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terça-feira, 27 de agosto de 2013

DETESTO ACORDAR CEDO.

A afirmação que dá título a esta postagem não é inteiramente verdadeira, na verdade eu SEMPRE acordo cedo, me desagrada é a obrigação de ter que madrugar, tipo, um compromisso qualquer que me imponha sair da cama as cinco ou seis da manhã, como tem acontecido para as consultas médicas nos últimos tempos. De resto é bom lembrar que não me deito antes da uma da manhã. Sou do tipo que precisa das oito horas de sono para funcionar adequadamente (algo que nos últimos anos não foi mais possível).

A última vez que tive que levantar com as galinhas foi semana passada, eu precisava chegar na editora que me encomenda serviços antes das nove horas, e o local é longe pacas (não há exagero, é longe mesmo!), daí era necessário eu estar em pé entre seis, seis e meia, por aí, para tomar café com calma, banho sem pressa, essas coisas. Aí aconteceu algo que é frequente nestas ocasiões, na expectativa perdi o sono umas quatro da madrugada, não consegui dormir mais. Silencioso para não acordar a Verônica vim ao estúdio, trabalhar um pouco e tentar organizar minha bagunça. Me banhei e comi devagar, quando ela acordou eu já estava pronto para sair. Beijei-a e ganhei o mundo. Um ônibus e dois metrôs até o outro lado do planeta.

Nestes horários os coletivos só andam lotados, entupidos de todo tipo de gente qua a pobreza pode gerar.
Meninas que deviam brincar de boneca com crianças no colo, velhos estropiados, gordas faladeiras, celulares em boa altura sintonizados em funks insuportáveis e por aí vai. Este circo de horrores parece muito comum em áreas onde reina a subcultura, desnutrição e falta de saneamento. Por exemplo, no trem haviam duas mulheres com vestidos de noite portando uns sacos plásticos enormes cheios de bugigangas. Provavelmente possuem algum comércio informal e vão lá vender suas quinquilharias, o interessante realmente é a indumentária inadequada num corpo, digamos, incomplacente. Uma delas trajava um micro vestido verde estampado, ela não tinha bunda nem cintura, sem pescoço, tronco curto, o que evidenciava as pernas muito longas e finas. Sei que pareço arrogante , severo, implacável e elitista dando estes detalhes, e talvez até seja mesmo, mas prefiro pensar que não sou hipócrita, na verdade me sinto até a vontade entre pessoas assim, muito mais que no meio de gente da "alta", o que me incomoda de verdade é não ter lugares para sentar e ser obrigado ouvir essas músicas horríveis nos onipresentes celulares (estas não dá pra aguentar mesmo!).


A editora parece a Bélgica plantada na parte mais precária da Índia. Lá tudo é formoso, organizado, limpo e arejado. Sou sempre muito bem recebido. Parece que meus rabiscos foram de tal forma apreciados que todos os funcionários me conhecem e me reverenciam. Fico sem graça, mas depois de muita relutância, aceito o apreço e os elogios. Batalhei muito para chegar até aqui e embora tenha muito ainda o que aprender, sei que esta é a minha porção nesta vida, a recompensa pelos anos de estudo e esforço. Não nego que trocaria muitas palavras, apertos de mãos, autógrafos e poses para fotos por um substancial aumento de salário, mas aí talvez seja pedir demais.
Embora seja chamado de "mestre" por muita gente, muitos desenhos ainda são rejeitados, é o caso destes que vemos hoje. Não foram aceitos. Para os livros que eles tem em mente preciso simplificar o traço e subtrair os detalhes. O cliente manda.


Meu retorno para casa foi tranquilo. Estava malemolente, sonolento, mas não me dou ao luxo de perder tempo, há muito ainda o que fazer, ô se há!

6 comentários:

  1. Olá Edu, tudo bem?

    Então, fiquei a pensar se não seria possível você mandar os desenhos a serem avaliados por e-mal, já que a internet é mais rápida e cômoda. Isso evitaria muitos transtornos. Mas claro, você pode não ter ido só pra apresentar as artes...

    Lindos traços, como é de costume um grande mestre que você é sim, por mais modesto que seja.

    Abraço

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    1. Salve, Takamura.
      Sim, todos os meus contatos com editoras, envio de artes, correções e tals são feitos por e-mail, mas neste dia específico eu precisava ir lá para assinatura de contrato e discutir os rumos de um novo trabalho, eu deveria chegar lá cedo porque o diretor tinha um outro compromisso após me atender.
      Obrigado por sua visita e comentário.
      Abração.

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  2. Hoje não vou elogiar os desenhos embora sejam ótimos. Xi, já elogiei. :) Bom, o elogio oficial vai pra narrativa da ida à editora. Daria uma ótima crônica realista. Foi divertido reparar que você já é desenhista no seu modo de perceber as pessoas. Eu, que sou pra lá de míope, mal reparo na aparência de quem quer que seja, mas registro tons de voz, sotaques e conversas inteiras. Sou praticamente um gravador. :) Abraço!

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    1. Obrigado pelos elogios, Carla. Curioso o fato de você não reparar na aparência das pessoas sendo que essa sempre me pareceu algo inerente à alma feminina, ouvi certa vez que as mulheres olham a vida por um microscópio e os homens por uma luneta. Percebo que muitos fatos da vida corroboram com esta afirmação. De qualquer forma sua percepção para os detalhes de sons devem ajudar na sua escrita, estou certo? Eu por minha vez só reparo mesmo nas coisas ao meu redor quando o ambiente me desagrada e não posso ficar alheio a ele, se pudesse sempre mergulhar na música ou na leitura eu o faria.
      Forte abraço.

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  3. Tenho levantado cedo ultimamente, só quando me pedem. Na última terça, levantei às 5 da manhã pra marcar clínico geral num posto de saúde e foi pro meu patrão. Em novembro do passado, levantei cedo pra ir expor na RPGCon de Portão e foi legal.

    Ah, ninguém merece esses funks de celulares!

    Desenhos legais. Se eu fosse o editor, aprovaria. Até...

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    1. Continuo acordando cedo e passo o dia bocejando. Sei lá, cara, tá tudo muito complicado, mas vamos levando.....na bunda!
      Valeu, Anderson.
      Abração.

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