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terça-feira, 2 de setembro de 2014

DAS CINZAS ÀS CINZAS, DO PÓ AO PÓ.

Sábado, pouco antes do almoço:
"Eduardo, Maínha disse que empresta o dinheiro para pagar a internet, você não quer liquidar logo isto antes que cortem?" perguntou a Vera, logo no melhor momento do meu trabalho. Fiquei incrivelmente irritado mas como sempre, engoli. Ela tinha razão, pra variar, se havia uma chance de matar logo isso pra que esperar até segunda?  Lá fora o sol ardia com toda a sua fúria, a lotérica fecharia em poucos minutos. Pus um boné e óculos escuros e alcancei a rua me perguntando porque não tiveram a ideia mais cedo. Em pouco tempo eu chegava à casa da minha sogra. Agradeci o favor e célere fui ao comércio. Fila quilométrica. Final de mês é sempre assim. O Porto de Suape inchou este bairro, os caixas eletrônicos, mercados e padarias ficam cheios dos funcionários do lugar. Os aluguéis aumentaram demasiadamente mas as ruas continuam sem asfalto. Depois de paga a conta fui comprar algumas coisas no Hiper. Passei mais de 50 minutos na fila, de lá fui até a padaria ver se tinha um item que estava em falta no mercado.

Embora esteja sem nenhum dinheiro e sem a menor perspectiva de ganhar algum a curto prazo tenho trabalhado como louco, aproveitando para por em dia quadrinhos atrasados, material que sei que depois de publicado me darão mais fama e prestígio do que retorno financeiro. Chegando aos 52 anos fica um pouco difícil fazer qualquer outra coisa da vida (embora nunca seja tarde, tenho pensado nisto, embora não saiba para que mais eu sirva). Sempre me pergunto como alguns conseguem se dar bem neste negócio. Nestas horas minha mente não consegue se livrar de pensamentos sombrios. Sentindo o ardor do sol na pele eu matutava olhando para o chão: é somente a misericórdia de Deus que impede que meu coração pare agora e eu desabe no chão e fique caído na areia quente. Prossegui na divagação: quanto tempo até que alguém percebesse que eu não era mais um merda de um bebum caído na sarjeta, mas que estava morto? Não portava documentos, então.... a Vera notaria a minha demora e sairia à minha procura, talvez fizesse aquele caminho, talvez outro. O problema de estar morto é que você não pode cuidar do seu enterro por si próprio, tem que dar trabalho aos outros. O que é este corpo? Nada demais, é capaz de grandes feitos, de muito amor mas também é o agente de ódio e destruição, é algo que pouco tempo após perder os sinais vitais precisam se livrar dele o mais rápido possível. Alguns são enterrados com toda a pompa, com milhares pranteando e outros se possível fosse se enterrariam sozinhos. Lembro de uma história do Ray Bradbury em que um cientista maluco criava um caixão automatizado que fazia todo o trabalho dos coveiros, recolhia o corpo, rodava até o cemitério e lá abria a cova e se enterrava sem o auxílio de ninguém. Uma grande invenção, se fosse possível.

Soube agora de manhã que o Jimmi Jamison, vocalista do Survivor morreu de um ataque cardíaco aos 63 anos. Lamentei. Boa voz, capaz de muito alcance. O Survivor era aquela banda oitentista, subestimada, que todos conheciam por causa do Sylvester Stallone nos filmes do Rocky. Eu costumava brincar com meu irmão comentando o sumiço do Survivor, dizia que estavam esperando o Sly fazer outro filme. Mas a verdade é que eram excelentes músicos com vários hits além dos temas de filmes; para constatar confiram o álbum Vital Signs.
O curioso é que o Jimmi não era o vocalista original que cantou o Eye Of The Tiger, entrou para a banda depois, mas acho sua voz mais poderosa que a do primeiro. Ele também não compunha no grupo, os sucessos eram obras do guitarrista e tecladista.

Bem, eu ainda não morri, a Verônica terá que me aturar hoje (e vocês também) e até Deus sabe quando. Prossigo trabalhando nestes meus quadrinhos insanos e nestas artes que, sem modéstia, tem inspirado umas poucas pessoas.

Pra matar um pouco da saudade dos anos 80 vamos dar uma curtida no Survivor com Burning Heart:



8 comentários:

  1. Eu sabia que você ia ficar triste com a morte dele, Schloesser. Fiquei assim com a do Robin Williams. A gente se identifica com certos artistas. Abraços pra você e pra Verônica!

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  2. É, Carla, anos 80, eu era um garotão sonhador (ainda sou - nem tão garotão, mas sonhador), filmes, livros e música fazem parte do passado bacana, a partida de alguém que fez parte trás tristeza. Nós temos que continuar a caminhada.

    Retribuo os abraços para você e o Leroy.

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  3. Como é difícil essa nossa vida, Eduardo! Às vezes me pergunto porque fui nascer com essa inclinação artística...mas a verdade é que não trocaria por nada, kkk. Quem sabe um dia aprendamos a ganhar dinheiro...
    Esse meu ano tb está muito duro. Fui inventar de fechar uma empresa que tinha e está osso. O pouco que entra vai pra isso. Mas é a vida. Não podemos desistir nunca.
    Abração!

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    1. Eu também, Gilberto, não troco o que faço por nada, aliás não sei fazer outra coisa, por isto tenho que continuar. Continuemos, então. Agora não sei se apesar da idade terei que ser balconista de alguma loja pra manter a família e só desenhar nas folgas. Do jeito que está não pode continuar. Veremos.
      Abraços e muito obrigado.

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  4. Brincadeira... aturar filas e com aquele calorão. Usei Caught in The Game (do Survivor) no meu último Visão Videocast. Aquele sobre o 3º Anima Heroes. Chegou a ver?

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    1. Calor faz parte da vida aqui no nordeste, Anderson assim como o frio faz parte pra vocês aí no sul.
      Agora, se vi o vídeo que você citou, eu não lembro. Se quiser refrescar minha memória...

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  5. Pode-se assistir a todos os blocos do vídeo, na postagem:
    http://visaoandf.blogspot.com.br/2014/07/visao-videocast-5-especial-3-anima.html

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    1. Na verdade eu vi esses vídeos mas confesso que não lembro da música. Vou dar uma nova conferida e deixo um recado lá assim que der.
      Abração.

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