhecer, me olhar na cara, como que para julgar se eu era uma farsa como pareceia ser.
Posso afirmar que foram os 100 reais mais suados que eu já recebera. E nem era pra mim, logo foi depositado. Bom, serviu pra alguém e pra eu aprender uma lição. Não aprendi. A necessidade me fez repetir a dose mais alguma vezes.
Não foi o caso deste FANTASMA com sua esposa Diana. Este eu gostei de fazer. O editor me pediu que nada comentasse sobre os bastidores deste trabalho. Então tá. Sem comentários.
Por hoje é só.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

MAIS ESBOÇOS


Daqui mais um tempo terei que sair para resolver umas coisinha na rua. Como não sei que horas volto, faço a postagem do dia agora pela manhã.
Pois é, o Rio de Janeiro continua lindo, ainda mais agora com tanques de guerra nas ruas.
A que ponto chegamos meu Deus!
Morei quatro anos no Rio. No período de 79 a 83. Nunca fui feliz lá. As boas recordações que tenho do lugar vem das mulheres que são belíssimas e muito gente boa. As paulistas são igualmente belas, mas muito fechadonas.
Lamento muito que os cariocas, povo do bem, tenha que passar por isto. Lamento sinceramente.
Deixo com vocês alguns esboços que fiz enquanto elaborava o Álbum de Anatomia Feminina.
Se cuidem, tenham todos um ótimo final de semana.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

PUNISHER



Este Justiceiro é o último do meu portfólio de Super-Heróis. Mas certamente não será o derradeiro personagem deste universo de seres fantásticos que retratarei. Pretendo voltar a eles, com outras técnicas, inclusive. Este foi pintado a óleo sobre tela. Como sempre, a figura acima foi fotografada do original, a de baixo é um detalhe que reproduzi no meu scaner.
Vendo toda esta onda de violência, bandidos covardes ganhando espaço, cada vez mais ousados, uma parcela da sociedade que os protege (PNDH-3), políticos que não tem nenhuma intenção de rever o código penal, toda esta covardia em cima dos policiais (os verdadeiros heróis dos nossos tempos),  a figura do Justiceiro me inspirou a escrever um texto longo sobre o assunto. Mas querem saber? Acho que não vale a pena. No fim serão apenas palavras que a maioria usará contra mim mais tarde. Estou cansado disto tudo. Farto de falsa bondade, de cegos que não querem ver. Os profetas (os verdadeiros) continuam pregando no deserto. Quem os ouvirá?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

EU E OS ANIMAIS.

Não é segredo o fascínio que os animais me despertam. E começou cedo.
Eu ficava maravilhado quando ia ao Zôo. Ainda fico.
No interior, tivemos um cão chamado Rintim. Parecia uma raposa (eu sei, raposa não é canídeo. Mas cá pra nós, parece um cachorro). Tivemos depois, já em Brasilia, uma cadela pinscher zero chamada Freedom. Como era um nome meio complicado para pronuncia-lo corretamente, mudamos para Fifi. Era um doce. Dava muita dor de cabeça também. Quando ela morreu, foi como se tivéssemos perdido alguém da familia. Eu particularmente sofri demais. Ficou decidido, não teríamos mais animais em casa.
Aqui em Recife, Verônica meteu na cabeça que queria ter um cão, à minha revelia é claro. Toddy, foi como eu batizei este Lhasa Apso de cor marrom. Ela não imaginava que seu trabalho nesta casa iria triplicar. Ainda mais com a obsessão que ela tem por limpeza. Eu é que tinha que sair com ele para passear, dar banho, escovar o pelo, e pra quem luta contra o tempo para cumprir prazos era inviável ficar com ele. Hoje ele está na casa da minha sogra.
Gosto muito dos bichos, mas não mais para viver sobre o mesmo teto. Há uns tantos gatos que brinco e faço carinhos no caminho para a padaria. Pra mim é o que basta.
Não sei, pode ser o calor, mas há uma indolência geral nesta cidade. Aqui até os gatos parecem mais preguiçosos. Dia destes quase tive um infarto, cruzei com um gabirú ( é como chamam aqui um rato muito grande). Ele passou entre meus pés. E do outro lado da rua uns cinco gatos deitados, gordos em total lassidão, lambendo seus pelos. Deviam ser demitidos.
Já tem dois dias que estou com a pele do lado das costelas toda ralada. Fui até ao portão atender a um chamado e ouvi um miado distante. Procurei de onde vinha o som, e na árvore que fica diante do meu prédio lá estava ele, um gatinho que subiu e (pra variar) não sabia como descer. Dei uma de bombeiro e fui ajuda-lo. A árvore tem dois troncos paralelos, apoiei meu dorso em um e as pernas no outro. Era a unica forma de subir, não haviam galhos menores onde apoiar os pés. O felino assustado subiu ainda um pouco mais. Segurei-o e então me vi como ele, não sabia como descer. Não com ele em minha mão direita. Abraçado em um dos troncos com o braço esquerdo fui me arrastando lenta, dolorosa e vagarosamente para baixo. Como estava sem camisa, ao chegar à calçada estava todo lanhado. Mas fiquei satisfeito, ajudei o bichano magrelinho.
Mas nem tudo é alegria na minha vida quando se trata de animais. Dia destes ia ao mercado com os pensamentos bem longe, quando avistei em frente a um velho portão um poddle toy preto, feio como o pecado. As pulgas deviam ser maiores que ele. Esse bicho vai me dar trabalho, pensei. Não deu tempo pra fazer outro caminho, o filho da puta correu em minha direção com os dentes arreganhado, querendo sangue. Com muito custo colei meu pé no chão pra não chutar suas malditas costelas e manda-lo pro Arizona. Alguém o chamou do portão. Era uma mulher. Ele só quer brincar, disse ela. Claro, só queria brincar. No passado outros cães que tentaram me morder (grandes), também. Eu devo ter cara de brinquedo de cachorro.
Pode ter algo a ver com o local, vai saber se não há ali uma convergência de "energias" que tornam os animais doidos! Cerca de dois anos atrás quase no mesmo lugar, eu ia às compras quando senti uma pancada violenta na cabeça. Achei que alguém tinha me atingido com um tijolo. Olhei para o alto ainda em tempo de ver aquelas asas enormes. Um gavião havia me atacado. Arrancou sangue da minha cabeça.Teria eu passado perto do seu ninho? Pouco provável.
Em Brasília, eu, meus irmãos, já fomos atacados por corujas. E não só por elas, os tais quero-queros são os mais frequêntes.
No inicio do post eu comentei que minha relação com as alimárias começou cedo, não foi? Minha mãe conta que eu ainda engatinhava e eu e outra criança fomos encontrados brincando com uma cobra coral. Contam que ela atacou apenas os adultos que vieram em nosso socorro. Pelo visto Deus tinha mesmo planos pra mim não é?
Este gatinho feito com lápis 6-B foi publicado numa revista de desenhos. É minha homenagem ao felino que tirei do alto da árvore.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

CERÂMICA

Mais uma arte que foi publicada num passo-a-passo de desenho.
Nela eu tentava explicar a execução de um trabalho com sépia.
A primeira vista parece fácil, mas assim como o carvão, esta técnica tem lá as suas dificuldades. O maior problema é a dar a sensação de volume nos objetos.
Requer tempo e dedicação em cima do desenho até que esteja satisfatório.
E tempo é o que nunca me dão para estas ilustrações encomendadas.

 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

NATUREZA MORTA ( 03 )

Boa tarde a todos. Tudo bem com vocês?
A má noticia é que estou com várias contas atrasadas.
A boa é que finalmente encomendas começaram a chegar, e no seu devido tempo estas dívidas serão sanadas (com os juros computados é claro). É sempre assim, fico um tempo sem trabalho e quando aparecem é todos se uma só vez. Alguns sou obrigado a recusar. E ninguém para me dar um adiantamento. Mas, menos mau, além do novo Manual de Desenho, tenho um livro infantil para ilustrar. Isto me lembra que meu tempo ficou mais curto. Sorte de vocês que hoje não precisarão ler as tolices (as longas, lógico) que escrevo.
Fiquem com mais uma natureza morta. Foi feita em aquarela e (esta sim) foi publicada numa revista.
Dando tudo certo, amanhã tem mais. Até lá.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

LOBO MAU

Lobos são criaturas fascinantes não é mesmo? Faz parte do imaginário popular. Eu os desenho e pinto sempre que posso.
No meu álbum PHOBOS E DEIMOS, há uma história de um lobisomem com conflitos existenciais graves.
Certamente farei outras versões de lobos no futuro, se puder.
Este aqui, eu pintei a muito tempo atrás, a óleo numa chapa de papelão. Tive que fotografa-lo pois mais uma vez não caberia no scaner. O original deve estar em alguma pasta na casa da minha mãe.
Naquela época eu queria pintar todos os mitos brasileiros, mas acabei ilustrando só o Lobisomem e o Curupira. Hoje não tenho mais vontade de continuar. Mas quem sabe uma hora eu não recobre o ânimo?
Ficamos por aqui.
Bom fim de semana a todos.
Se Deus quiser nos encontramos na segunda.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CAUDA DE CAVALO.



Definitivamente eu não vou com a minha cara. Na boa, não gosto da minha cara. Percebi isto de novo hoje ao fazer a barba. Nestas horas sou obrigado a olhar pro meu rosto no espelho, tento não olhar nos meus olhos, mas tem vezes que não dá pra evitar, então eu me encaro, procuro o que há de errado comigo lá, bem no fundo ,e nunca gosto do que encontro. 
Aqueles que gostam de mim diriam: 
"Ah, para com isso cara. Cresce pô! Saia dessa tua auto-piedade, já cansou esse teu papo, cê não é tão feio assim, nem tão burro!"
Minha resposta, após meu agradecimento pela força é a seguinte:
Acho que tenho o direito de não gostar de minha cara. Me permitam isto. Vivemos todos num imenso palco, atuando (tá, isso não é novo), acordamos de manhã já maquiados para o espetáculo da vida. Mas tem imbecil que não se dá conta disso. Se acha mais do que é na verdade. Ao chegar a uma certa idade (na melhor das possibilidades) ele descobre que na verdade nunca passou de um bosta, nunca percebeu que aquilo que ele via no espelho não passava de uma máscara.
O problema é que sou péssimo ator. Isto me obriga a por a máscara de lado e me encarar, me enfrentar.
Não sei, acho que foi meu pai que me ensinou o significado da dor sem causa. Não foi só com porrada não, isto passa, as palavras feriam mais. Nisso ele era mestre. Certa vez, na adolescência, ele me disse: "VOCÊ É IGUAL A RABO DE CAVALO, CRESCE PRA BAIXO." Esta frase me persegue. Tudo que faço após ouvir coisas deste tipo, é lutar pra provar que ele estava errado. Até hoje não consegui.
Aqui cabe uma pergunta muito pertinente: O que Cristo representa na sua vida então? Eu digo, se não fosse Ele eu teria perecido a muito tempo. Ele pode tudo. Pode curar o meu interior. Como tenho livre arbítrio, opto por permanecer assim. É a matéria prima para meu trabalho. Li uma entrevista com Mario Vargas Llosa, onde ele afirmava não fazer análise para não resolver seu problemas interiores, só assim poderia continuar escrevendo.
Sendo assim, tento fazer o melhor que posso com as ferramentas a minha disposição. Consigo? Não sei. Parafraseando a Bíblia, que os outros me julguem, nunca meus lábios.
Creio que as artes de hoje tem tudo a ver. Nem precisa ser psicólogo. A de cima foi feita num período em que havia muitas esperanças no meu trabalho. Eu e meu irmão morávamos numa pensão na W3 em Brasília. Ele era funcionário do Metrô e trabalhava a noite. Lembro que eu vedava as frestas da porta pra evitar que as baratas que infestavam o quintal da casa, invadissem o nosso quarto. Eu trabalhava criando HQs infantis para uns canalhas durante o dia e a noite nas aventuras do Zé Gatão.
A de baixo é uma das ilustrações que compõe o novo manual de desenho. Espero que o editor não se importe d´eu antecipa-la.
Na real, eu fico impressionado com a forma que me exponho aqui, mas se faço minhas catarses através de rabiscos, tava na hora de faze-las também por palavras.
Uma boa tarde a todos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

REFLEXÕES SOBRE A MORTE


Acho que estou plenamente recuperado das minhas últimas aflições, mesmo assim não vou facilitar. O calor está intenso, mas nada de bebida gelada, nada de caminhar sob o sol escaldante e depois sentar em frente ao ventilador. Os antibióticos me preocupam. Existe agora uma super bactéria que está matando as pessoas nas UTIs. De vez em quando aparece uma porra destas pra tirar o sossego da gente, como se não bastassem todos os problemas que enfrentamos diariamente. Culpam os antibióticos. Falam que esta super bactéria (será que ela usa capa? E cueca por cima do colante?) se tornou resistente às medicações porque abusamos dos antibióticos sem necessidade. Bah, falam tanta coisa....Uns dizem que o ovo é o grande vilão do colesterol, outros que você pode comer ovo a vontade. Então, como acreditar no que dizem os noticiários? Os profetas do momento (sim, todo dia surge um) querem nos fazer acreditar que somos responsáveis pelo aquecimento global. Haja paciência!
As imagens que ilustram o post de hoje são extraídas de "PHOBOS E DEIMOS", um álbum que criei a alguns anos e permanece inédito. Achei mais que coerente coloca-las aqui hoje, por estar pensando muito na MORTE nestes últimos tempos. O motivo? Não sei ao certo. Acho que foi por causa de um fato ocorrido a menos de um mês... Deixem-me falar a respeito deste rapaz. Ele trabalhava num hipermercado da rede Walmart que fica aqui perto de casa. Era caixa, mas rapidamente subiu de posto. Acho que se tornou encarregado de setor. Eu e Verônica não estamos fazendo compras de mês com frequência. Temos preferido as ofertas do dia. Desta maneira vou ao mercado quase diariamente. Durante todo o tempo em que que conheci aquele jovem, não troquei com ele mais que meia dúzia de palavras. "O senhor malha aonde?" Respondi que não malho nada faz uma pá de ano.
Ele era fisiculturista. Nada exagerado.Tinha a exata proporção entre deltóides, tríceps, bíceps e músculos do antebraço. Não se podia dizer o mesmo do tronco. Faltava volume peitoral, dorsal amplo e...bem, estes detalhes são pra vocês criarem empatia. Ágil, o cara era "pau pra toda a obra". Mesmo fora do seu setor, atendia o cliente com presteza. Um exemplo a ser seguido, enfim. Chegando ao ponto: Ao sair do local de trabalho as 10 da noite em sua moto, um motorista bêbado colidiu com ele num semáforo próximo daqui.
Teve traumatismo craniano e hemorragia interna vindo a falecer na manhã seguinte. Não tinha ainda 30 anos e deixava esposa e uma filha de colo. O fato me impressionou fortemente. Fiquei pensando, quantos planos aquele rapaz não fez para este Natal? Para suas próximas férias?
Fiquei refletindo sobre a minha própria morte. O Livro de Eclesiastes afirma que melhor é estar na casa do luto que na casa da alegria, pois uma vez lá, pensamos com cuidado em nossa efemeridade. Estamos todos em pé de igualdade, não importa que posição honrada se ocupe hoje, amanhã iremos todos para um mesmo lugar. Isto deveria fazer com que nos amássemos mais, nos respeitássemos mais, mas não é assim que acontece.
Eu deveria ter morrido a mais de 40 anos atrás. Mas Deus preservou minha vida, Ele queria que eu ficasse um pouco mais por aqui. Mas por quanto tempo ainda? Não me compete saber.
Tenho reparado uma coisa nos últimos enterros que fui, que não cavam um buraco e colocam o caixão dentro e deitam terra em cima como reza a tradição. Agora ao invés de terra colocam tijolo e cimento. Querem garantir que o morto fique lá. Senão, é capaz de ter um apocalipse zumbi e os defuntos quebrarem a tampa do ataúde e vencendo os sete palmos de terra sair vagando pela terra.
PHOBOS e DEIMOS tem uma história assim, fiz bem antes desta merda toda virar moda.
Mas sabemos que não é isto,  é que tem tanta gente no mundo e os cemitérios não tem mais lugar, então tem que enterrar as pessoas umas por cima das outras. A solução mesmo é colocar uma parede entre elas. Um condomínio de defuntos. Brrrr......
Bem, enquanto a morte não vem me buscar preciso continuar a trabalhar. Volto agora para a prancheta dar continuidade ao novo manual de desenhos.
Pensando ainda na tal super bactéria, me lembrei de um episódio do Ultra Seven. Uma garota ao cheirar uma flor, inalou um bicho destes que começou a mata-la. Então o Dan Moroboshi se transformou no Ultra Seven, ficou de um tamanho microscópico, adentrou o nariz da mocinha e destruiu o monstro mais rápido que um antibiótico.
Penso que as fantasias também nos ajudam a sobreviver neste mundo tenebroso.
Ah, sim, o nome do rapaz citado era Oséias. Este post é dedicado a ele.




terça-feira, 16 de novembro de 2010

EDGAR ALLAN POE ( 04 )

Boa tarde a todos. Tiveram um bom final de semana prolongado? O meu não foi lá muito legal, tive uma recaída no sábado a tarde. A inflamação na garganta tinha dado um alivio, mas no início da noite voltou furiosa, louca, hipertrofiando as amígdalas ao ponto d'eu não conseguir engolir nem saliva. Já tive estas crises no passado, e só a Benzetacil para espulsar este mal do meu corpo a pontapés. Porém não estava em condições de recorrer a ela. Mais uma vez liguei para meu irmão em SP, ele deu seu aval para eu tomar um antibiótico que havia em casa. Assim fiz. Passei uma noite longa nadando num mar de dor, mas pela manhã a praia do refrigério já estava a vista. Agora estou plenamente recuperado Graças a Deus.
Na verdade o teor da minha postagem era pra ser outro, mas como estou (de novo) sem internet em casa, resolvi narrar a vocês, meu singelo feriadão.
Portanto, sem muitas delongas, a arte de hoje é uma das últimas páginas que fiz para a biografia do Edgar Allan Poe. Preciso arrumar tempo para recomeça-la. Algumas editoras estão interessadas. Mas já está praticamente fechada com uma de grande porte. Pelo menos foi o que meu agente e amigo de São Paulo me falou. Será? Veremos.
Um abraço a todos e grato pelas visitas.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

HÉRCULES ( 04 )

Desde que meu som parou de "ler" CDs, me acostumei ouvir música no PC. E não foi só o som que deu "pau", o DVD player também "morreu". Agora é esperar entrar grana pra comprar outros. É incrível, mas as coisas antigamente eram feitas pra durar. Tinha geladeira que durava 30, 40 anos. TV? Algumas resistiam muitos invernos. Hoje, um aparelho de som não chega a durar 2 verões!
O mesmo posso dizer dos filmes e das músicas (ou de qualquer forma de entretenimento).
Estou com os fones de ouvido enquanto digito, escutando o primeiro disco da inglesa KATE BUSH que data de 1978. Foi seu disco de estréia, onde ela se eternizou com a imortal Wuthering Heights, canção que é uma das pérolas do período. A cantora foi descoberta pelo DAVID GILMOUR, o guitarrista do Pink Floyd. Kick Inside, o primeiro álbum, é perfeito em todos os sentidos. TODAS as canções são ótimas, provando assim que Kate Bush não é só uma grande performer e cantora com aqueles agudos incríveis (sim, muito antes de Tetê Espíndola), mas acima de tudo compositora de mão cheia. Ouvindo este fantástico trabalho, me pergunto porque nos últimos 25 anos (salvo raríssimas e honrosas exceções) não fizeram mais CDs bons como este.
É, não tem jeito mesmo, me perdoem mas minha rabugice parece incurável!

Bem, passando para meu plano, nosso Hércules hoje não pretende fraturar dorsos de leões, mas estrangular centauros, seus grandes inimigos.
Fazer esta arte foi mais fácil que as anteriores. Nem precisei de muitos esboços. O livro de mitologia fica aguardando uma vaga na minha agenda. Antes tenho que acabar aquele Edgar Allan Poe que está parado e terminar uns contos e umas HQs curtas que esboçei. Cara, é muita coisa! Vamos ver se quando eu acabar esta leva de ilustrações para os cursos de desenho passo-a-passo eu retomo estas atividades.
Bom fim de semana e feriado a todos. Se o SENHOR permitir nos encontramos por aqui na terça.


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

HÉRCULES ( 03 )


Esta é a semana Hércules.
É melhor esgotar logo o assunto do que ficar ficar postando esporadicamente, concordam?
Uma noite destas, estava no meu estúdio matutando:  Porque não pegar logo caneta e papel e começar os rascunhos para este livro de mitologia que tenho tanta vontade de fazer?  Bem, a resposta é simples. Não posso me deixar levar por um momento de frenesí e começar algo que não sei quando poderei terminar. Um Trabalho destes tem que ter total envolvimento físico e emocional. Para elabora-lo eu precisaria ter tempo integral, não poderia estar preocupado com o pagamento do aluguel no final do mês e coisas do tipo. Pra vocês terem uma idéia, iniciei umas pequenas coisas (contos, hqs curtas, desenhos, e etc) que até hoje não concluí por motivos vários que vão desde a falta de tempo e motivação até privação de material. Aí vou postergando, prometendo a mim mesmo que na primeira oportunidade eu retomo e tal, e estes materiais permanecem inacabados. Mas vou conclui-los ainda, se Deus quiser.
Por isto, a mitologia permanece somente como uma idéia que as vezes vem me fazer cócegas no cérebro.
As artes de hoje ainda são minhas frustradas tentativas de fazer o Hércules partindo a espinha do Leão de Neméia. Não consegui o efeito que queria. Claro, outros esboços que descartei mostravam a cena mais violenta, mas aí eu esbarrava em dois problemas: A figura do herói que deveria estar destacada ficaria parcialmente escondida e também chocaria demais o público alvo (não esqueçam que originariamente estas artes foram criadas para um curso de como desenhar super-heróis).
Não usei modelo do animal para estas artes. Quis que o leão ficasse espontâneo. Irreal. Estilizado. Algo que evocasse aqueles bichos das pinturas do Rubens.
É isso aí minhas caras e caros, se o trem continuar nos trilhos, amanhã teremos a última leva de Hércules, mas sem leões desta vez.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

HÉRCULES ( 02 )


Acordei, como tem sido nos dois últimos dias, com dificuldades para engolir até saliva. As primeiras luzes da manhã  também despertavam. Olhei pela janela ainda a ponto de ver a madrugada acenando triste, molhada e perplexa com a chuva torrencial. O mundo anda louco mesmo, nem as chuvas sabem mais qual o período certo para cair. Não demora muito, a noite não saberá mais qual o horário de substituir o dia.
Esvaziei a bexiga e  deitei de novo meu corpo alquebrado na cama, torcendo pra não perder o sono de vez.
Em vão.
O tempo nublado e escuro não durou muito. Foi expulso pelo sol furioso, que de forma implacável lambeu toda água das calhas e das calçadas. E continua lá fora rosnando como um mastim raivoso.
Louvado seja Deus, pelo sol e pela chuva.
Esta é a semana "Hércules". Pois bem, sabemos que o Leão de Neméia foi estrangulado pelo herói grego, mas eu queria uma outra abordagem, algo diferente do que já foi representado a exaustão pelos mais diversos artistas através dos tempos. A pele do felino era invulnerável, mas nada se falou sobre seus ossos, então meti na cachola que na minha versão, Hércules primeiro partiria a espinha do bicho, para só depois sufoca-lo.
Eu e minhas idéias, fracassei no intento. Mostrar o valentão dobrando o dorso da fera sem que ficasse chocante demais para o público alvo e ainda valorizar a figura do paladino, se mostrou uma tarefa (com o perdão do trocadilho) hercúlea. Foram diversos rabiscos e até agora não fiquei satisfeito. Hoje temos alguns esboços e uma finalização a bico de pena.
A versão colorida fica para amanhã, se Deus quiser.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

HÉRCULES ( 01 )


Queridos e queridas, boa tarde.
Temos duas boas notícias: Começou hoje a Rio Comic Com. Isto é muito legal. Sensacional mesmo, afinal somos um puta público consumidor, além é claro, de termos grandes escritores e desenhistas que atuam na área,
boas editoras com serviço competente (pode melhorar) e agora finalmente um mega-evento como os que existem na Europa e EUA (pelo menos é o que prometem). Agora só falta termos um mercado atuante. Sim, porque ninguém ainda me provou o contrário. Não vejo artistas bem remunerados para produzir seus álbuns e nem editores deixando de publicar apenas as figurinhas carimbadas (se bem que pelo que me fala meu amigo José Roosevelt, salvo honrosas excessões, nem na Europa isto acontece). Mas a Comic Con do Rio pra mim é sinal de que bons ventos sopram (ainda que pra empurrar as velas dos barcos que já singram nestes e outros mares). E trouxeram o Milo Manara, só isto já vale o evento (apesar que já gostei mais dele).
Ainda acho que se o festival fosse em São Paulo o sucesso seria maior.
A outra boa notícia, é que o grande artista Nestablo Ramos ganhou o Prêmio Bigorna de melhor publicação de aventuras com ZOO. Parabéns rapaz, mais que merecido!
Os desenhos de hoje são alguns estudos que fiz para um dos tópicos de um projeto que não foi pra frente, um livro de como desenhar super-heróis, segundo a minha ótica. Já comentei sobre isto aqui. No referido capítulo abordaríamos o arquétipo do herói. Hércules e Sansão são dois exemplos irrefutáveis.
O juiz bíblico já tive o privilégio de desenhar numa quadrinização do Livro Sagrado faz alguns anos. Agora, o semideus grego permanece como uma grande frustração na minha vida.
Um desejo que alimento desde a infância é pintar os feitos dos heróis greco-romanos. Aos treze anos eu li Os Doze Trabalhos de Hércules do Monteiro Lobato e a idéia não me saiu mais da cabeça. Eu nutria um sonho de escrever e ilustrar um livro sobre a mitologia (ou pelo menos os trechos que acho mais legais), não seria quadrinhos e sim artes pintadas para um texto coloquial. Nunca pude colocar no papel o que tinha na mente. São estes planos que fazemos e esperamos um momento ideal e ele nunca surge. Mas quem sabe?
Não serve de consolo, mas se puder, esta semana vou postar os rabiscos do Hércules que fiz para aquela frustrada publicação.
Até amanhã se Deus quiser.

A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE COMENTADO PELO ESCRITOR E POETA BARATA CICHETTO

 O livro que tive o prazer de trabalhar ao lado do ficcionista Rubens Francisco Lucchetti intitulado A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE, ...