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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

NOS TEMPOS DAS LANCHONETES

  Assim como os novos tempos sepultaram os cinemas de rua obrigando os amantes da sétima arte a frequentar os shoppings, comprando seus ingressos antecipadamente se quiserem (agora pela internet, através do celular), podemos dizer o mesmo das lanchonetes de rua. Não falo das biroscas, dos botiquins, esses lugares onde as pessoas, na sua maioria, vão pra encher a cara de pinga, no máximo mordendo um churrasquinho de gato e quem sabe, sair no braço por causa de seu time de futebol. Me refiro àqueles ambientes onde você se sentava e comia um baita sanduíche, bebia um milk shake ou dividia uma banana split com a namorada (aliás, nunca mais ouvi falar de banana split, existe ainda?)

Nos dois últimos dias, apesar de novamente eu começar a sentir a pressão das circunstâncias, os ventos contrários às velas do meu barco soprando (mais uma vez) com força, fui invadido por uma forte nostalgia. 

Sei lá porque, eu sempre curti um fast food (sim, sim, eu sei que alimentos gordurosos não são saldáveis, mas não sou cliente fixo desses locais). No Rio de Janeiro, em fins dos anos 70 e início dos 80 eu meio que vi nascer o Bobs e MacDonalds, não era barato comer um sanduba nesses locais, mas sempre que eu podia, eu degustava com enorme prazer.  

Isso começou em Brasília, eu penso; diante de nossa quadra, a SQS 202, atravessando as vias expressas conhecidas como Eixos Leste e Oeste e o Eixão (a via central mais larga, de mão dupla e perigosíssima) havia uma casa de lanches chamada Janjão, serviam um belo hamburguer bastante grande, talvez um ancestral do que hoje se conhece como X-Tudo. O que me ficou na memória naquele lugar onde eu ia sempre com o Luca Fiuza e outros conhecidos da quadra, era um fabuloso suco de goiaba bem caprichado no tamanho. Eram bons tempos. 

Havia também o Sky´s que ficava, se não me falha a memória, na comercial da 106 Sul. Eu sempre ia lá com os meus irmãos Gil e André, Kaíque (grande amigo e irmão em Cristo) e o Edson (Ed Sesser, uma espécie de irmão siamês), e ficávamos lá conversando sobre os muitos assuntos da vida. Fora as lanchonetes que eu frequentava com alguns colegas da faculdade de artes, no Conic e outras na Asa Norte que eu ia com a namorada. Realmente, uma outra vida, tanto que parece-me como um sonho, como se nunca tivesse acontecido, ou como se eu tivesse vivenciado isso assistindo a um filme mágico, num cinema ilusório.

Hoje os locais desse tipo de ambiente são frequentes em praças de alimentação nos shoppings, franquias milionárias onde dificilmente se encontra espaços acolhedores para um colóquio com os amigos. Certo dia, há seis, sete anos atrás, fui ao cinema com um conhecido aqui do bairro e fomos comer no Burguer King, mal falamos sobre o filme, ele ficava o tempo todo lendo e enviando mensagens pelo celular. São os novos tempos onde não me sinto integrado.  

Essa onda  de nostalgia veio, na verdade, de uma conversa que tive com o poeta Barata Cichetto. Combinamos de fazer umas lives a cada 15 dias, sempre com um convidado diferente, artista de alguma área. Nunca quis esse tipo de promoção, mostrar a minha cara e...bem, vocês sabem. Mas o tempo passa, em alguma esquina da vida, encontrarei o meu destino e acho que é hora de me expor mais e tentar falar mais da minha minúscula produção para um possível novo público (de hoje ou do amanhã). A nova tecnologia propicia isso, então vamos deixar os pudores de lado e me expressar para quem quiser ouvir.

O Barata teve um estalo e batizou essa nova empreitada de LANCHONETE DO BARATA.

 

O texto abaixo, escrito pelo Barata, explica melhor:

  "Antes, bem antes da gourmetização de tudo, o local bacana para sentarmos com os amigos, tomar um refrigerante ou cerveja e jogar conversa fora era chamado de "Lanchonete". Por definição, lanchonetes são estabelecimentos comerciais dinâmicos e populares, oferecendo lanches rápidos e saborosos que atendem a diversas ocasiões: um almoço rápido, um café da tarde revigorante ou um encontro casual com amigos. Sua história remonta ao final do século XIX nos Estados Unidos. Inicialmente, as lanchonetes eram conhecidas como “lunch wagons” e eram carruagens que vendiam alimentos rápidos e práticos para os trabalhadores das fábricas.

Entretanto, o nome "Lanchonete" começou a cair em desuso, com os donos dos estabelecimentos preferindo termos como "Hamburgueria" e outros sinônimos terminados em "...ria". E há também – e sempre houve, e provavelmente sempre haverá – o Boteco, o Bar, o Pé-Sujo, o Risca-Faca, etc., normalmente frequentados por cachaceiros de chinelo Havaianas e camiseta regata, que no máximo tomam Crystal, comem ovo colorido e brigam, saindo no braço por causa de futebol. Nada tenho contra essas pessoas e muito menos contra os estabelecimentos, mas meu estilo tem mais a ver com o das lanchonetes típicas.

Numa conversa por WhatsApp com Eduardo Scholesser, numa segunda-feira à noite, falávamos sobre fazer "lives" no YouTube com o intuito de bater um papo entre nós e outras pessoas, num clima de lanchonete – descontraído e amigável. Isso me deu um estalo: "Lanchonete do Barata". Meia hora depois, eu já tinha o logotipo e o conceito, que envolve pelo menos três pessoas conversando sobre temas ligados à Arte e Cultura: quadrinhos, literatura, poesia, cinema, artes visuais. A ideia cenográfica é que todos estejam comendo e/ou bebendo algo durante a transmissão, a fim de criar o clima de lanchonete.

Enfim, foi inaugurada a "Lanchonete do Barata", que estará aberta num dia quallquer, de uma semana qualquer, num horário qualquer, e sem hora para fechar. O endereço é o canal do BarataVerso no YouTube."

A live de inauguração já tem dia e hora, e o convidado é o Luca Fiuza.

 

Mais uma novidade sobre ZÉ GATÃO: na live com o Luis Roxo e o Barata, que pode ser conferida no vídeo abaixo, foi inaugurado oficialmente o ZÉGATÃOFASHION, onde teremos produtos com artes do nosso felino preferido, camisas, canecas e o que mais for possível. Isso demonstra que mesmo aposentado de suas aventuras, ele continua trabalhando a meu favor. 


 

Dou um glória a DEUS por isso.    

7 comentários:

  1. Juntando memórias afetivas com novas tecnologias, sim, isso é possível, e assim será nessa nossa Lanchonete. E logo na inauguração contaremos com a presença do Luca Fiuza. Vamos em frente!

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  2. Belas lembranças!
    Aqui no Sul, ainda temos o que chamamos de ''lancherias'' que são lanchonetes de médio e grande porte, nada a ver com as franquias famosonas.
    Sem falar em ''carrocinhas'' de cachorro quente e x-burguer (apelidado por alguns de ''morte lenta'' e ''podrão'''... hehehee!!) e pipoca em diversas praças de qualquer cidade.
    Além disso há trailers por aí, com diversoos que também aaparecem em eventos e são chamados pela gurmetização de ''food trucks''.
    Confesso que gosto mais hamgurguer do Bob's e do bauru do Subway (de vez em quando, porque são careiros), enquanto que do "McDonaldo''' (hehehe!!) prefiro mais o sorvete.
    Na dúvida pra um lanche no fim de semana e não quiser comer fora ou nem mesmo pedir pizza, é só comprar e fazer em casa que pode gastar menos e sem correr o risco de uma eventual intoxicação... né?

    Adorei os títulos ''Lanchonete do Barata'' e ''ZÉGATÃOFASHION"(que chique, hein??)

    Forte abraço!!

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    1. Sim, ainda existem lanchonetes à moda antiga, mas cada vez mais os food trucks estão tomando espaço (isso não é ruim), mas o que digo é que a "modernidade" com seus smartphones, suas pressas, como se não houvesse um amanhã, faz parecer cada vez mais que o ser humano é um objeto descartável, QUASE ninguém para mais para um bate um bate papo numa casa de lanches ou para ver um por de sol.
      Você lembrou do Bauru, eu gostava muito desse sanduíche, nunca mais comi.
      Sim, legal demais o ZÉGATÃOFASHION, né?
      Obrigado por seu comentário!

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    2. Concordo contigo sobre pessoas que ficam muito tempo com o rosto metido... digo, enfiado... hã, grudado e fuçando em telas de celulares até em momentos que deveriam ser mais sociais. Acho isso triste e irritante.
      Devo parecer anormal pra muita gente se apareço em público numa parada ou sala de espera lendo um livro, um gibi ou uma revista. Ou até mesmo usando fones com fios pra ouvir rádio ou minha própria seleção eclética/particular de MP3 em ônibus.
      Mas caguei e andei! Haha!!

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  3. Eu cresci na mesma quadra de um dos botecos mais famosos de Campinas, o Bar do Vadico, os donos, dois irmãos que eram chamados carinhosamente de O Gordo e o Magro eram dois caras carrancudos mas de uma afabilidade sem igual. Todo ano inclusive patrocinavam a "malhação do Judas" na esquina do recinto, apareciam moleques até de outros bairros pro evento. Meu pai quando ligava lá para encomendar sanduiches de mortadela e pernil na chapa perguntava na sacanagem se era do Boteco do Vadico, uma das poucas coisas que deixavam os proprietários putos, logo retrucavam do outro lado do telefone "É da lanchonete do Vadico!". As vezes quando ia lá ainda muito pequeno buscar algo, sentava num canto e ficava observando os cachaceiros de sempre discutindo altos assuntos da geopolítica mundial, não raro os ânimos se exaltavam mas logo tudo se acalmava quando o Vadico batia com um taco de sinuca no balcão. Hoje tudo isso ficou na lembrança, os irmãos já faleceram, a "lanchonete" foi demolida para dar lugar a uma imensa academia. Quando passo em frente fico pensando no tanto de história que aquela esquina tem. Não vejo um local mais adequado para bater uma papo descontraído do que num boteco ou numa lanchonete!

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    1. Que legal esse seu testemunho! Gosto muito desses assuntos, volta ao passado, não para viver nele, mas para aprender com ele. Obrigado!
      Vamos tentar falar dessas coisas nas lives que estamos programando. Vamos ver como a coisa anda.

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MINHA GRATIDÃO AO GENECY SOUZA POR ESSA EXCELENTE RESENHA!

  UM CADERNO DE ESBOÇOS QUE DIZ MAIS DO QUE SEUS TRAÇOS, por Genecy Souza.   Se há um item na minha lista de frustrações (ou incompetê...