Boa noite a todos!
O tema da minha postagem, pra variar, seria outro, se eu tivesse mais tempo para dissertar (a respeito de uma nova tecnologia que está assustando muitos ilustradores) mas vai ficar para a próxima.
Então sobre o que vou falar hoje? Que tal discorrer de novo sobre a infância? Boa ideia! Antes, me permitam, uma vez mais, amaldiçoar com todas as minhas forças os pernilongos que me atormentam nesse calor horrível!
Pronto, vamos lá: eu me lembro neste exato momento uma frase dita pelo Rambo em seu segundo filme que era mais ou menos assim: "sou como aquele cara que é convidado para uma festa e por algum motivo não compareço e mesmo assim ninguém nota". Era como se ele estivesse falando de mim. Recordo de certa vez quando eu cursava o primeiro ano do colegial (seria o nível médio hoje? Nem sei) e tinham muitos caras populares, isso é bem comum no meio dos esportes, haviam naquele ano muitos garotos praticantes de futebol, basquete, vôlei e natação, nosso colégio, o Santa Rosa, disputava de igual para igual com o La Salle, Marista e CEUB. Eu não jogava porra nenhuma é claro, odiava esportes de equipe (ainda odeio). Havia uma garota lá, cujo o nome eu não lembro, que era uma gata, noiva de um campeão de karatê, que quis tirar uma foto coletiva depois de uma competição, reuniu a todos, até os "pernas de pau", e no momento do clique ela olhou para mim e pediu para eu sair de cena, assim mesmo, sem mais nem porque. Envergonhado, claro, eu sumi dali me perguntando o que eu havia feito a ela, na verdade mal nos conhecíamos. Na real, esse tipo de rejeição era comum, anos antes, no primário, em São Paulo, uma menina convidou a sala toda para sua festa de aniversário mas deixou claro que, eu não era convocado. Como podem ver o Rambo não era notado quando não comparecia a uma festa, mas pelo menos era convidado, eu, nem isso. Essas coisas machucavam na época, crianças e adolescentes querem ser aceitos, fazer parte de algo. O que trás a memória a figura do Hans Christian Andersen, que escreveu a O Patinho Feio, ele na verdade, nesta fábula, registrou a sua própria história, é sabido que ele sofreu muito o que hoje é chamado de bullying, alto em demasia para sua idade, feio, desengonçado, sensível e tímido e se tornou mais tarde, lógico, um escritor famoso (há um conto dele com tons de horror chamado "A Sombra" que é incrível!). Claro que eu nunca me tornei um cisne, não fiquei mais alto, nem mais bonito e muito menos inteligente, mas o tempo se encarregou de fazer com que eu não me importasse mais com esse desprezo, hoje em dia, pudesse eu, falaria o mínimo possível com quem quer que seja.

Mas esse longo preâmbulo foi para falar que nem tudo era amargo, ganhei da minha mãe, bem no início dos anos 70, um View Master, um....como eu poderia designar? Um aparelho? Um brinquedo? Sei lá, mas eu ficava horas do meu dia rodando aqueles disquinhos e me encantando com aquelas imagens 3D. Eu tinha, acho, de 6 a 10 disquinhos; não me recordo quais eram a maioria dos temas, mas haviam com certeza coisas da Disney, Os Três Porquinhos e, esse eu nunca esqueci, O Gato de Botas. A cena em que o gato devora o feiticeiro transmutado em rato, me causava terror, mas eu amava. Procurei na internet por essas cenas mas infelizmente não consegui.
Haviam muitos modelos de View Master, o meu era um tipo mais sofisticado, arredondado, não o modelo simples que eu demonstro aqui, mas também não consegui localizar na web. Ignoro como minha mãe adquiriu aquilo (era caro e sempre fomos pobres), mas ela e meu pai as vezes faziam um esforço extra para arrancar um sorriso do meu rosto (tenho que postar sobre o Fort Apache qualquer dia desses).
Isso havia se apagado da minha memória e veio à tona essa semana. Pesquisando um pouco sobre como as cenas dos disquinhos eram criadas, fiquei perplexo com a perfeição dos personagens e cenários. Revivi um dos raríssimos momentos da minha infância que vale a pena lembrar.