Na minha existência eu fiz inúmeras tentativas de viver dignamente da arte. Numa outra vida - porca vida - eu pintei uns pequenos quadros de paisagens e cavalos em sua vida selvagem e temas religiosos em papel camurça para vender na Praça XV, no Rio de Janeiro. Neste mesmo tempo, executei cenários e paisagens nas paredes de casas e igrejinhas evangélicas. Nunca levei mais que alguns trocados.
Pintei retratos por um tempo mas foi um serviço muito inglório, além de nunca pagar muito. Fora os trampos que fiz de graça para ver se eu "aparecia" para o público.
Trabalhei também para agências de publicidade, naquela época, meados dos anos 80, como eu era amador nunca recebi um salário digno, eu era sempre o "auxiliar de desenhista", ou arte finalista, como queiram chamar, além de ser um ofício dos piores que já enfrentei, um dia conto com mais detalhes, UMA POSTAGEM PRÓXIMA SOBRE ISTO PODE SER UMA BOA!
Pintei enormes painéis de mulheres em poses sensuais em cinemas que exibiam putaria no centro velho de São Paulo e só me renderam fadiga e uma grana minguada.
Quadrinhos? Isso não dá dinheiro no Brasil, já disse e repito: eu só faço por ser uma eficaz forma de desabafo.
Eu me saí melhor ilustrando livros. Isso deu um dinheiro razoável e quando se tem tempo e liberdade para fazer é algo prazeroso, mas durou pouco.
Nunca tive competência para me vender ou autopromover.
Fiz também algumas tentativas de mercadejar material didático para empresas governamentais. Uma delas foi para a Compesa aqui de Pernambuco. Não deu certo também. Mas ainda acho a ideia muito boa.
Fiz uma postagem sobre isso lá nos meus primórdios deste blog (19 de maio de 2010, pra ser exato), que reproduzo abaixo.
O mais triste disso tudo é que os originais que criei como modelo do que eu tinha em mente foram perdidos na burocracia desta merda toda. O que ficou foram as imagens em baixa resolução exibidas aqui.
Beijos a todos e até semana que vem, se eu ainda estiver vivo!
A HISTORINHA DA ÁGUA
"Nunca me senti a vontade trabalhando com material infantil. Acho extremamente delicado, e tem sempre um monte de pedagogo dono da verdade dando pitaco. Geralmente essas pessoas subestimam a inteligencia dos miúdos e não entendem nada de arte.
Mas indo ao que interessa, recebi uma proposta de criar um gibi educacional para a cia. de águas aqui de Pernambuco. O empreendimento envolvia criação de personagens e tal. Bem, mergulhei de cabeça na ideia e fiz estas quatro modestas páginas e alguns esboços de personagens pra ver no que
dava. Não é nada novo, mas achei legal a ideia da própria água vir defender o seu peixe. Minha concepção para o programa, era de um gibi de vinte paginas exortando para os perigos do desperdício e sugerindo formas de se preservar o meio ambiente. Teríamos também passatempos e etç.
As quatro páginas vistas aqui eram apenas um layout do que seria o trabalho como um todo.
Infelizmente, como tantos outros intentos, este também não aconteceu.
Mas se tivesse dado certo provavelmente a personagem água não teria tantas curvas,"os donos da verdade" alegariam que não é legal pra molecada ou que ela é muito agressiva em suas argumentações. Estariam eles certos?"
É uma pena - mesmo - que esse projeto não tenha vingado. Estava ficando incrível! A forma que você deu à água ficou demais.
ResponderExcluirGosto muito desse trabalho também e perder os originais sem ter feito uma cópia em alta resolução é o que mais dói. C'est la vie.
ExcluirObrigado, Matheus!
Ah, que pena que não saiu! Gostei muito da historinha da água. De qualquer modo, parabéns, Schloesser!
ResponderExcluirSim, Carla, uma pena, mas como eu disse, o pior foi terem sumido com meus originais.
ExcluirMuito obrigado!