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segunda-feira, 28 de março de 2011

UM PASSADO NEM SEMPRE PRESENTE.

Geralmente nas minhas caminhadas (atenção, quando digo caminhada não é a título de exercício) é que crio a maioria das minhas histórias. Não presto atenção em nada do que se passa ao meu redor, o mundo deixa de existir, entro então num universo paralelo, onde imagino situações e como reagem certos personagens a estes acontecimentos. Nem sempre estas histórias vão parar no papel. Pra falar a verdade a maioria delas vão pra um canto qualquer do sótão da minha mente e lá ficam até serem destruídas pelas traças do tempo.
Acontece também de me lembrar de pessoas que fizeram parte da minha vida, e num momento, vapt!.... somem sem deixar vestígios. Algumas nos marcam positivamente, outras (grande parte delas, infelizmente) é o contrário, deixam decepções e vergonha como lembranças. E elas não vem sozinhas, trazem seus semelhantes consigo. 
Esta semana não sei porque, me recordei de um cara que conheci no meu primeiro ano do segundo grau (é assim que se chamava na época) em Brasília.
Vamos alcunha-lo de Yellow. Era um nanico musculoso, caladão. O tipo que te bota pra indagar: Qualé a deste cara?
Eu também fazia o tipo caladão. Não era  um personagem, eu realmente não gostava da maioria das pessoas, e tinha certeza que elas também não gostavam de mim, e isto não era paranóia, muitas delas deram provas sobejas disto. Assim, acho que os excluidos se atraem, então, eu e Yellow ficamos amigos de imediato. Na verdade o cara era estranho, de veneta, ou de lua como preferem alguns, tinha dia em que ele batia papo, contava histórias, outras vezes chegava sisudão, sentava-se afastado de todos, ia embora sem se despedir de ninguém. Como morávamos próximos, fazíamos o caminho pra casa juntos. Certa vez ele saiu na frente e  apressou-se, fazendo um percurso mais longo. Logo deduzi que era pra não ter que voltar comigo. Ficava me perguntando: O que eu fiz pra este idiota? Depois de um tempo lá vinha ele como se nada tivesse acontecido. Devo confessar que eu tinha muita paciência naqueles dias. Certa vez fui até a casa dele e conheci sua irmã. Parecia com ele, era uma baixinha muito bem feita de corpo de cabelos negros lustrosos, casada com um gringo. Vamos chama-la de Purple.
Ela, diferente do irmão, comunicativa e alegre. O gringo, que vamos chamar de Gringo mesmo, era um babaca, um indivíduo soberbo, pernóstico até a medula. Gabava-se de ser o melhor em tudo. Era um cara bem sucedido, culto, endinheirado, se me lembro bem, recebeu uma herança do pai, mas independente disto, multiplicou seus ganhos com suas capacidades como "analista de sistemas" (o que quer que isto signifique).
Yellow não era o melhor amigo da irmã, falava do passado pouco recomendado dela, e que o Gringo se apaixonara por ela a primeira vista, não negando nada que ela pedisse.
Uma vez, fui até a casa dele, e como não se encontrasse, Purple me recebeu e, boquirrota, começou a descer o malho no irmão, que ele não se comunicava, que já passara o Natal trancado no quarto sem falar com ninguém, sabia que ele se masturbava muito, e queria que eu deslindasse a personalidade dele para ela. Não sei nada, e para falar a verdade, não sei se quero saber, falei. Ela ria da maneira como eu me expressava, dizia que eu era autêntico. Ela gostava disto. Depois falou que ela e o Gringo estavam brigados. Não gostava quando o cara procurava ela sem fazer a barba e com cheiro de uisque. É mesmo? Disse eu, com vontade de sumir dali. Minha vida já era encrencada o suficiente pra eu me meter em mais uma fria, e eu já antevia como aquele papo podia terminar.
O Gringo parecia gostar de mim. Dizia que eu era um cara inteligente, ao contrário do cunhado que era um imbecil. Ele me emprestou dois livros do Pitigrilli ( que não gostei) e se espantou d´eu ter lido rápido.
Em 1979 fui ao Rio de Janeiro (eu tinha uma namorada lá) e no tempo que lá fiquei, Yellow levou Purple, pra conhecer o restante da minha familia. Ela e minha mãe ficaram amigas. Não gostei de saber disto.
Yellow, foi passar uns tempos comigo no Rio. Como levei uma vida muito infeliz por lá, a presença de um amigo parecia algo confortador. Qual o quê! Minha mãe tem um ditado que diz que só conhecemos verdadeiramente uma pessoa quando comemos um quilo de sal com ela. Verdade. Naqueles dias eu vi como aquele sujeito era invejoso, maledicente, mentiroso e fofoqueiro. O cara queimou meu filme com suposições a respeito da minha pessoa com praticamente todos os meus amigos.
Convidei-o a ir embora e ele se sentiu expulso. Voltou a Brasília fazendo conjecturas sobre a minha vida no Rio para meus pais. Ficaram preocupados. Vão acreditar naquele bosta? Perguntei a eles.
A coisa não parou aí, rompi com Yellow, mas Purple continuava frequentando minha casa. Quando voltei para o DF, quase sempre eu a topava lá. Confidenciou-me que traía o marido, e que tinha sonhos comigo.
Caramba, eu conhecia o cara, e embora ele fosse um chato, longe de mim, pôr cornos na cabeça dele, ainda mais dentro da casa dos meus pais. Ela fazia marcação cerrada. Cheirava minhas camisas, e dizia gostar do   meu cheiro. Certa vez, saindo do banho, de toalha na cintura, ela deixando minha mãe na cozinha sob um pretexto qualquer,  entrou no meu quarto querendo me ver nu de qualquer jeito. Purple, minha mãe está logo ali, tenha paciência!!! Sussurrei.
Um dia ela me falou que o Gringo queria pega-la por trás mas ela não fazia este tipo de coisa, mas que comigo ela faria, e até já tinha fantasiado o ato. Eu tinha namorada, ela era casada, aquilo ia dar merda se eu cedesse.
Bem, aconteceu muita coisa, e já escrevi demais. Melhor fechar o texto. Só posso dizer que algumas situações escabrosas aconteceram e assim a amizade do casal (Purple e Gringo) com meus pais finalmente teve fim.
Yellow se casou e voltou para Goiania.
Gringo descobriu que era corno mas perdoou a infiél, ela não quis perdão, aliás, ela queria qualquer coisa, menos ficar com ele. O cara voltou pra sua terra natal, e ela parece que ficou com um dos tantos amantes que tivera.
Depois disto nunca mais ouvi falar deles.
A arte abaixo foi feita para um curso de desenho.
So long.

12 comentários:

  1. aff... que historia dificil de diregir!!!
    na vida temos mesmo dessas complicações, cada um com um tipo diferente....
    mas o mais importante qdo enfrentamos situações que nos chamam para o abismo, é nos manter racionais, como vc o fez... vc sabia que isso podia terminar mal e a razão não te deixou vacilar, melhor pra vc, menos coisa pra se arrepender!!!
    é isso cara! parabéns e Jesus viu seu esforço! hahaha
    bjo

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  2. Que relato! Me fez lembrar de um fato, em que um amigo meu queria namorar uma ex-manicure casada e um outro cara também tava a afim dela.
    O pior era que, talvez, ela não tava nem aí pro próprio marido, que muitos achavam um babaca!!
    Este ano, a tal "cobiçada" se divorciou e fisgou o ex de uma amiga dela, que trabalhava num estúdio de tatuagem. Bom, não ligo a mínima porque isso tudo gerava um círculo vicioso de fofocas dos infernos e logo vi, que tem caras que preferem (e acham excitante) ser amantes do que cornos.

    Já viu, né?
    Louvável tua atitude em não ter relação com uma casada. Credo! Tem mulher achando que a própria vida é um carnaval de pegações. Depois, acabam pegando e passando doenças ou levando surras.

    Eu prefiro ser um mal-compreendido "cavaleiro solitário" vivo, do que um "corneador" morto.

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  3. Gringo, Yellow e Purple.

    Ficou bacana. Quase tarantiano, com um roteiro tão complicado quanto.

    Abs

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  4. Olá Bruna, sabe, tive receio de ser mal interpretado com esta postagem. As vezes acho que me exponho demais. Mas, sei lá, acho que com relatos assim as pessoas podem conhecer outros aspectos da minha vida, por esta razão me arrisco. Este episódio teve alguns aspectos mais marcantes, mas preferi evita-los.
    Somos feitos de carne, e como você sabe, a carne clama por satisfação, seja alimento, sexo ou poder. As vezes é difícil resistir, mas vale a pena lutar, pois dormir tranquilo é um prêmio dificil de ser igualado. Glória a Deus por isto.
    Obrigado e fique bem.

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  5. Salve ANDF, história interessante a que você resumiu. A vida está cheia delas. Os resultados geralmente são catastróficos quando se banca o "pegador". Alguns conhecidos na época me criticaram por não ter cedido ao charme da moça. Mas neste capítulo da minha vida o que me aborreceu mesmo foi o comportamento do irmão dela. Pessoa execrável.
    Valeu pela vizita e comentário.

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  6. Oi Agildo, pois é, né?
    Nem tinha reparado que lembrou Cães de Aluguel.
    O pior é que você sabe de quem estamos falando.
    Abração.

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  7. Fala, Eduardo! A realidade pode ser um grande filme mesmo. Parabéns por sua atitude. No final da história, nada pra se arrepender, como disseram os amigos acima.
    Belo desenho.
    E o seu pai, como está?
    Abração,

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  8. Ah, citaram CÃES DE ALUGUEL! Não que eu seja (e não sou) fã, mas... consegui a trilha sonora do filme. XD

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  9. Grande Gilberto!
    Pois é, depois de tudo que foi dito, não há mais a acrescentar.
    Meu pai melhorou, inclusive minha mãe acabou de me ligar informando que ele já saiu da UTI e foi para o quarto.
    Obrigado.
    Um abraço.

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  10. ANDF, você não é fã do Tarantino? Puxa!...Bem, eu sou. Apesar de que achei o Prova de Morte meio sacal.

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  11. Eu quis dizer que CÃES DE ALUGUEL não é bem um dos meus favoritos. Gostei de PULP FICTION, KILL BILL... BASTARDOS INGLÓRIOS até que foi legal, embora viajante e deveria ter mais destaque pro soldado do taco que espanca nazis (ELI ROTH e sua cara de doente!). CHRISTOPH WALTZ (o coronel HANS LANDA) é muito show! XD

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  12. Realmente o Christoph Waltz rouba a cena em Bastardos Inglórios. E nesta lista faltou Jackie Brown. Bem, Tarantino é Tarantino, entre altos e baixos o cara criou um estilo inconfundível. Parece um doido, mas palmas pra ele.

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