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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A QUINTA CENA DE ESAÚ E JACÓ.


Hoje pela manhã conversava com meu old pal, Luca, por e-mail. Ele é professor de história como já foi mencionado aqui e gosta de escrever, é dele os contos de Zé Gatão que vez por outra dão as caras neste blog, o que permite que o felino cinzento não fique aposentado de vez, já que não tenho possibilidades de dar continuidade às suas aventuras nos quadrinhos. Ele, não faz tanto tempo, conseguiu lançar um livro de contos no EUA. É a velha história de sempre: mandar um original para um editor é uma luta sem precedentes, e ele venceu este round; o livro ganhou as prateleiras das livrarias mas não avançou muito, isto porque para fazer um merchandizing do produto o autor teria que desembolsar uma boa grana para tanto. Não falo como especialista, pois não o sou, mas muitos autores, inclusive de quadrinhos, com muita garra conseguem vencer a primeira barreira que é ter um produto físico nas mãos, mas na distribuíção e divulgação a coisa emperra. É assim em todo lugar, na terra do Tio Sam também.
O material independente, por melhor que seja, dificilmente sai do esquema marginal, fica restrito a uns poucos, mesmo que esses poucos sejam muitos num país com mercado de entretenimento forte, já os muitos são muitos pra valer e ficam famosos por todo o globo terrestre (aqui o pouco é pouco mesmo). Este meu último paragráfo ficou meio confuso mas acho que me fiz entender, né?
Eu tomo como exemplo o cineasta George A. Romero - o pai do Zumbi moderno - nunca quis sair do esquemão cinema independente, queria ter total controle sobre seu produto. Esbarrou na distribuíção, ficou restrito ao gueto dos malditos, virou cult, mas nunca saiu disso. Quando recebeu uma grana maior de estúdios para rodar mais um zumbi, mostrou competência, mas sem a força que sempre o caracterizou.

A Fantagraphics Books sempre publicou o tipo de quadrinho que gosto de ler: Peter Bagge, Daniel Clowes, Charles Burns, os irmãos Hernandez e por aí vai. Só artista independente com algo legal para mostrar. Não ouvimos falar dela como as grandes que publicam Super Heróis e Star Wars, mas acho que não fui feliz em exemplificá-la, penso que ela tenha sucesso no seu nicho exatamente por essas carcterísticas. Pelo menos tem funcionado bem assim até hoje.

A produção independente aqui vai de vento em popa, mas sem a devida divulgação e principalmente sem distribuíção eficaz, por mais que a internet ajude, não creio que a coisa vá avançar como se espera. Já falei sobre isso várias vezes, é o meu pensamento, posso estar enganado.

Noto também, principalmente hoje em dia que de "escritor", "artista" e "poeta" todo mundo parece ter um pouco e quer que os outros conheçam suas "obras", o que na minha opinião incha, satura e confunde o mercado. O mundo das artes está cheio de enganadores - ou melhor, pessoas que se auto-enganam. Uma obra mal feita pode ser confundida com vanguardista, "expressão da alma sem as amarras da vida acadêmica" ou coisa semelhante. Daí a produção do artista se vê, digamos, desvalorizada, uma a mais no meio de tanta "tralha".

Mas o meio artístico propícia isto, você se auto-expressar da maneira como quiser. Tem muito cara de pau por aí, cantores que não cantam, atores canastrões aos montes, apresentadores de tv sem o menor carisma e tutti quanti fazendo sucesso, ganhando rios de dinheiro. O artista disciplinado, que estuda com afinco e produz o seu melhor fica restrito ao gueto. Produz para meia dúzia, se tanto. Mas talvez tenha que ser assim.

Escrevo na correria e os pensamentos vão se sobrepondo, relendo o texto pareço ter misturado alhos com bugalhos, mas é só mais um desabafo. Fecho com mais uma arte da obra do Machado.

 

2 comentários:

  1. Com muito dinheiro, qualquer mediocridade faz sucesso, Schloesser. É o caso dos intragáveis "50 Tons de Cinza". O filme é uma chatice interminável (o livro é pior). Nada disso impediu que se formasse uma fila de 50 metros no cinema daqui. Desisti e assisti em outro dia. Tenho que conhecer porque escrevo sobre cultura e entretenimento. Foi constrangedor ouvir uma plateia feminina suspirando e gemendo não pelo protagonista, mas por seus carrões, por seu helicóptero e pelos presentes caros que ele dava à namorada. A cultura vai mal e os valores, também. Abraço e parabéns pelos desenhos!

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  2. Caramba! Minha esposa está curiosa pelo livro e filme, Carla, passei a ela as críticas negativas que li sobre 50 Tons de Cinza, mas a curiosidade persiste. É o que falo sobre divulgação, qualquer produto por pior que seja estará fadado so sucesso, ainda que meteórico. Lembra das Spice Girls? Produto para consumo rápido, mas serviu para produtores e empresários encher a burra de grana e também das moçoilas, que além de tudo casaram com personas famosas. Dinheiro chama dinheiro, principalmente para quem tem MUITA cara de pau. Aqui, seguimos tocando o barco conforme a correnteza.

    Obrigado e um abraço.

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