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sábado, 12 de fevereiro de 2022

ADEUS, MEU MENINO!

 

Tudo passa, tudo há de passar. Nada fica, nada ficará. Mais ou menos essas palavras estão em um clássico do ex-Beatle George Harrison e também numa canção interpretada pelo Nelson Ned. Pura verdade.

Eu deveria ter morrido a uns 55 anos atrás mas Deus me poupou e ainda estou por aqui.

Tivemos um cão chamado Rintim. Pouco me lembro dele, eu era praticamente um bebê. Minha mãe disse que ele tinha um tom avermelhado e parecia uma raposa, foi envenenado, segundo ela.

Muitos anos depois a Freedom apareceu em nossas vidas em 1975, era uma cadela pincher muito especial. Como Freedom era um tanto complicado para meus pequenos irmãos pronunciar apelidamos de Fifi. Fez parte de nós durante uns cinco anos e partiu quebrando nossos corações.

Já postei um texto aqui sobre um felino que eu e Verônica chamamos de Saco Preto.  Evidentemente Saco Preto é para nós, gatos não atendem por nomes dessa natureza. Mas a Vera de forma muito maternal perguntava pra ele: "Onde está o Menino? O que o Menino quer?" E vemos em suas reações que ele sabia que a conversa era com ele.

Bem, pra encurtar a conversa, ele morreu no último dia 9. Mais ou menos no dia 4 ou 5 ele apareceu muito machucado. Seriamente machucado, mancava muito e gemia penosamente. Vimos que havia uma ferida na perna como se parte da carne tivesse sido arrancada. Uma vizinha nos disse que ele e o irmão (o Vesgo) haviam sido atropelados, o irmão morreu na hora, ele escapara. Ele recusava água e qualquer alimento.

Eu e Vera o levamos ao veterinário. Não havia osso quebrado, mas ele estava muito magro, anêmico, debilitado e com problemas renais. O médico receitou antibiótico, uma comida medicinal e pomada para passar nos ferimentos. Durante dois dias cuidamos dele em casa, seguindo à risca as recomendações do veterinário. Mas ele comia pouco, quase nada. Queria dar mais detalhes de tudo mas é penoso para mim.

No dia 9 pela manhã desci com ele para ele pegar um sol. Tive que abrir a boca dele para dar um quarto do comprimido de antibiótico segundo recomendação médica e também o alimento medicinal numa colher se chá. Passado um tempo ele começou a gemer como uma criança. Eu passava a mão pela cabeça dele e dizia: "Calma, amigo, calma Menino, estou aqui, você vai ficar bom". Ele ofegava. Se acalmava um pouco mas respirava sofregamente. Então num instante ele começou a estrebuchar e gemer em agonia, eu não sabia o que fazer, pensei em correr com ele para o veterinário, mas antes que eu pudesse colocar as ideias em ordem ele relaxou o corpo e o vi parar de respirar. Faleceu bem na minha frente. Chorei como uma criança (como acontece agora, no exato momento que escrevo). 

Eu queria ser um homem santo, talvez assim minhas lágrimas sobre seu pequeno corpo pudesse revivê-lo. Mas qual, eu sou muito pecador, só tenho tido desditas nos últimos tempos.

Não recebo carinho das pessoas, mas aquele gatinho encostava a testa dele na minha demonstrando sua amizade e eu não consegui salvá-lo.

Sinto falta de encontrá-lo no portão ou cochilando debaixo das plantas, aguardando o momento de eu ou Vera chegar e dar a ração especial, a Wiskas, o leite, a água e os carinhos que ele tanto gostava. 

Adeus, meu menino, você não será esquecido!  

Dormindo debaixo da mesa de nossa casa.


6 comentários:

  1. Meus sentimentos.

    No final do mês passado, Mickey, o gato amarelo da dona da casa (primma da minha mãe) também faleceu. Já estava magro demais, ferido e co um caroço medonho numa da patas. Não chorei, mas achei uma pena.

    Dias depois, nos mudamos (eu, miinha mãe e meu irmão) pra outro bairro da mesma cidade porque o novo dono do terreno ia subir o aluguel! DESGRAÇADO!! É a segunda vez que um imóvel alugado é vendido com a gente dentro. Embora alguém diga que não é contra a lei (será mesmo?), acho isso imperdoável!!

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    1. Mudança de casa sempre foi um pesadelo para mim, caro Anderson. Dei sorte de morar no mesmo apartamento desde que vim secar meus ossos nessa terra de calor. No entanto há uns dias a imobiliária me ligou dizendo que a proprietária pretende por o apartamento à venda e aí, já sabe, né? Teremos que sair daqui. Breve começa o cansaço de procurar nova casa, gastar dinheiro com caminhão e todas essas coisas aborrecidas. C´est la vie.

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  2. Eduardo, só quem convive com esses pets sabe como eles se entrelaçam nas nossas vidas se tornando parte dela. Sempre tratei bicho como bicho, nada de subir na cama, nada deixar lamber boca, nada de roupinhas, mas dou comida mais cara que a que eu mesmo como, limpo, escovo, agrado, e acho que isso é o importante, você fez oq podia por essa criatura, o fato dele lhe procurar nos dias normais e no fim já mostra o reconhecimento que ele tinha por você e seus cuidados. Como vc disse, não temos o poder de cura-los como gostaríamos, nos resta fazer oq está ao nosso alcance. Eu passei por isso umas 3x na minha vida, na última jurei que nunca mais teria um pet pq a dor da perda é muito forte. Cá estou eu com duas meninas (gatinhas vira-latas) que "me adotaram". Uma com uma história peculiar de me seguir na rua da minha casa quando eu chegava do serviço, saia do nada e vinha atrás de mim, coisa que acontece até hoje, 7 anos depois, 8kg mais gorda, apelidada de grinalda por minha esposa, não desgruda nem no sono. Um dia outro bichinho te adota, e não faça como eu que relutei por muito tempo, pois eles não são postos na nossa vida ao acaso, hoje tenho plena certeza disso.

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    1. Muito bonito o seu testemunho, obrigado pelo lenitivo de suas palavras.

      Não é segredo, amo gatos, não a toa meu personagem de quadrinhos é um felino. John Lennon e Lovecraft tinham verdadeira afeição por gatos, já Adolf Hitler os odiava. Pelas observações que faço da natureza noto como é difícil a vida desses animais, sejam cats de rua ou leões. Sem essas criaturas os ratos proliferariam como pragas nas cidades.
      Grande abraço, meu caro!

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  3. Olá Eduardo, lendo seu texto me emocionei muito. Comecei a lembrar de meu pequeno cachorro bob, um amigo que fez parte da minha vida desde meus onze anos e infelizmente me deixou em 2019. O triste em remontar essas lembranças é perceber o quanto eu venho perdendo desde então, a vida parece uma busca por algo que não quero ou não mereço. Atualmente aos 25, trabalho em um lugar onde sinto apenas vazio e frustração, achei que havia superado o fim de um relacionamento de quatro anos, mas ainda percebo resquícios em minha cabeça, comecei a escrever um livro pra tentar enterrar isso de vez. É tão estranha a a sensação de viver apenas o passado e futuro, essa esperança de algo que virá daqui minutos, dias ou anos sempre me derrubou. Sinto falta do bob, dela e daqueles anos.

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    1. Ah, meu caro, o que você relata nesta mensagem, em muitos pontos lembram também acontecimentos vividos quando eu tinha 24, 25 anos de idade. Amei intensamente uma mulher nesse período e ela me deixou, por conta de trabalhar no mesmo local que ela, o ambiente se tornou uma espécie de calvário que eu tinha que suportar diariamente até me ver obrigado a pedir desligamento. Por conta dessa e outras situações desditosas o Zé Gatão acabou sendo criado com o fim de ser um porta voz das minhas aflições (sempre sofri de depressão profunda), meu encontro com Jesus Cristo e a arte me ajudaram nesta dura caminhada até o presente momento. Escrever um livro é uma forma de colocar para fora as suas angústias por isso eu te incentivo a continuar.
      Hoje em dia eu vivo pesadelos de outra ordem e me vejo num turbilhão onde não consigo achar saída, mas ela existe, tudo concorre para um auto aperfeiçoamento, senão para crescer aqui, com certeza para a vida eterna, por este motivo, nada de olhar para trás, é o seu presente, o aqui e agora que ditará o seu futuro, tudo é uma questão de escolha. Fique firme, o sol vai nascer.
      Lamento muito pelo Bob.
      Tenho boas notícias sobre o Zé Gatão PADA. Depois te falo.
      Grande abraço e lembre-se: você pode não sentir, mas o Senhor está cuidando de você.

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