img { max-width: 100%; height: auto; width: auto\9; /* ie8 */ }

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ARTE ENCOMENDADA. ( SHEEVA X GRACE CHOI )






 É muito difícil trabalhar com artes particulares. Num passado bem distante, quando todos morávamos em cavernas e o mundo girava mais lento e não havia internet, nem celulares, nem tvs de lcd e coisas do tipo, eu fazia retratos a óleo, a carvão e etc para aliviar um troco, era uma coisa complicada pois esse negócio de retrato rendia uma grana mas também momentos constrangedores. Explico: todos temos dentro da cabeça uma "auto-imagem", ou seja, por mais que nos olhemos no espelho - a imagem refletida ali - um tanto mais do que ela é na verdade, é como gostamos de nos ver. Em contrapartida as pessoas em nosso derredor no veem de outra forma, não exatamente diferente do que vemos no espelho, mas olhando de ângulos  diferentes, tem-se uma visão mais completa, talvez. Não sei se me fiz entender, não sou lá muito bom em traduzir em palavras o que está dentro da minha cabeça.
Só pra confirmar o que disse, certa vez em 1988, uma amiga da minha mãe, me indicou um trampo. Um oficial da marinha, morador da nossa quadra em Brasília, um apaixonado pela esposa, quis dar de presente no aniversário dela, um retrato a óleo. Fui na casa dele uma hora em que a mulher estava ausente (o presente era pra ser surpresa) e acertamos o preço. Ele me deu uma foto dela para executar a obra, uma mulher comum, nada demais, nem feia, nem bonita, pra falar a verdade, mais pra feia que bonita. Fiz o tal retrato e no dia marcado, o dia do tal aniversário, a pedido dele, fui levar o quadro. O cara adorou, a filha dele também, se emovionaram e tals. Eu me emocionei ao receber o cheque.
O problema foi na hora de mostrar "o presente" à mulher. Fizeram ela entrar na sala com os olhos fechados e toda esta pataquada. Quando ela abriu os olhos e observou a coisa, pela expressão dela, tive vontade de cavar um buraco e sumir dali. Ninguém disse nada, ela olhou em volta, fixou-se em mim tentando entender quem eu era e o que estava fazendo em sua casa. "Esta sou eu?!?" Indagou ela com incredulidade. "Mas eu não sou assim! Quanto você pagou por isto?" Ela quis saber. O marido sem graça, me apresentou e eu emendei dizendo que precisava ir embora. Agradeci a todos e evaporei.
O retrato estava tal e qual a foto que o cara me deu. Mas a mulher não se via daquela forma, ou não se aceitava daquela forma. Fatos como este me fizeram desistir de pintar rostos.

Um rapaz que curte meu trabalho me encomendou a criação de uma arte original, Grace Choi, heroína casca grossa da DC se digladiando com Sheeva, do Mortal Combat, lápis de cor. Não me sinto a vontade com arte comissionada, nunca sei se vai agradar, eu pessoalmente sempre tenho um monte de ressalvas. Mas ele parece que apreciou. Abaixo, as etapas do processo.
















6 comentários:

  1. Meu Deus, perfeita a sua coloração a lápis de cor.
    Parabéns cara. Eu me recuso fazer retratos também, invento desculpas e tal. As vezes pego um modelo qualquer na internet e desenho. Já sofro demais com minhas cobranças pessoas, se algo como o que contou acontecesse comigo, de certo, se tornaria um trauma.
    Takamura do blog: Tatsu Estúdio

    ResponderExcluir
  2. Nem me diga, rapaz. Recentemente tive que fazer um retrato a lápis. Bateu uma puta insegurança por causa destes acontecimentos funestos. Felizmente o cliente adorou e deu tudo certo, mas permaneço com a decisão firme de evitar este tipo de trabalho sempre que possível. Grato por seus elogios e um forte abraço.

    ResponderExcluir
  3. Puxa, também tenho problemas com retratos e caricaturas de vez em quando. E esse lance do espelho é verdade. A gente olha, mas a mente da gente nos faz ver diferente. Acho que isso explica fotos que nos fazem ficar tão diferentes. Mas algumas pessoas têm uma auto imagem distante demais da realidade. Sobra pra nós, que em vão tentamos captar a imagem dessa pessoa.
    Seu lápis de cor é demais.
    Abração,

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O caso mencionado aqui foi o mais traumático, mas ouve outros; claro, tive também muitos elogios, mas se pesados na balança, não vale a pena o esforço, principalmente porque nunca pagam o valor que a coisa merece.
      Obrigado, amigo.
      Um abraço.

      Excluir
  4. Então, a pessoa que encomendou gostou? Acho que ele tem bom gosto, hehe.

    ResponderExcluir

ZÉ GATÃO POR THONY SILAS.

 Desenhando todos os dias, mas como um louco, como fiz no passado, não mais. Não que não queira, é que não consigo; hoje, mais que nunca eu ...