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quinta-feira, 17 de abril de 2014

UMA MONTANHA NO CAMINHO.




As vezes acontece isto: um desenho empaca. Porque ocorre? Uma série de fatores. Comigo o motivo mais comum é o fato de não estar satisfeito com ele por alguma razão. A saída mais coerente seria partir para outra, mas quase sempre o material já vai bem adiantado para voltar atrás, aí aquilo que desagradava começa a saltar às vistas. Ele empaca exatamente na tentativa de corrigir o que aos meus olhos não está legal. Com frequência descarto a arte e faço outra. Entretanto a razão para uma ilustração ou página de quadrinho não colaborar é o fato d´eu demorar nela, ou melhor, abandona-la por uns tempos por uma razão qualquer, daí o retorno é complicado. Sei que é uma coisa da minha cabeça, mas é assim que a coisa é, entre eu e o material ergue-se uma barreira que demoro a transpor.


Atualmente trabalho numa história bíblica em quadrinhos CAIM E ABEL para a HQM Editora, por esta causa abandonei a bio do Poe mais uma vez numa página já preparada para a finalização. Pensava comigo: vou pegar nela um pouco toda a noite, mas a urgência de grana me fez priorizar a narrativa do primeiro homicídio cometido na terra, agora pra eu finalizar a dita página do Poe tá complicado, já tentei, mas ela parece não avançar. Não há nada ali que eu já não tivesse feito milhares de vezes, mas a mão titubeia na hora de dar os efeitos chiaroscuro, como se eu estivesse tímido em passar as mãos pelas coxas de uma namorada com quem já tenho muita intimidade.


Lembro particularmente de uma página para a hq de Zé Gatão-Daqui Para A Eternidade, o próximo álbum do felino macambúzio a ser editado pela Devir, era uma sequencia comum, nada de ação mirabolante ou ângulos difíceis, mas a danada da arte teimava em demorar para ficar pronta só porque eu demorei uns dias para retoma-la. No fim eu a terminei com sucesso, mas ficou marcada como um momento na história em que a coisa não rolou como eu tinha planejado na minha mente.
Acontece o mesmo com esta prancha do Poe, há uma montanha cada vez mais alta entre nós. Mas está chegando o momento de respirar fundo, tomar distância, acelerar e transpô-la.
Um problema também é que pelos motivos já descritos aqui tantas vezes, este projeto tarda demais, o roteirista é bem avançado em idade e está ansioso por vê-la terminada, tem a pressão para que o número de páginas não fiquem tão grande e outras chateações que faz a coisa se cristalizar na minha cabeça.


Mas enquanto a hora não chega, Caim e Abel segue sendo trabalhada com carinho.

Tenham todos uma ótima Semana Santa.



 

4 comentários:

  1. Oi, Schloesser!

    É muito interessante ver como os seus desenhos são planejados. Na imaginação de quem não desenha nada, os desenhistas são seres abençoados com o dom de pegar um lápis e sair desenhando sem esforço ou necessidade de planejamento. Lembro que uma professora de educação artística tentou ensinar à minha turma de ginásio algo sobre as proporções do corpo humano. A classe se rebelou. "Deixa a gente fazer desenho livre, professora. Essas bolinhas e risquinhos só servem pra enrolar. Desenhista de verdade não usa nada disso". Dá até vergonha de lembrar.

    Sabia que textos empacam também? Tenho um arquivo de Word com uma porção de fragmentos encruados. Dá um trabalhão fazê-los funcionar como deveriam. O Leroy reconhece, pela minha cara, quando estou me pegando a tapa com um texto. Ele diz que eu fico "pensando como uma onça caçando". :)

    Abraço!

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    1. Olá, Carla, beleza?
      Imagino que toda obra artística tenha mesmo seu momento de "mula". Acho que nestas horas o melhor mesmo é relaxar. fumar um charuto, dar uma volta e ver se a coisa rola. A verdade é que estas coisas dão mesmo muita preguiça as vezes, o planejamento dos desenhos como você falou é uma etapa complicada no processo, mas acho a mais divertida, finalizar é bem mais estressante. É um alívio ver a coisa terminada. No meu caso, raramente fico satisfeito com o resultado.
      Bem sei como desenhar e escrever tem muito a ver, pois normalmente eu crio as minhas histórias e gosto de trabalhar com palavras e tem momentos que dá uma espécie de branco, bloqueio, sei lá, e a coisa não anda. Noto também que se eu demoro muito pra voltar a um escrito ou desenho é quase fatal que vá parar na lista dos inacabados que fica ao lado dos nunca feitos. Coisas de artista? Vai saber.

      Grande abraço e bom feriado a vocês.

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  2. Muito bons estes esboços, Eduardo. E bloqueios criativos são mesmo desconcertantes. Eu havia escrito um comentário mais acurado, mas na hora de salvar, por algum motivo, deu pau.
    Um ótimo final de semana e feriado.
    Grande abraço.

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    1. Esses tilts que dão na hora de comentar algo é de morrer de raiva, né Gilberto? Acontece direto comigo. Eu sempre penso primeiro em digitar no word e depois colar no local a ser comentado mas como sou preguiçoso (ou esquecido) quase nunca ponho em prática e daí me ferro. Outro dia escrevi uma mensagem legal pra um conhecido no Facebook, no final do texto a página sumiu da tela, não tive pique pra escrever de novo.
      Obrigado por estar sempre por aqui.
      Abração e feriado.

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