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domingo, 11 de julho de 2021

O VAZIO DE CADA UM.

 Ok, vamos fazer isso, vamos escrever, manter este blog atualizado o mínimo que possa. Não me sinto obrigado, mas é uma questão de respeito a quem vem aqui esperando alguma novidade. Não há inovações, apenas diante de mim uma estrada deserta, daquelas que nunca verei, que existem nos filmes, com cactus, tweeds e placas meio caídas, com montanhas bem ao longe. Sigo por esta via a muito tempo, mesmo quando tem um bocado de gente à minha volta ela continua despovoada, a diferença é que antes o horizonte me era indecifrável, hoje tudo está claro, não consigo ver onde ela vai dar, mas sei como vai terminar. Não, não falo da morte, isso seria muito óbvio, falo que quando você planeja, ambiciona, tenta imaginar o que está depois daquela curva, você projeta coisas e acaba frustrado. Agora sei claramente o que vem a seguir. Não exatamente qual a surpresa, lógico, não sou vidente, tem sempre uma armadilha nova, o que mudou hoje é que isso na verdade não importa. Não depois de sofrer as perdas que sofri. Sim, eu sei, o tempo vai secar a ferida e restará uma feia cicatriz que sempre vai me recordar o que se foi (e nunca mais voltará). É seguir em frente, trabalhando, dando meu melhor tanto quanto seja possível até o dia derradeiro. Há uma pessoa bem próxima de mim que só pensa o pior dos outros e cujo o ideal é fazer alguém sofrer muito um dia, uma espécie de vingança por algo que ela nem sabe dizer exatamente a razão. Eu não sou assim, curto muito alguns escritores malditos, beberrões e boêmios que sentem raiva de tudo, do amor que nunca receberam - me identifico um pouco com eles, acho até graça da maneira despojada e irônica com que narram suas histórias ou falam sobre suas vidas - porém não culpo Deus por minhas desditas, nem ninguém, se existe um culpado sou eu mesmo que sempre agi de forma muito sentimental. Contudo meu intento é jamais fazer mal ou desejar o mal de forma deliberada a quem quer que seja. Minhas frustrações e amarguras eu despejo tudo nas histórias que desenho, ali eu deixo que as emoções fluam, que ganhem corpo, que façam a festa. Aliás, não fazem o mesmo os tais escritores dos quais gosto?

Tenho passado esses dias à base de Ibuprofeno, tudo por culpa de um dente há muito condenado. Ele até que durou bastante. Faz um bocado de tempo (tempo mesmo) quando fiz meu último check up, a dentista disse que este dente iria cair, sem cárie, nem nada, bonzinho, culpa do maldito tártaro. "mas eu escovo bem os dentes, doutora", eu disse, "sim, acredito, mas deveria ter feito profilaxia de tempos em tempos para evitar isso", ela respondeu, "mas não vamos mexer nele agora - ela completou - ele pode durar um mês ou alguns anos, veremos". E nunca mais quis pensar no assunto (detesto sentar na cadeira do dentista), até que nesses tempos amargos ele começou a  doer, não uma dor louca, mas aquela que te lembra que você tem um rosto, uma face que dá a impressão de estar inchada sem estar. O desconforto é grande. Não ando com muito dinheiro, estamos tentando economizar, este mês sai o último pagamento por um dos quadrinhos que realizo atualmente e depois dele não sei se terei algum trampo remunerado para pagar meu aluguel e boletos. Mas terei que colocar as mãos no bolso e extrair esse dente, a menos que tenham desenvolvido algum tratamento milagroso que possam salva-lo. Até lá, vamos de analgésicos que podem comprometer meus rins no futuro.

Continuo criando duas HQs ao mesmo tempo, alterno os dias para cada uma. "Rastreadores" (nome provisório) já tem todos os sketches de páginas prontos e aprovados. Agora usar a mesa de luz para dar os traços  definitivos e finalizar a nanquim. "O Morto" (título também momentâneo) será mais longa, mas já vou finalizando. Botei na minha cabeça que quero que artisticamente esses dois projetos sejam pequenas obras primas - mesmo sabendo que é muita pretensão da minha parte - pois sempre penso que podem ser as últimas graphic novels que faço na vida. Bem, quanto a isso, veremos.

Acho que é isso por hora.

Ainda nenhuma notícia sobre Zé Gatão - Siroco.


 

4 comentários:

  1. O movimento é a parte mais importante para manter a vida fluindo. E é bom que isso ainda continua. O que vem é impossível saber, mas algo virá. Sempre vem.

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    1. Continuo tentando, meu caro. Obrigado pelo incentivo e força.

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  2. Dor de dente... nunca tive, em especial.
    O último que me extraíram foi há quase 7 anos e fiquei quase 1 hora abaixo de muita anestesia por causa de um dente infeliz que nasceu e entortou com o tempo, ficando enterrado na gengiva do lado esquerdo da mandíbula.
    Saí de lá parecendo o Vito Corleone dos vampiros e comprei umsaco com buchas de algodão. Meu irmão foi junto, mas não desmaiei neunhuma vez.
    Nunca tinha feito uma dieta com sopa, suco, purê (de comida triturada no liquidificador) e sorvete.
    O chato foi voltar pra tirar os pontos na semana do meu aniversário!
    Até mais...

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    1. Dentes é algo complicado. Sorte de quem pode desde a tenra idade cuidar deles, sempre fazendo prevenção para evitar os desastres que acometeram os meus. Sentar na cadeira do dentista é uma tortura.
      Sorte sua que você nunca teve maiores problemas.

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