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domingo, 31 de março de 2019

ETRIGAN VERSUS HELLBOY



Está chegando mais um filme do Hellboy e pelos trailers já deu para notar que terá muita comédia. Eu gosto dos filmes anteriores com o Ron Perlman e sob a batuta do Guilhermo Del Toro, mas na real ele não foi assim tão fiel ao personagem dos quadrinhos, pelo menos não na personalidade do vermelhão. E tenho visto em bancas um ressurgimento de uma das criações do Jack "King" Kirby, Etrigan, o demônio que fala tudo rimando. Fiz uns esboços destes personagens demônios se confrontando. Quem venceria? No Facebook as apostas são para o HB, talvez por ele ser mais famoso. Eu não curti muito esses desenhos, mas fica aqui o registro.

Eu fico me perguntando se alguém consegue mesmo viver de arte pura e simples. Não digo só no Brasil, mas no mundo, na vida. Talvez na publicidade, nos games, designers de cinema e tv, bem, esses devem mesmo ganhar uma bela soma e ter uma vida legal. Mas será que isto os realiza interiormente? Nas HQs, eu sei que é pouca gente que consegue mesmo aliar aquilo que chamamos de passar sua alma através de seus traços e personagens para o público e ganhar dinheiro com isto. Na verdade, mesmo eles licenciam suas criações para outros meios (filmes, desenhos animados, jogos, bonecos, capas de caderno e etc). No Brasil os exemplos mais conhecidos são o Maurício de Souza e Ziraldo. Tivemos também os cartunistas que explodiram na revista Circo mas este é um outro caso.

Eu, pela muita misericórdia de Deus, consigo pagar minhas contas executando minha arte. Pago o aluguel, faço a feira mensal, água, luz e internet (e não raro, minha família me ajuda). Mas nunca consigo programar um passeio ou comprar um tênis novo. Eu deveria (E SOU!) grato pelo que tenho, mas a fadiga mental e física se faz notar mais do que nunca. Não sinto mais prazer em rabiscar meus desenhos malucos em meus sketchbooks, nem pintar uma arte do Zé Gatão apenas para satisfação pessoal. O que faço ainda é pela urgência em continuar sobrevivendo. Talvez isto seja só um reflexo dos momentos difíceis que tenho vivido, pode ser.

Não sei se tivemos sempre muitos e muitos desenhistas e eles estavam escondidos e agora as redes sociais tiraram o véu, sei lá, o caso é as vezes eu vejo no Facebook anúncios de escritores solicitando portfólio de desenhistas para ilustrar seus escritos e surgem dezenas e dezenas de artistas. Todos querendo uma chance, todos precisando de trabalho. Não falo de concorrência, sempre há espaço para todos, mas é um meio bastante difícil de trilhar e eu me sinto triste por eles. Triste por meu amigo da Suíça, um dos maiores pintores que tive o prazer de conhecer pessoalmente, falando em aposentadoria. Tantos e tantos anos na Europa produzindo arte e HQs de altíssimo nível e nunca conseguiu efetivamente viver de arte sendo ainda desconhecido do grande público.

Nunca me esqueço das palavras de um colecionador de quadrinhos, um cara muito inteligente, uma espécie de doutor no que se refere ao quadrinho nacional e também esteve a frente do prêmio Ângelo Agostini: "Gostei do seu álbum Zé Gatão, tio (ele me chamava assim, mesmo sendo mais velho que eu), mas esse negócio de ter prefácio do Arthur Garcia no livro, isso é coisa para quem tem nome, é famoso, você não é e nunca será, você sempre será um NADA!!!!"  Eu não respondi mas lutei muito para desmentir a ele e aos caras do Artcomix. Depois de tantos anos, eu noto que eles tinham razão. Sempre bati com a cara no muro chamado INCOMPREENSÃO.
Estou velho demais para me entristecer com este pensamento, aceito o que é. Meu irmão médico disse sabiamente certa vez que perdoar não é esquecer, mas lembrar sem mágoas. E eu não nem tenho o que perdoar àquelas pessoas. O que passou, passou. Mas eu confesso que queria ter vencido na vida. Só para poder envelhecer sem tantos percalços.

Mas ok, continuamos na batalha.

Ainda não consegui tempo para continuar a saga do Ed Palumbo. Nem sei se vale a pena, o último conto não rendeu quase nenhum comentário, salvo do Luca, que é suspeito.

Abraços e beijos a todos.


13 comentários:

  1. Predizer que alguém nunca será ultra famoso é fácil. Quase ninguém será mesmo. Dizer que será um nada é absurdo e só atrapalha. Quem sabe o caminho das pedras devia ensiná-lo em vez de prognosticar afogamento. Abraço, Schloesser!

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    1. Olá, Carla! O cara que afirmou que eu sempre seria um nada e que jamais me destacaria no meio dos quadrinhos denotava inveja nas palavras e no olhar, quem presenciou o fato percebeu isso. Ele repetiu esta dose em pelo menos mais outras duas ocasiões mesmo eu evitando contato com ele. Eu nunca fui de responder na mesma moeda, não é covardia, é que parto da premissa bíblica de que não se paga o mal com o mal, mas se vence o mal com o bem (palavras do Senhor Jesus). Mas fica muito difícil não lembrar destes vaticínios quando me vejo hoje numa situação tão delicada e notando que qualquer mudança no quadro (se mudar) chega tarde demais.

      Obrigado por seu comentário e apoio.

      Abraços!

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  2. Você venceu, brother! Você é um artista gigantesco, não só para mim, mas para um monte de gente!
    O problema é que viver de arte é complicado, ainda mais em nosso país.
    Um abraço,
    L Saretta

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    1. Obrigado pelas palavras de incentivo, Lúcio! Sim, é verdade, nesta estrada, sei que me acompanham (nunca me comparando) pessoas do quilate de Van Gogh, Poe, Rembrandt, para citar alguns mais famosos. É uma caminhada difícil e eu já estou bem cansado. Mas ainda sigo em frente.
      Abraço!

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  3. COMENTÁRIO DO MEU CHAPA, LUCA FIUZA

    "Antes de começar meu comentário sobre este Post da Semana, vale a pena mencionar: a fantástica ilustração de Felipe Camarão! Ficou magnífica devido a técnica que você empregou para arte-finalizar a obra! Sem palavras! Gostei da sua barba e do bigode na foto! Deu um ar grave! Senhorial! É uma foto antiga, né? O problema de barba é que enquanto está crescendo dá uma coceira danada e depois que cresce requer cuidados para se manter cuidada e limpa! Eu só fiquei barbudo de fato uma vez. Foi durante os três meses que passei na Inglaterra nos idos de 1988. De volta ao Brasil, raspei. No máximo deixo barba e bigode crescerem durante a semana. Raspo a cara na 6a ou no sábado. Já deixei por 15 dias, mas coça muito enquanto cresce. Além disso, tenho pouca barba. Ela cresce mais no queixo (já está quase toda branca. Sob o nariz, um bigodinho ainda escuro e dos lados da face uma costeleta (já grisalha) que junta falhadamente com a barba do queixo! Ou seja! Não fico bem de barba! Às vezes penso em deixar de 01 a 02 meses sem fazer pra ver como é que fica, mas a coceira e o desconfiômetro me fazem tirá-la! C’est la vie! Barba pra quem tem barba!

    Eu acho o Hellboy interessante, mas curiosamente li poucas HQs dele. Vi os dois filmes do Diabão Vermelho na NET. Portanto, sou pouco abalizado para falar sobre sua personalidade! Gostei dos dois filmes dirigidos pelo Del Toro e o Ron Perlman encenou legal o personagem! Igual ao velho Wolverine ele é adepto de um charutinho! Já em relação ao Demônio Etrigan eu sou mais versado e li muitas revistinhas dele. Curto demais o amarelão e o acho muito mais foda e poderoso que o Hellboy! Sendo capaz de fácil, fácil dar uma coça no de “Chifres Serrados!” Talvez no auge do poder e da malignidade o Hellboy ficaria mais parelha com o Etrigan? Quem sabe? Curti o seu desenho do embate dos dois Filhos do Inferno, meu velho! Colorido, o desenho ficaria o bicho!

    Boa colocação, meu velho! Artista que vive de maneira independente, dá pra contar nos dedos da mão! Na Publicidade, TV e Cinema dá tirar o seu com muita dificuldade, trabalhando para uma empresa ligada a estes ramos, construindo a carreira e fazendo nome para talvez um dia se destacar através do PRÓPRIO NOME e DA PRÓPRIA FAMA! São muito poucos no Brasil e no Mundo! Maurício, Ziraldo, Frazetta, Corben, Eisner, Liberatore e outros! Até que a lista não seria tão pequena assim...mas os que estão e estiveram no auge são poucos! Em geral, o Quadrinista trabalha para alguém ou é independente! A maioria anda comendo capim pela raiz!"

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  4. SEGUE O COMENTÁRIO DO LUCA:

    "Você, já disse à exaustão, decidiu viver da Arte e teve a determinação de perseguir este sonho! Mal ou bem esta profissão põe a comida na mesa e permite pagar as contas! Não é o ideal! Não é o que você esperava quando começou. Chegou o ocaso da vida e tal! Contudo, hoje você tem experiência em lugar das velhas ilusões da mocidade. E o que isto traz? Consciência e talvez meios de ver a vida de modo mais equilibrado e consciente! Seu talento e você sabe, vai além de um personagem só, no qual você jogou todas as suas fichas por anos a fio! Infelizmente a colheita foi magra e eu de certa forma, tomei esta consciência quando também eu tentei com meus pobres escritos alavancar o dito personagem! Sem falsa modéstia, nós não fizemos maus trabalhos, pois dentro das proporções, os álbuns e os contos tiveram alguma repercussão no Blog e nas publicações que você efetuou por meio de certas Editoras. No mais não deslanchou! Por que? Já o discutimos como se tivéssemos chupado uma laranja cheia de caldo até o bagaço! Estamos ficando velhos, você e eu!...."

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  5. E O COMENTÁRIO DO LUCA CONCLUI AQUI:

    "E mais do que nunca, o cansaço físico e mental nos lembram que a energia da Juventude a cada dia escorre como água pelos dedos das mãos. A idade e a experiência por mim já citados, poderiam desvendar outros caminhos, outros rumos para a Arte. Mas francamente, querido mano, não sei até hoje lhe dizer quais são e se viveremos para os descobrir! Como também já disse, diferentemente de você, a Arte não é o meu ganha-pão! Se fosse, eu estaria na miséria, passando fome! Depois da minha última experiência com Concursos Literários, resolvi dar um tempo. Percebi que meu estilo nada tem a ver com que está aí. Talvez minha forma de escrever não tenha a devida consistência literária, talvez por demais pueril! Não sei e nem sei se adianta saber! Não estou desanimado como pareço, porém! Continuo devagar escrevendo o tal do Romance Histórico. No entanto, agora resolvi apontar minhas baterias criativas para a minha escola, onde meus escritos e a reedição de nossas peças pedagogicamente orientada está atraindo a atenção de crianças, adolescentes e colegas que curtem e pediram para utilizar meus escritos no sentido de incrementar ações pedagógicas no ambiente escolar! Ou seja…! Rodei, rodei e voltei ao início de tudo! Minha Arte verdadeiramente é para quem me conhece e gosta! Não vou ganhar dinheiro por causa dela! Mas se ela ajudar outras pessoas e cumprir seu papel lúdico e divertido, será para mim um prêmio que dinheiro nenhum no mundo poderá pagar! Conclui que nem todo mundo nasceu para brilhar e ser mundialmente conhecido e ovacionado! Ainda assim, nós artistas temos que ir aonde o povo está! Nem que seja em uma escola de periferia como eu ou em um obscuro blog e nas páginas do Facebook como você! E digo mais, Eduardo Schloesser é um nome que despontou no Mundo Artístico e que lá está! Em edição limitada, mas está! Tem seus e suas fãs! Tem o respeito e admiração de expoentes como Alan Alex, Nestablo Ramos, Leandro Luigui Del Manto e dos que estão começando e já estão na estrada! Não é pouco não! É o resultado da longa luta e da vontade férrea do Guerreiro do Traço que você é. Tenho orgulho de você, sinceramente. Eu da minha parte não me queixo mais, também! Cheguei tarde para comer um pedaço da torta e sei que talvez não viva o suficiente para conquistar o velho sonho de escrever e publicar que teima em não morrer em meu coração. Como você vou seguindo sem ilusões fortes, sem quimeras mil, escrevendo como um prazer e uma catarse! Ciscando aqui e ali, comendo a referida torta pelas bordas, tentando achar alguma rota, alguma saída, mas muito ciente que se o sonho não se concretizar, continuarei vivendo feliz a cada dia por, pelo menos, ter tentado.
    Lamento pelos talentosos(as) que lutam e não têm oportunidade, reconhecimento e sucesso e por aqueles que conseguiram, mas que já chegaram ao seu limite e têm que parar de produzir, ou o querem! Até os cavalos se aposentam! A tristeza é que muitas vezes as lacunas deixadas pelos grandes que saem não são devidamente ou completamente preenchidas. É isto! Penso que disse tudo e um pouco mais! È seguir lutando e sei que apesar do peso da idade que chega e o cansaço de tudo, Eduardo Schloesser, inspiração de conhecidos e desconhecidos jamais entregará os pontos enquanto bater aquele grande coração, pois mesmo envelhecido, como eu estou e me sinto, a chama jovem que nos fez pegar a pena há muitos anos para desenhar/escrever não se apagará até o último dia de existência! Tô certo ou tô errado?"

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Meu caro Luca, obrigado por seu extenso comentário.
      A foto é recente, na verdade a última que tirei.

      Etrigan e Hellboy são dois personagens divertidos. Há um terceiro esboço dos dois combatendo mas só vou mostrar depois.

      Como você mesmo disse, já discutimos esse assunto de vencer ou não em determinada área e não há receitas de bolo. Uma coisa é certa, além do talento, tem que ter muita SORTE. Tem que saber se vender, saber divulgar o trabalho, adequar este mesmo trabalho ao gosto popular, coisas que não sei como fazer, acho que necessita um certo dom para isto, mas não importa mais, o tempo passou e eu definitivamente estou exaurido. Como já disse antes, provei o que tinha de provar como artista, o que vier de bom agora, é lucro.

      As coisas que escrevo aqui é mais para desabafo mesmo.

      Grande abraço!

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  6. Fala, Eduardo! A barba lhe caiu bem.
    Eu sempre estou tentando ver o mundo como um mundo de oportunidades, mesmo que à minha volta esteja cheio de contas a pagar, dinheiro curto e desafios. Acho que nós brasileiros, e além disso artistas, nos acostumamos com pouco. Infelizmente. Não estou reclamando nem olhando o prato alheio, mas quando tenho que pagar um pedreiro, por exemplo, constato tristemente que não somos muito valorizados. Qualquer servicinho cobriria facilmente algumas semanas minhas no quesito renda. Claro, é um trabalho pesado, mas o artista não faz também um trabalho espetacular e único? Pois é. O lado bom disso é que eu particularmente, comecei a me valorizar mais.
    Eu o vejo como uma grande referência artística e um vitorioso sim. Não se deixe nunca diminuir. O entusiasmo creio, é como uma maré, ás vezes sobe, ás vezes desce. Logo, logo, você volta a ter vontade de rabiscar seus "desenhos malucos".
    Fico aqui, torcendo para que as coisas melhorem, pra você, pra todos nós.
    Grande abraço!

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    1. Você é uma pessoa de grande coração, meu caro Gilberto, muita gratidão por seu apoio e incentivo. Suas colocações são pertinentes e endosso. Viver de arte é uma grande luta, eu não sei se sou referência, mas agradeço que você assim o ache.
      Os problemas que passo nestes últimos tempos, não é apenas financeiro e nem exatamente saúde, mas algo que me acompanha a 24 anos e tem se intensificado desde 2015. Não é de bom alvitre declinar publicamente pois envolve pessoas próximas, mas isto tem sugado quase tudo no que diz respeito à minha inspiração para a arte e consequentemente, trabalho.
      Mas vamos seguindo com fé em Deus.

      Grande abraço!

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  7. Bom, já devo ter dito que ser artista em nosso país é relativo.

    Nunca li nada do Etrigan, mas conheci ele pelos desenhos do Batman e da Liga da Justiça na TV. Hellboy acho muito divertido. Li várias histórias dele e acho uma pena que nunca lançarão o 3º filme com envolvimento do Del Toro.

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    1. Sim, Anderson, concordo, discutir sobre viver de arte não leva a direção alguma, são muitos poréns.

      Gosto do Hellboy, muito mais dos quadrinhos que dos filmes, mas estes também divertem. Li Etrigan no passado (Ebal? Não lembro) com histórias do Kirby. Mas lembro mais dele escrito pelo Alan Moore nas hqs do Monstro do Pântano.

      Abraço!

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