A pessoa que vos escreve neste momento é um ser deprimido, cansado e com vontade de mandar tudo às favas e sair sem direção estrada afora. Desde aquela maldita crise sanitária que decretou o fim do meu mundo eu sinto que de lá pra cá eu fui me perdendo mais e mais, pedaços de mim caindo pelas ruas e eu tentando me juntar e me colar inutilmente com cola vagabunda. Além das perdas irreparáveis, a saudade imorredoura, a pressão cotidiana, a (quase sempre) crise financeira e esta maldita tempestade doméstica que nunca cessa produz esse caldo de tristeza que me leva a querer dormir e não acordar mais.
Do final do ano passado para cá isso se intensificou de tal maneira que os tais pedaços de mim descolaram e eu não tenho conseguido por de volta. Não era pra ser assim, tem acontecido coisas boas comigo, conheci por intermédio do Celso Moraes F. o poeta Barata Cichetto e através dessa parceria saiu o ZÉGATÃOVERSO, logo seguido pelo CRAZY SKETCHBOOK, livros que eu nem sonhava em publicar agora e nem via possibilidades num futuro próximo.
Sempre digo que Deus colocou a arte na minha vida como uma porta pela qual eu possa escapar quando a existência se mostra amarga além da medida e eu penso que esses projetos vindo à luz não me deixam desmoronar completamente. Existem planos para novas/velhas publicações e isso me ajuda a seguir em frente mesmo que não haja ganho financeiro num primeiro momento.
Outra coisa que me angustia são os trabalhos que preciso terminar, honrar estes compromissos pelos quais já recebi e vão envelhecendo em minhas mãos e eu não consigo tocá-los mais rápido.
Ao fim, depois desse desabafo, respiro fundo, tento me encher de coragem e aproveitar o tempo que o Senhor me concede para seguir em frente e continuar a batalha mesmo com minhas partes espalhadas pelo caminho.
A quarta edição da Lanchonete do Barata foi uma das mais legais, e isso devo enfatizar: cada edição é única, não há melhor ou pior; embora os temas bases sejam palavras e traços, cada convidado acrescenta algo particular onde aprendo muito e nesta última eu tive uma aula e tanto. Há muito o que ser absorvido do mestre Flávio Calazans e quatro horas e pouco não foram suficientes, ele terá que voltar. Apesar disso tudo a minha participação foi comprometida pela oscilação da internet. Bons amigos já deram dicas mas não há muito o que eu possa fazer, não há como ficar mais próximo do roteador e muito menos colocar um cabo direto do mesmo para meu computador. Nas próximas eu terei que contar com a sorte.
https://www.youtube.com/live/ko3N89nyb9I
Estou ciente que meu Crazy Sketchbook não será um best seller, mas os poucos que o adquiriram fizeram questão de gravar um vídeo para registrar e isso me enche de orgulho e sinto aquela agradável sensação de dever cumprido.
A satisfação por esses lançamentos quase contrabalança com a depressão onipresente, mas há algo que me serve de refúgio, saber que não importa o que, tudo irá passar.
Os dias às vezes pesam mais do que a gente aguenta. Nessas horas, parece que tudo aperta junto, o peito, a cabeça, até a alma. Hoje resolvi adiantar minha ida a missa, e no sermão o padre estava falando da presença de Deus nas nossas vidas justamente nesses dias "pesados" e que parecem não ter fim.
ResponderExcluirEle mencionou algumas palavras da Bíblia como exemplo e como nela sempre encontramos respostas para todos os momentos, o que me animou mais tarde a pesquisar mais a respeito e nas minhas breves anotações selecionei o seguinte:
"Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrado e salva os de espírito abatido." Salmo 34:18
"Não temas, porque eu sou contigo; eu te fortaleço, te ajudo, e te sustento." Isaías 41:10
"Vinde a mim os cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." Mateus 11:28
Não estou pregando nada, mas é que eu teimo em não acreditar que as coisas acontecem ao acaso, que tudo é mera coincidência. A sua postagem hoje, pelo menos para mim, é uma prova disso. Fique bem, meu amigo
Agradeço a Deus por suas palavras, enquanto quem está bem perto produz boa parte das sensações que descrevi neste texto, as suas trazem bálsamo para as feridas, principalmente se elas vêm chanceladas pela Palavra de Deus.
ExcluirHá um Salmo que sempre recorro nas horas amargas e que me empurram para o alto: Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Salmo 46:1.
Obrigado, Daniel!
Olá, meu amigo (acho que posso chamá-lo assim, certo?).
ResponderExcluirEmbora eu não consiga mensurar tudo o que você está sentindo pela minha balança, impossível não me identificar com a frase "Deus colocou a arte na minha vida como uma porta pela qual eu possa escapar". No meu caso, só percebi isso muito recentemente. Completarei sessenta anos em 2025 e, no entanto, aquele menino de dez que acordava cedo e descarregava suas frustrações de colégio e família, acordando cedinho nos sábados pra escrever e desenhar, ainda existe.
Se esse é mais ou menos o seu caso, como pude entender, então não perca jamais esse lado da sua vida. Contra as agruras do mundo, sempre podemos contar com nossa imaginação, um lápis e um papel. E, claro, não esqueçamos, Jesus no comando.
Abração. Estou por perto se precisar conversar.
Claro que somos amigos, rapaz, nem duvide disso. Parceiros de trincheiras nos campos de batalhas das artes.
ExcluirObrigado por suas palavras de incentivo e preces. A arte nos cobra o melhor e as vezes isso nos angustia mas também dá a satisfação devida quando tocamos alguém com nossos traços.
Como você bem disse, com Jesus no leme do barco, singremos esses mares em fúria sem temer as ondas procelosas.
Abraços!
Meu amigo... A introdução do seu relato aqui é idêntica à minha... E garanto que a de muitos... A maldita fraudemia nos destruiu por dentro e por fora.... O plano deles deu certo. Só que há dois anos, pouco mais, resolvi que não queria mais dormir sem querer acordar, e me enfiei de cabeça naquilo que gosto e creio que sei fazer: escrever, editar, diagramar. Há um ano criamos a Poetura, em uníssono à BarataVerso Editora, e ter tido contato com seu trabalho e posteriormente sua pessoa, me deram o ânimo que precisava. Estou certo de que ainda iremos produzir muitas coisas no futuro.
ResponderExcluirSim, a crise sanitária decretou o fim do mundo, pelo menos o mundo como conhecíamos, no meu caso, o mundo com mais cores; sobrou algo, sem dúvida, minha esposa, alguns poucos amigos e.....A ARTE!
ExcluirFico feliz que meu trabalho e minha pessoa tenham tido efeitos positivos na sua vida. A recíproca é verdadeira.
Ainda temos muito para fazer juntos, graças a Deus.
O sonhos de dois grandes expoentes da Arte, cada qual em sua área, se corporificou numa obra mágica. Me refiro a Eduardo Schloesser e Barata Cichetto! A mais recente Live, com a presença do senhor Flávio Calazans referendou esta quimera que se fez palpável! Acompanhei a Live sem sentir o passar das horas e parabenizo sinceramente os anfitriões e o convidado! Supimpa! Que venham muito mais Lives e que a Lanchonete do Barata continue nos alimentando com seus maravilhosos lanches. Problemas de Internet dão um sabor raiz, ao cardápio!
ResponderExcluirComentário digno de uma moldura, meu velho amigo. Obrigado! Endosso cada palavra.
ExcluirForte abraço!