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domingo, 21 de abril de 2019

DANTE E VIRGÍLIO.


Os livros e gibis sempre foram meus grandes companheiros. Ao entrar neste pequeno quarto onde trabalho sinto-me saudado por eles e de certa forma, confortado. Eles me levaram a outros mundos, muitas ideias, me afastaram de algumas realidades amargas, me permitiram fugir para outros universos concedendo lenitivos mais poderosos que o dos filmes  e até, arrisco dizer, das músicas. Neste estúdio eles estão às minhas costas, ao meu lado direito e esquerdo, muitos deles empilhados em caixas, pois nunca consegui comprar mais estantes para colocá-los, acomodá-los como merecem. Muitos book arts que adquiri a custa de sacrifício hoje são itens raros só encontrados ao olho da cara no e-bay e olha que talvez, nem lá. Sempre fico pensando que quando eu não existir mais neste mundo o que será deles. Queria que meus sobrinhos herdassem este patrimônio, mas terão eles interesse? Aglutinariam em seus armários? Todo este tesouro em papel cabe em um programa de computador portátil, quem, na real, liga? Pensar nisto é perda de tempo, o que tiver de ser, será.

Curiosamente alguns livros que muito me marcaram na infância e adolescência eu não possuo, como "Olhai os Lírios do Campo" do Érico Veríssimo (foi-me recomendado pelo meu brother Luca), "Doidinho", de José Lins do Rego e "Meu Pé de Laranja Lima" de José Mauro de Vasconcelos (um romance que me verteu muitas lágrimas, até mesmo na vida adulta onde o reli algumas vezes. Sempre me recusei a ver as adaptações para a TV). São histórias que tenho na memória e até hoje trazem um aroma de saudade.

Um dos poucos orgulhos que me dou ao luxo de ter na vida foi ter ilustrado 45 livros clássicos brasileiros. Pena que a metade deles ainda não foi impressa pela editora. Dramático, como costumo ser, fica até parecendo que eles estão esperando eu morrer para publicá-los. Nada, devem ter seus problemas de dinheiro, como todo mundo. Ou não estão nem aí, visto que o foco deles não é este. Pelo menos foi o que me disseram quando liguei dia desses. Indaguei se eles tinham planos para o Monteiro Lobato, afinal, este ano as obras do criador do Sítio do Pica Pau Amarelo entram em domínio público e me falaram que não vão fazer nada a respeito, o carro chefe da editora são os didáticos. C´est la vie.


Esta semana a figura austera de Dante Alighieri me veio à mente assim do nada. Rapidamente peguei no lápis e esbocei este desenho antes que a inspiração desvanecesse. Foi um exercício rápido, de uns 20 ou 30 minutos (não conto o tempo, mas atualmente, com minha mente febricitada, se demoro demais, o rabisco começa a perder a força).
Lembro quando li a "Divina Comédia", eu devia ter uns 17 anos, morava no Rio de Janeiro e fiquei encantado com as imagens do Doré, eram poderosas demais - até hoje me assombram - naquele período as gravuras eclipsaram o texto do poeta italiano. Mas eu gostei da escrita, muitos não conseguiam compreender a profundidade da poesia e abandonaram a leitura logo nos primeiros cantos. Preciso reler agora que fiquei mais velho; se bem que eu pouco evoluí mentalmente de lá pra cá, minha alma ainda é a de um adolescente sonhador. Eu comecei a ler Edgar Allan Poe aos 16 e os sentimentos que ele me desperta ainda são os mesmos da juventude.

Beijos a todos e, quem sabe, até a próxima semana. Putz! Tenho que escrever o segundo ato das desventuras do meu alter ego, Ed Palumbo, não tenho encontrado tempo nem motivação, entretanto vou fazer um esforço, devo isto a mim mesmo.

4 comentários:

  1. Muito boa a reflexão. Me identifiquei com o texto em muitos pontos. Grande abraço!

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  2. Exercício rápido! Ninguém imaginaria isso, Schloesser. Ei, será que você não poderia fazer um exercício rápido com a Emília, do Monteiro Lobato? Seria interessante conhecer sua visão desse personagem. Abraço!

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    1. Opa, Carla! Sabe, ao contrário de muitos eu não tive acesso ao Monteiro Lobato do Sítio do Pica Pau Amarelo, só li "Os 12 Trabalhos de Hércules" aos 12, 13 anos de idade, por ser apaixonado por mitologia grega e me encantei com o livro (acho que mais uma vez foi o Luca que me emprestou) talvez por isto eu não tenha taaanta empatia por esses personagens. O que pesou negativamente foi um certo preconceito por causa daquela série antiga da Globo (desde cedo fui meio avesso às adaptações de clássicos para a tv), mas admito que são figuras cativantes, sim. Eu gosto da prosa do Lobato para adultos, tipo, Negrinha. Mas a sua ideia é boa. Tá anotado, pintando aquela inspiração, vamos fazer uma Emília (mas tem que ter uma Cuca junto, senão, não sou eu, concorda?).

      Abraço e obrigado por ser uma paciente leitora do meu moribundo blog.

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