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domingo, 2 de dezembro de 2018

A VELHA GUARDA.


Houve uma manhã esta semana, não lembro exatamente qual, acordei com o dia raiando, os primeiros lumes do sol expulsava a madrugada. Precisava ligar a bomba d´água, Vera toma banho logo cedinho. Caminhei até o portão, vinha um vento fresco oriundo da praia que fica a umas três quadras de onde moro. Observei o céu que prometia mais um dia quente e me veio à memória as palavras do salmo 121: "Elevo os meus olhos para os montes; de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor que criou os céus e a terra".
Preciso deste socorro estes dias mais que nunca. Mas tenho que esperar com paciência, tudo acontece no momento certo.

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Qual será a música mais famosa dos Beatles? Yesterday? Hey Jude? Help? Eu diria que é Yesterday. E dos Rolling Stones? Satifaction? Lady Jane? Angie? Eu penso que seja Satisfaction.
Vou falar abreviadamente de música hoje, uma das poucas coisas, além do desenho, que me acalmam a alma. Mas não de música gringa, mas das canções que ouvi quando moleque.

Minha avó ouvia sertanejo de raiz, Tonico e Tinoco, Trio Parada Dura, Cascatinha e Inhana e muitos, muitos outros. O rádio de pilha vivia ligado. Ela acordava muito cedo, tipo as 4 da manhã para fazer café e era nestes momentos que eu ouvia as músicas de viola caipira com mais frequência.

Eu falei de Beatles acima não foi? Pois bem, acho que em 1968 eu ouvi Hey Jude. O longo refrão "Hey Jude, da, da, da, dá...." vinha de alguma casa onde o rádio estava ligado na maior altura. Lembro de ouvir também o Brucutu na voz do Roberto Carlos, aliás, quase tudo que tocou dele e de outros da Jovem Guarda.
Durante os anos 70, além dos gibis eu era viciado em rádio, ouvia de tudo, os bregas eram muito frequentes naquele período: Vanderley Cardoso, Jerry Adriani, Nelson Ned, Odair José e etc. Houve uma invasão muito grande de músicas internacionais no Brasil no período de regime militar, não só de língua inglesa mas muita coisa francesa e italiana, muita mesmo.
Acho que isso desenvolveu em mim um gosto bastante eclético, não tenho preconceito em relação a este ou aquele estilo musical, existe sim a música que nos soa bem à alma e outras nem tanto, refinamento é algo muito particular.

Mas quero comentar aqui sobre os anos de 1975 e 1976 onde tocava muito na vitrola de casa alguns discos que meus pais gostavam de curtir. Minha mãe ficava com Ângela Maria, Orlando Silva, Ataufo Alves, Sergio Bittencourt, Agnaldo Rayol, entre outros e meu pai com Nelson Gonçalves, Noite Ilustrada e mais alguns que me fogem da memória agora. Eu gostava também daquelas letras cheias de romantismo e poesia. Eram cantores de verdade, não os enganadores da chamada MPB (se bem que eu gostava do Caetano e do Gilberto Gil). Mas teve uma época em que comecei a ouvir rock pra valer em que eu reneguei isso tudo. Coisa de adolescente descolado que se julgava antenado e essas velharias era coisa de gente quadrada.
Certa vez meus pais deram uma festa em casa para seus amigos (nossa casa na SQS 202 era frequentada pela nata da política brasiliense, até um ministro não sei das quantas aparecia em nosso apartamento. Era muito comum receber visitas ilustres, aqueles coroas com sua mulheres distintas, perfumadas e cheias de joias para tomar uma sopa de cebola que fez minha mãe famosa entre eles). Em muita dessas ocasiões eu e meus irmãos ficávamos no quarto com minha avó vendo tv.  Bem, o caso é que nesta festa em particular o som era alto, os sofás foram afastados e a dança rolava solta na voz de caras como Cauby Peixoto. Era comum a moçada mais nova entrar de penetra onde rolava uma festinha na quadra. Então eu vi uns caras que eu conhecia entrando pela porta sorrindo debochadamente do estilo musical que rolava. Caramba, pensei, esses caras vão me sacanear pelos séculos dos séculos, doravante. Morri de vergonha. Não ficaram muito, logo se mandaram. Nos dias seguintes ninguém comentou nada, provavelmente não se ligaram que era a minha casa.
Sendo bem sincero, eu não ouço mais essas músicas, só gosto de me ligar em algumas criações do Lamartine Babo que sempre achei um gênio. Mas sei que artistas como aqueles hoje não existem, não há lugar para eles, letras e melodias como aquelas não fazem mais. O axé, o funk e o sertanejo universitário tomaram conta de tudo.

Os nordestinos tiveram um papel importante nos fins de 70 na minha vida: Luiz Gonzaga, Zé Ramalho, Ednardo, Belchior, Fagner, Raul Seixas (bem, Raul veio bem antes).

Neste fim de ano de fel eu quis relembrar aqueles tempos mais amenos. Só isso.

Apesar de tudo, meu trabalho prossegue, executo uma pintura de matizes bem complicados para um amigo e o resultado tem me agradado bastante.

O desenho de hoje foi uma encomenda, um lápis simples.

 

7 comentários:

  1. COMENTÁRIO DO MEU AMIGO LUCA EM MEU E-MAIL SOBRE ESTE POST. GOSTEI TANTO QUE REPRODUZO AQUI:

    "Velha Guarda...! Está partindo como parece ser a ordem natural das coisas! No sentido de ilustrar esta colocação, ontem à tarde fui ao velório de um grande e antigo amigo de meu pai que faleceu de AVC no sábado. Durante a doença do meu pai ele deu uma assistência muito grande à minha mãe, a qual é muita grata e também foi ao velório, onde nos encontramos para prantear o amigo que partira. O nome dele era Nóbrega. Com meu velho, foi organizador do tradicional Almoço dos Aposentados da Receita Federal que é realizado mensalmente há vários anos. Não sei se com a morte dele alguém assumirá o bastão e continuará ´promovendo estes encontros, dos quais minha mãe tem participado desde a sua criação até agora. Mas o que isto tem a ver com seu texto? Tudo! É mais uma prova de como o tempo passa e de como as coisas mudam e como as gerações mais novas vão se sobrepondo às mais velhas: nas relações humanas, na música, na dança, no Cinema. na Literatura, em tudo! É parte da mudança constante que como uma enxurrada traga o antigo para dar lugar ao novo! E nós? Qual é nossa posição neste grande palco? Fácil! Somos antigos! Somos dinossauros em extinção! Motivo de tristeza? Não acho! Só de constatação. Apenas lamento que certos valores do passado estejam também se extinguindo, pois diferentemente de alguns/algumas da nossa geração, que aprenderam a valorizar coisas criadas nos anos 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e mais para trás e ainda criações dos anos 2.000 pra frente, as gerações atuais desconhecem o legado do que havia antes delas e não fazem a mínima questão de conhecer. É até compreensível. Porém, na minha visão para sermos completos como pessoas, não devemos desprezar o passado e muito menos o momento atual. Há muita coisa hoje que eu não gosto, mas procuro ter um contato nem que seja o básico, para inclusive poder tecer alguma opinião. Contudo, as pessoas não são iguais e minha visão de mundo é baseada em minhas experiências. Não posso querer que todo mundo pense como eu e ainda bem que há diversidade! Forte abraço, meu velho!

    Lucão."

    VALEU, MEU VELHO, ENDOSSO SUAS PALAVRAS, EMBORA EU ACHE QUE VOCÊ É BEM MAIS TOLERANTE QUE EU EM RELAÇÃO A ALGUMAS COISAS DO MOMENTO ATUAL. MAS É ASSIM QUE TEM QUE SER. ABRAÇO!

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  2. Gostei de ler suas memorias da velha guarda e das festinhas nos apartamentos das quadras, com os ridículos penetras (rsrs), mas adorei o desenho do Rei do Crime socando o Aranha e o Demolidor! Está à venda? Foi encomendado?

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    1. Grande André!!! Bom vê-lo por aqui!

      Rapaz, este desenho eu fiz pra mim mesmo, é minha forma de relaxar das tribulações. E todos os meus desenhos estão a venda.

      Abraço!

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  3. Meu pai tem (ou tinha) uma caixa média de papelão com vinis.
    Um tio (padrinho do meu irmão) alega ter mais de 100 discos. Um dia, vou pedir a ele pra conferir, já que vi alguma coisa quando eu era jovem... tipo, os do Roberto Carlos e dos Beatles.
    Nunca fui baladeiro, carnavalesco de "modinhas". Sempre escutei desde criança "musicas de velho", até mesmo no rádio, na minha casa e na de outros(as).
    É difícil tentar não ficar triste pensando no que aconteceu com a música e a TV em geral. Parece que a genialidade e a paixão escorreram ralo abaixo.

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    1. Ah, rapaz, eu to ligado que cê curte boa música e bons filmes. Seu último parágrafo disse tudo, quando eu ouço algumas canções dos anos 50, 60, 70 e até 80, eu me pergunto: porque não fazem mais músicas como essas? Talvez o Frank Zappa tenha dado a resposta em uma entrevista, certa vez (um dia posto sobre este assunto).
      Eu tinha quase mil vinis. Uma boa parte com certeza se perdeu em mudanças, mas sobraram uns 400, devem ainda estar em caixas na casa da minha mãe (espero, ela também já mudou duas vezes e teve que se livrar de muita coisa por falta de espaço). Eu gosto do som da bolacha rodando na agulha. As vezes acho que parei no tempo, a maioria das coisas hoje em dia não me atraem.

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  4. Somos 2. Às vezes, também me sinto fora de época... que nem o Capitão América descongelado. "Nowhere Man" dos Beatles me representa. ;)

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