A minha alma está salva. É uma questão de fé e na verdade é o que importa. Mas meu corpo está em perigo, na verdade sempre esteve, mas após passar por inúmeras situações de forte estresse sinto isto com mais rigor. Não falo metaforicamente, meu corpo está em perigo de fato. Mas não importa. Tudo deve terminar um dia. Tudo passa, tudo passará.
Houve um tempo na vida em que eu tinha grandes sonhos e projetos, eu não era um desenhista tão bom, nem sei se hoje eu sou tão bom, talvez as pessoas que tem simpatia por minha pessoa veja nos meus traços e estilo algo mais do que são na verdade, vai saber. Hoje eu já passei daquela fase de achar que se não obtive sucesso com minha arte é porque ela não presta. Nem tudo que é sucesso é bom de fato. Tem obras por aí (música, livros, filmes e HQs) que rendem muita grana mas para mim não passam de uma bela bosta. E tem coisas que não tem como fazer sucesso porque é uma merda mesmo.
Mas eu dizia do tempo em que eu tinha esperanças e muita disposição. Eu quis, assim que cheguei a São Paulo em 1992, inspirado por uma exposição de fotografias sobre a Guerra de Canudos, criar uma saga em quadrinhos sobre o assunto. A tal guerra completava 100 anos e o Estadão nos brindou com um caderno cheio de informações sobre. Mas foi num tempo pré Arthur Garcia e Zé Gatão, onde eu tinha desenho mas não uma boa arte final, muita energia mas pouco planejamento para algo tão ambicioso. O tempo passou e a ideia morreu. Perdi o interesse.
Outra era fazer uma grande aventura no período colonial do Brasil (sempre tive este fraco por sagas históricas). Um remanescente das cruzadas viria numa das caravelas dos portugueses atrás de um desterrado para consumar uma vendeta. Esta realmente eu quis fazer a sério, eu já tinha publicado quadrinhos e meu nome já circulava na boca de alguns, mas os inúmeros entraves, a falta de mercado no país, a sempre luta pela sobrevivência foi enterrando o entusiasmo e a coisa morreu na minha cabeça. As vezes eu penso nas cenas que idealizava e hoje elas não me parecem tão sedutoras. Foi assim com muitas aventuras de Zé Gatão, não pude por no papel e ficou no limbo. SIROCO foi destas que surgem de repente e eu comecei a esboçar as páginas meio só de diversão e tratei de desenhar antes que ela fenecesse. Mas estou fazendo sem ter exatamente um roteiro a seguir, as ideias vão surgindo e eu vou ilustrando. Claro, eu tenho em mente o que quero e sei qual o final da história, mas o bacana é como você vai desenvolvendo entre o início e o término, sem encheção de linguiça. Mas eu penso que este, como o primeiro álbum é algo menor dentre as minhas obras. Ela me serve como purgante mais do que nunca.
Phobos e Deimos nunca foi publicado e eu acho um dos meus livros mais legais. Será que sairá postumamente? Acho que não.
A Vida e os Amores de Edgar Allan Poe saiu sem nenhum alarde e baixas vendas.
Prometem "O Bicho Que Chegou à Feira" para este segundo semestre.
Tenho planos para uma graphic novel intitulada "A Mulher do Karateca" e mais umas duas aventuras HQs curtas ou médias de Zé Gatão, mas são apenas planos, se eu conseguir, ótimo, senão, dou minha missão como cumprida.
Eu queria comentar sobre uns artistas que conheci nos anos 90 em sampa, mas fica para outra postagem, quem sabe, não dormi esta noite e há uma forte tensão no ar. Melhor encerrar, por hora.
Como não tenho nenhuma arte particular para postar vamos de mais uma para um clássico.
Escrevi apressadamente sem revisão, queiram perdoar possíveis erros.
Fiquem com Deus!
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Oi Eduardo, Sua arte é ótima, você não pode esconder, anunciar, ser barulhento e mostrar presença. Pena que o mundo aprecia cada vez menos arte e livros.Deseja você uma semana com muitas boas ideias, que Deus abençoe e proteja você.
ResponderExcluirObrigado por seu comentário e votos, minha amiga! Sim, eu sei que muito do sucesso de um produto depende da sua divulgação e eu promovo a minha arte como posso, mas como você mesma falou, o mundo hoje se importa pouco com a arte ou ainda, arte se tornou algo medíocre, com músicas ruins, livros para uma geração de idiotas e politização cada vez maior no meio. Mas seguimos lutando com boas armas.
ExcluirUm forte abraço!
Bom saber que já tem outras HQs prontas pra publicação, Schloesser. Cuide da saúde pra estar em forma quando forem lançadas. Abraço!
ResponderExcluirSim. Elas demoram mas uma hora saem.
ExcluirVou fazendo o que posso aqui, minha cara. Seguindo devagar e sempre.
Grande abraço e muita gratidão!
Sua arte é detalhadíssima e única.
ResponderExcluirNão sei se já te perguntaram, mas me veio em mente... qual a hq ou ilustração mais trabalhosa que você já fez?
Abraço!
Muito obrigado pelas palavras, meu querido!
ExcluirOlha, eu costumo dizer que a hq mais trabalhosa é a que estou desenvolvendo no momento, mas saindo do clichê, eu diria que foi A VIDA E OS AMORES DE EDGAR ALLAN POE. A sequência MEMENTO MORI e DAQUI PARA A ETERNIDADE também foram complicadas pois foram desenvolvidas em 3 estados diferentes, São Paulo, Brasília e concluída em Pernambuco, mas aí era um projeto meu em que trabalhei nos dias e horas que pude, sem uma pressão de tempo.
Grande abraço!