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domingo, 5 de setembro de 2021

BLACK BALLS

 Trabalho, trabalho e trabalho. É só o que faço. Não só trabalho com arte (argh, ainda me incomoda usar essa palavra para designar o que faço, arte mesmo fez Beethoven, Rembrandt, mas vá lá) mas em inescapáveis tarefas domésticas. Por isso admiro e invejo tanto os gatos. Dormem pra caralho e sempre encontram a comida no prato, e a água, e o carinho (da minha parte, pelo menos). Bom, pensando bem, só se for os gatos das madames, gatos de rua podem até dormir muito durante o dia mas rango fácil é outra história e durante a noite sempre são batalhas homéricas por território, por uma trepada, sei lá.

 Adotamos um gato em nosso prédio. A mãe dele apareceu certo dia e uns vizinhos a alimentaram e depois ela não saiu mais daqui. Nós também sempre dávamos leite a ela. Aí ela engravidou (claro). Três rebentos, o pai devia ser um siamês, dois machos com aquelas colorações típicas dos siameses e uma preta igual a mãe. Depois nossos vizinhos se mandaram daqui e continuamos a alimentar os felinos. Os pequenos eram ariscos que só. A pequena preta desapareceu (roubaram? mataram?) mas os outros dois eu fui me  aproximado e até mesmo encurralando num canto e depois de muito cansaço acabaram me aceitando. Um deles nós batizamos de Vesgo. Isso mesmo, olhos azuis e zarolho. O outro alcunhamos de Saco Preto. É exatamente isso que vocês pensaram, as bolas dele são pretas.

A mãe deles foi vasectomizada e hoje vejo-a bem pouco, o Vesgo também, acho que encontraram refeição num prédio próximo, de vez em quando aparecem aqui, mas o Saco Preto não, esse nos "adotou", nosso pequeno prédio se tornou o seu território, diariamente ele tem sua ração, água e muito carinho meu e da Verônica, mais meu, na verdade. Deixamos ele entrar um pouco em casa e desfrutar de nossa companhia, depois ele se cansa e vai embora. Não raro ele  aparece ferido pela manhã, numa das últimas vezes haviam ferimentos feios na cabeça, como se fossem feitos por presas caninas (estaria ele enfrentando cães em suas rondas noturnas?). Nesse ponto ele me lembra o Zé Gatão. Certa vez o ferimento foi no rosto, o que lhe conferiu uma baita cicatriz. Sempre cuido dele passando uma medicação sobre as chagas. É muito bom quando me aproximo dele e ele encosta sua testa na minha, é como um pequeno bálsamo para essa dor que teima em habitar o meu peito, essa saudade que sei, nunca vai morrer.

Na verdade não era minha intenção falar sobre gatos hoje mas ainda bem que vieram à baila, ariscaria  repetir minhas lamentações. Os trabalhos continuam e estão ficando bons mas nada de projetos pessoais, esse dormem e nem sei se acordarão um dia. Como o dinheiro acabou, agora batalho um terceiro trampo que pague as contas. Se conseguir (espero, preciso!!!) estarei acumulado de tarefas, então se eu  demorar a vir confabular com vocês aqui, já sabem o motivo. Mas prometo vir pelo menos para deixar uma arte, ok?

Beijos a todos vocês e muito obrigado!

  

4 comentários:

  1. Há poucas semanas o siamês Dimi, que pertencia a dona da casa onde moro (prima direta da minha mãe) se foi após adoecer e tinha apenas uns 3 anos. Agora sem as visitas dele, meus dias ficaram sem graça. Mas falando em briga de gato, tenho visto o Mickey (que também é da dona e mais velho) que é arisco, amarelo listrado que lembra o Jonesy que aparece em Alien- O 8º Passageiro e no início de Aliens- O Resgate. É aquele gato que fica com a Ripley

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    1. Sim, eu lembro do gato da Ripley.
      Ô, rapaz, lamento pela perda do Dimi. Um dos motivos que me fizeram optar por não ter mais cães, gatos permanentes em minha vida é que já sofri horrores quando se vão (e via de regra eles duram menos que nós, né?). Tivemos uma cadelinha pincher quando éramos crianças, lá pelos fins dos anos 70 e foi um golpe.
      O Saco Preto não é nosso, cuidamos dele, mas ele pertence ao mundo. Com certeza vou sentir a falta dele se ele se for. É duro conviver com perdas meu caro, faz parte da vida, eu sei, mas é duro.

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  2. Não simpatizo com gatos, pois são ariscos demais. Acho que duas vezes na vida, apenas, a Sandra e eu "conhecemos" gatos bonzinhos, que aceitavam carinho e quase se comportavam como cães.
    Agora, do seu texto, eu gostei. E calma, vai dar tudo certo. Deus, o Pai, está de olho na gente e nunca nos abandona. Um dia eu conto.
    Abração!

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    1. Eu diria que a grande maioria não curte muito os gatos, claro, preferem os cães, dá pra entender, talvez por isso nas animações são sempre os sacanas que se fodem no final. Felinos de um modo geral são realmente na deles (os grandões, inclusive), independentes, extremamente autênticos, mas não estou aqui para ser advogado de defesa, eles não precisam disso.
      Eu fico feliz que você goste dos meus textos, me expresso com o coração. Obrigado.
      Sobre Deus, ha, eu sei, sei e não mereço, não mereço mesmo o cuidado, o amor e paciência. Jamais serei digno, mas aguardo o dia de passar pela porta.
      Grande abraço!

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