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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

ANTES TARDE QUE NUNCA.

Amadas e amados, boa noite.

Hoje meu irmão caçula completa mais uma primavera. Já falei com ele mas deixo aqui registrado meu amor incondicional. Feliz aniversário, Rodrigão!

Depois de ficar quase dois dias longe da internet e da prancheta, só agora a noite (são exatamente 22:15 hs) sento diante do computador. Dei uma rápida olhada nos meus e-mails, nada de relevante senão aqueles anúncios de vendas e um recado de uma turma que tinha um projeto no Cartarse (um que colaborei) informando que enviarão o livro só a partir de fevereiro. Cara, eu nem me lembrava mais disso!
Olhei também o Facebook, alguém me disse que se um artista quiser ser conhecido pelo maior público possível deve fazer a sua parte se exibindo nas redes sociais. Bem, no Facebook também não havia nada demais, nenhum editor com grana pra gastar querendo investir em meus projetos pra me tirar da maré ruim que me agarrou a uns meses e não quer soltar de jeito nenhum. Só pra vocês terem uma ideia, entreguei as ilustrações do último livro que fiz a mais de um mês e um pagamento que estava previsto para vinte dias atrás ainda não entrou! É a coisa mais chata ligar para o setor financeiro da empresa e ouvir desculpas esfarrapadas. Os juros das minhas contas atrasadas não querem saber. Acho que vocês também não, então mudo de assunto.

Fiquei sem trabalhar esse tempo porque ontem pela manhã aconteceu uma pequena tragédia dentro do meu estúdio. Preciso de mais umas duas estantes de ferro para poder colocar uns livros e quadrinhos que estão trancafiados em caixas desde que vim morar neste local quente. De lá pra cá, é claro, meu acervo só fez crescer. Fui empilhando livros e gibis, além de folhas de papel com anotações e esboços. A montanha foi se erigindo e eu pensava, tenho que dar uma arrumada nisso, uma hora essa porra cai na minha cabeça. Já uns dias vinha notando que a pilha estava meio enviesada, cuidadosamente dei uma "arrumada" prometendo a mim mesmo distribuir melhor aquilo assim que sobrasse um tempo. E o maldito tempo nunca sobrava, tem sempre algo mais urgente, como comer, dormir e escovar os dentes, por exemplo. Tenho que ressaltar que boa parte da minha bagunça se faz necessária pois são livros que de alguma maneira estou sempre consultando. Bem, logo cedo, liguei meu notebook em cima da prancheta pra começar a minha rotina de trabalho, atualmente, além do Poe, ilustro Noites na Taverna, do Álvares de Azevedo. A Verônica me chamou lá na cozinha pra alguma coisa, enquanto falávamos ouvi um som de coisas caindo, algo como som de metal estatelando no chão. Corri para ver o que era e os livros e papeis estavam todos espalhados por sobre minha mesa, cadeira e chão. Na queda, os livros acertaram meu laptop jogando-o no assoalho. A primeira coisa que pensei foi: me fudi! Como vou trabalhar agora? Ao notar minha exasperação a Vera falou: calma rapaz, damos um jeito. Pegou o aparelho do chão e notamos que a despeito da queda e dos livros que se amontoaram sobre ele, estava intacto, funcionando perfeitamente! E olha que tem idiota que não acredita em Deus!
Bem, o tal tempo que nunca sobrava acabou se estendendo pela matina, post meridien et vesperam. Como ainda não tenho condições de comprar as tais estantes de ferro, remanejei as caixas de maneira a torna-las mais seguras. Fiz uma reforma quase total em meu ambiente de trabalho, separando papeis que vão se aglutinando aqui e acolá, são esboços e mais esboços, notas e artes finalizadas, tanto de materiais já publicados, projetos em andamento e outros ainda no limbo. As vezes não sabia onde colocar ou mesmo o que fazer com aquilo. Uma onda de pensamentos tomaram conta da minha cabeça e na verdade não são pensamentos novos, venho meditando sobre isso já a algum tempo. Pra que acumulo tanta coisa? Vou reler todos esses gibis? São mesmo úteis ainda hoje?
Tempos atrás, o Leandro Luigi Del Manto, editor da Devir, colocou diversos quadrinhos à venda no Facebook. Pensei: puxa, que pena, o Leandro está se desfazendo de suas hqs! Na verdade ele só estava se livrando dos excessos, buscando espaço em seus armários. Acho o desapego uma coisa importante, algo que ainda não desenvolvi inteiramente, penso que tudo que conquistei foi tão árduo que me agarro aos troféus como para me lembrar que lutei muito por eles.
E pra que guardo tantos rabiscos? Porque faço tantos desenhos que, na real, nem mostro a ninguém? Talvez, lá no fundo queremos nos imortalizar, deixar algo para futuras gerações. Hoje muitos querem saber mais sobre o poeta Cruz e Souza, o Dante Negro, que ao ser vencido pela tuberculose foi transladado de Curral Novo ao Rio de Janeiro num vagão destinado ao transporte de cavalos. Tivesse ele deixado notas, rascunhos, pensamentos que só diziam respeito a ele, teríamos uma maior dimensão de seu talento - talvez tivesse deixado e não tenha sobrevivido ao tempo, vai saber - o fato é que tudo, no fim das contas, não faz muito sentido.
Quantos ainda me lêem aqui? Digo, os textos mais longos? Ao me iniciar neste blog eu tinha quase 500 visualizações diárias, caiu para 250 a 300 depois de um tempo e hoje vai de 50 a 150. No Facebook as solicitações de amizade vão se somando day by day, mas quantos ali sabem mesmo o que faço? Quantos já leram um quadrinho do Zé Gatão ou já ouviram falar do personagem? Muito poucos pelo que pude notar. Os novos artistas então, nem se fale, esses só estão centrados em suas produções.

Bem, o Livro de Eclesiastes fala disso tudo de maneira irrefutável.

Diminuí muito minha compra de quadrinhos, livros, filmes e cds, mas sei que ainda vou adquirir aqueles que me interessam, dos autores dos quais sou fã, mas a tendência é me ausentar mais e mais disso tudo, tanto que por mais convites que surjam para parcerias em projetos como o Golem, por exemplo, eu não sinta o mesmo entusiasmo de outrora.

Meu espaço agora ficou diferente, mais arejado (pode ser só impressão) e amanhã bem cedo retomo as atividades, se o Senhor permitir. A luta não pode parar.
Estou sem corretor de texto, então perdoem algum erro. Fiquem com mais um desenho para um livro infantil.
Bom fim de semana a todos.



4 comentários:

  1. Que alívio! Pensei que o notebook tinha dançado, Schloesser. Dizem que quando um acidente desses acontece (um acidente que poderia ter dado o maior prejuízo, mas não deu) é que Deus está nos avisando pra mudar algo relacionado ao assunto. É um tipo de "Fica esperto, meu filho!" Adorei o porquinho. Coisa mais fofa o jeito dele. Abraço! E fica esperto! :)

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    1. Esperteza nunca foi meu forte, Carla, mas sigo tentando. Arrumei meu canto aqui de maneira que se eu for colocando livros uns sobre os outros eles não fiquem pertos de mim e nem fiquem tão altos. O notebook é necessário que fique próximo, não tem outro jeito, sempre uso para ouvir música e procurar referencias na net. Este é um trabalho solitário por demais, sem música não dá.
      Que legal que gostou do Tião, o porco. Obrigado.
      Abração.

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  2. Puxa, quando acidentes assim acontecem, é mesmo desesperador. Mas que bom que no final o maior prejuízo tenha sido apenas seu tempo. Arrumação forçada. Tempos atrás fiz uma prateleira por aqui e estava todo contente de ter conseguido (sou meio inábil para essas coisas). Resultado: caiu tudo pois usei umas tábuas muito pesadas e as buchas arriaram.
    Esse lance de juntar coisas sei como é. Tenho os mesmos questionamentos.
    Bom final de semana pra vc e a Verônica.
    Grande abraço.

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    1. É, amigão, ter uma estante de madeira de lei com todos os livros bonitinhos e arrumados é para quem pode mesmo. As vezes vejo as coleções de algumas pessoas e dá até inveja. Meu estúdio é bem bagunçado se comparado com o de alguns artistas, felizmente não estou sozinho, o espaço do Simon Bisley aparenta ser caótico.
      Quanto a juntar as coisas, bem, as vezes não dá pra evitar, já vi caras que são colecionadores mas só de coisas antigas, não acompanharam os novos tempos, resultado, com essa coisa de parar de consumir acabaram defasados. Atualmente tenho tentado frear minhas compulsões selecionando o que compro. Nos últimos anos ganhei muita coisa de editores amigos meus e minha coleção de graphic novels multiplicou bastante.
      Obrigado por me pretigiar aqui.
      Abração e bom weekend pra você e a graça, também.

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