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quarta-feira, 24 de julho de 2013

MEU BREVE ENCONTRO COM O ZÉ DO CAIXÃO.



Cruzar com o José Mojica Marins, o famoso Zé do Caixão, pela Av. São João em São Paulo durante os anos 90 era algo fácil, ele tinha uma espécie de escola de interpretação pelas redondezas, se não estou enganado. Entretando, talvez não fosse reconhecido pela maioria, afinal, no dia a dia o homem se vestia normalmente, claro.

A primeira vez que o vi ele folheava gibis na Livraria Muito Prazer, a melhor comic store que já tive o prazer de frequentar. Mojica era diferente do que estava acostumado a ver na televisão, um senhor alto, acima do peso, de óculos, calvo e com camisa branca estampada. Na tv era aquela figura folclórica, toda de preto, de unhas longas. Nunca me esqueço que quando garoto, no palco do Sílvio Santos nos anos 70, um tal de Arturzinho (alguém se lembra deste cara?), cantor típico de programas de auditório, entrou no globo da morte com dois motociclistas mas "amarelou", não aguentou sequer os roncos dos motores, mas o Zé do Caixão entrou, se envolveu em sua capa e ficou lá parado enquanto as máquinas circulavam perigosamente à sua volta. Cabra macho mesmo, pensei eu. 

Nos anos 90, eu ainda tentava de tudo para aparecer no mercado, não fazia muito tempo tinha publicado por minha própria conta o primeiro álbum do Zé Gatão e minha meta era divulga-lo o máximo possível, leva-lo às mãos do Mojica era algo que tinha em mente, bastaria eu ter em mãos um exemplar e encontra-lo na rua. O que eu esperava? Sei lá, as vezes saía um gibi do Zé do Caixão por aí, eu poderia, quem sabe ser convidado por ele a desenhar alguma história e assim "aparecer" para um possível público, essas coisas que passam pela cabeça de artistas em início de carreira. Vale lembrar que naquela época eu já ilustrava livros e capas de revistas, mas meu objetivo era ser um quadrinista dos bons.

Não lembro exatamente a data certa, mas a oportunidade de me aproximar do Mojica se apresentou, ele comia alguma coisa numa padaria no Largo do Arouche, bem em frente ao prédio de apartamentos que a Verônica - na época, ainda minha namorada - morava. O único problema é que eu não tinha o Zé Gatão nas mãos naquele dia, mesmo assim fui até ele. Sou muito tímido, suando de nervoso me aproximei do homem, me apresentei como desenhista de hqs, ele gentilmente me estendeu a mão, uma mão pequena, de aperto frouxo, as unhas não tão longas como no passado, os pelos da barba brancos na raiz. Falei do meu álbum que queria dar a ele, mas que por azar não tinha comigo naquele instante, ele me pediu meu número de telefone pois queria ter contato com desenhistas para seus projetos de quadrinhos, como não tínha telefone naquela época, dei o número do meu bip, não lembro se peguei o número dele, o fato é que eu ainda tinha que ir ao encontro da namorada e da minha mãe que estavam a minha espera em algum lugar, nos despedimos rapidamente planejando uma reunião que nunca aconteceu. Nunca mais o vi por aquelas ruas. Depois deixei São Paulo para voltar esporadicamente.

O curioso é que eu nunca tinha assistido a um filme do Zé do Caixão, vi o último, que fecha sua trilogia mais famosa, um projeto que levou muitos anos para ele levar a cabo, pelo que li. Achei o filme ruim demais.



2 comentários:

  1. Essas lembranças nos mostram as encruzilhada da vida e caminhos que poderiam ter acontecido mas nunca aconteceram. "E se..."
    Fui uma única vez na Muito Prazer. Eu ia muito numa banca de usados na Av. Prestes Maia, antes daquelas obras que mudaram tudo por ali.Mas ficou a lembrança de uma conversa que ouvi de uns caras por lá (na Muito Prazer). Um deles dizia que comprava tudo que saia nas bancas em dobro. Uma ele folheava, lia. A outra guardava fechada e negociava. Assim, segundo ele, conseguia financiar suas inúmeras leituras. Gostei da idéia, mas nunca consegui implantar...
    E eu também nunca assisti um filme do Zé do Caixão...talvez um dia.
    Grande abraço,

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  2. Interessante, Gilberto, é que eu nem lembrava mais deste caso, o que trouxe ele a tona foi um texto de um jornalista, amigo do Mojica, relatando um caso estranho. Sei lá, talvez se meu contado com o Zé do Caixão tivesse se estendido, quem sabe o que poderia ter acontecido? Mas acho difícil, ele sempre foi um maldito na cultura brasileira, os autores que trabalharam com ele, não só dos quadrinhos, não aconteceram pro causa dele (acho).
    Enfim...
    Grato, amigo, por seu comentário.

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