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domingo, 22 de julho de 2018

SÓ É POSSÍVEL NOS QUADRINHOS.


Ainda não vai ser desta vez que prossigo os relatos sobre meu passado, sempre há uma maldita coisa atrasada que não posso postergar ou mesmo a falta da sensibilidade necessária no momento de escrever. Quero que a coisa fique boa, pelo menos para mim, e na dúvida, opto por um instante adequado.

Sobre o que falar, então? Ok, um pouco mais sobre a atitude de criar HQs. Esta semana eu estava lendo um prefácio escrito por um famoso cartunista brasileiro para um sketchbook de sua autoria - vou ficar devendo o nome do tal cartunista: uma, pra evitar celeuma; duas, o cara já tem quem faça propaganda dele demais - e num dado momento ele achava ser os quadrinhos "uma arte pra lá de inútil". Eu até entendo este tipo de afirmação, principalmente vindo de uma pessoa que parece nunca ter atingido a maioridade mental, e olha que os quadrinhos e charges deles são muito legais, mas é um tanto cômodo alguém falar assim quando hoje o que quer que ele faça será alvo de aplausos.
Arte inútil? O ato de narrar uma aventura, um acontecimento banal, um fato histórico em planos sequenciais de desenho? Não sei, este tipo de pensamento sempre coloca as histórias em quadrinhos como subcultura, coisa de alienados, débeis infantiloides, sempre à margem da literatura e do cinema. Existem pessoas que tentando legitimar a forma de contar histórias em sequência de quadros comparam-na à literatura. Há boa intenção aí mas é uma afirmação tola, as artes sequenciais tem seu próprio meio de comunicar o que intenta. Grandes autores, como Alan Moore e Will Eisner provaram que existem coisas que só são possíveis nos quadrinhos, em nenhum outro meio, graficamente, consegue-se mostrar diferentes tempos e ritmos em uma mesma prancha. O cinema tentou, principalmente na segunda metade dos anos 60 e por toda a década de 70, dividir a tela em quadros para mostrar momentos diversos, mas apenas nas imagens, já que nas falas, causariam confusão. Nos quadrinhos, no entanto isso é perfeitamente possível.

Como exemplo cito aqui o clássico Gasoline Alley de Frank King em duas páginas:


King concedeu noção de continuidade em tempo real aos quadrinhos mostrando os personagens amadurecendo e envelhecendo a medida que os anos avançavam com as publicações de sua página dominical, além de muitos conceitos e designs.


Possivelmente o cartunista brasileiro ao chamar as HQs de arte pra lá de inútil quis dizer que aqui no Brasil o esforço em fazer quadrinhos é como trafegar num rio perigoso com o barco cheio de furos; se a intenção foi essa, não tenho como não concordar.
De todo jeito, eu gosto de fazer meus quadrinhos, é a única forma que eu tenho de mostrar como vejo as coisas que me circunvizinham. Pena que seja tormentoso o processo e o retorno, pífio.

Não sei se me fiz entender perfeitamente, vou digitando febrilmente, apressadamente, sem tempo para revisão; aos erros, me perdoem.

Boa noite, meus amados e amadas, fiquem com Deus!

9 comentários:

  1. MEU VELHO AMIGO LUCA COMENTOU ESTE POST EM MEU E-MAIL E EU REPRODUZO AQUI COM OS DEVIDOS AGRADECIMENTOS POR SUA GENTILEZA.

    "Gostei muito do seu post de hoje, meu velho. Quando eu fazia HQs em tempos idos, não me preocupava com técnica, diagramação, perspectiva ou planos cinematográficos, luz e sombra. Aliás coisas que eu nem sabia fazer direito. O que eu queria era contar uma boa história, exorcizar meus medos e dúvidas, realizar uma catarse. Em fim, era uma espécie de escapismo da realidade, usando-a no entanto, como base dos enredos e a recontando como eu gostaria que fosse. Portanto, para mim as HQs eram um lenitivo e o combustível da minha própria capacidade criativa que nunca vem do nada e sim das referências que temos. Seja na vida real, seja na própria ficção.
    Abraço.
    Luca."

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  2. Pra mim, Schloesser, os quadrinhos são tão "úteis" ou "inúteis" quanto qualquer outra forma de arte. Pra começar: Útil pra quê? Sob qual ponto de vista? E para quem? Sou contra a ideia de arte utilitária, que precisa ter uma finalidade social, educativa, doutrinária. Do meu ponto de vista, arte serve para causar prazer estético e mostrar pontos de vista novos. Com "causar prazer estético", não quero dizer "ser bonitinha". A "arte" apenas bonitinha tem utilidade, sim, como peça de decoração e nada mais. Abraço!

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    1. Entendo seu ponto de vista e você está certa, concordo em número, gênero e grau, Carla, mas o que quis criticar na fala do tal cartunista é que sempre tem alguém - principalmente quem faz muito sucesso no meio - rotulando os quadrinhos de forma desairosa, desmerecendo de alguma forma, como se HQs fossem inferior às demais artes.
      Obrigado pelo comentário e um abração!

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  3. Olà Eduardo, pois é pelo que eu entendi ,está cuspindo no prato que comeu,né?Também tenho a pretensão de fazer a minha histórias em quadrinhos puramente por paixão pelo desenho mesmo.Com tudo que vem acontecendo, vemos editoras grandes fechando as portas e tal,porém ainda acredito nos quadrinhos como arte sequencial que ultrapassa os limites do papel e encanta os leitores com suas diversas possibilidades de se contar uma história.Vida longa aos quadrinhos, principalmente os brasileiros!!!!!!!!!!

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    1. Oi, Rita, pois é, esses cartunistas veteranos de sucesso, doidões, gostam de causar, criar uma polemicazinha, se não fosse pelas HQs não seriam nada, pois eles não são reconhecidos hoje em dia por escrever textos para programas de TV mas pelos seus.... quadrinhos! Independente do que digam, esta forma de contar histórias ainda tem muito chão pra queimar. Muito sucesso para suas HQs, siga sempre em frente. Grande abraço e obrigado por sempre aparecer por aqui!

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  4. Lembrei da declaração controversa do cineasta Elias Merhige (Begotten, A Sombra do Vampiro, Suspeito Zero), dizendo que o cinema era a forma de arte única e válida e que as outras não. Achei contraditório vindo de alguém que chegou até a dirigir videoclipes e nem tem uma extensa cinebiografia.

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    1. Ah, Anderson, a gente lê e ouve tanta merda, cara! Todos tem direito às suas opiniões, mas é muito abuso quem quer que seja afirmar que tal forma de arte é única e válida. Esse cara aí que você citou eu nunca ouvi falar, ando muito por fora das novidades. Eu já me considero um cara velho, vivendo num museu e só gostando das peças do museu.
      Abraço!

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  5. Adorei a menção ao Frank King.Ele é um dos grandes narradores e,constantemente,esquecido.

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    1. Concordo, Hans, infelizmente ele é pouco mencionado, mas talvez ele não seja devidamente conhecido aqui, em sua terra natal deve ser diferente, ou não?

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ZÉ GATÃO POR THONY SILAS.

 Desenhando todos os dias, mas como um louco, como fiz no passado, não mais. Não que não queira, é que não consigo; hoje, mais que nunca eu ...