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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

MINHAS INFLUÊNCIAS ( TANINO LIBERATORE ).


Gaetano Liberatore (ou Tanino, como é melhor conhecido) foi um dos três pilares que sustentaram a minha forma de fazer quadrinhos em meus primórdios. Os outros dois, como já foi postado aqui, são Richard Corben e Bernie Wrightson.
Posso garantir que Tanino foi uma péssima influência para mim se considerarmos como verdadeiras as afirmações que já fizeram a meu respeito: "INDECENTE E AGRESSIVO"- para citar as mais simpáticas.
Isto mesmo, foi através deste italiano com seus desenhos perturbadoramente realistas e violentos (em todos os sentidos) que eu me permiti retratar, segundo a minha ótica, o mundo ao meu redor. Um ambiente hostil, brutal e caóticamente sensual, onde não existe refugio seguro.
Ao contrário da maioria, meu primeiro contato com seu trabalho não foi através do robô malucão Ranxerox, mas sim por intermédio de uma revista chamada El Víbora no início dos anos 80. Ali, pude perceber que aqueles artistas conseguiam dar vazão às suas ambições artísticas com o mínimo de interferência dos quadrinhos mainstream, e  abriram para mim um leque de muitas possibilidades.
Poder berrar a plenos pulmões toda vez que me martelavam o dedo sem sentir culpa. Assim eram as HQs que queria produzir. E olhar os temas e artes daquela publicação, era como olhar meu reflexo de forma cristalina na superfície de um rio extremamente poluído e tóxico.
Em 1983, numa edição da HEAVY METAL, eu viria conhecer o trabalho a cores de Liberatore na violenta saga de Ranxerox, escrita por Tamburini. Constatei enfim porque ele era considerado um Michelangelo moderno. Basta comparar as figuras da Capela Sistina com as ilustrações de Tanino e notar as proximidades das artes. Coloração de pele como se fosse carne de fato contornados por um preto que as destaca do fundo.
Sem falar na técnica empregada por ele que era das mais inusitadas. Usava canetinhas de ponta porosa e acessórios de maquiagem. Os últimos comics dele são utilizados lápis de cor, como se nota na página que é apresentada logo abaixo.

Todas estas qualidades foram uma espécie de atalho para mim. Através de Corben, Wrightson e Tanino, artístas fantásticos (e bastante subestimados ainda, visto que não gozam do mesmo status que um Jim Lee por exemplo) é que pude criar os meus quadrinhos, ainda que totalmente sem sucesso comercial.
Eu diria que o sistema os venceu. Liberatore, hoje produz umas poucas HQs, investe mais em ilustração. Bernie idem, se dedicando mais a criar design para o cinema, e Corben teve que parar suas produções próprias e trabalhar com super-heróis (sim, coloco Hellboy e Conan no mesmo caldeirão).
Acho um certo exagero afirmar, com fazem alguns, que Ranxerox, influenciou Blade Runner, Terminator, Robocop e etc. A idéia não era nova, e Stefano Tamburini, sempre se apropriou de temas que o atraíam e os juntou como uma criatura de Frankenstein para expor suas idéias subversivas. E nunca citou as fontes das quais bebia. Quer um exemplo? Veja a história "Happy Birthday Lubna". Ali ele escreve uma HQ totalmente inspirada em Crash de J. G. Ballard.
Os roteiros não tem uma preocupação com a narrativa, ou seja, pula-se de uma cena a outra de forma um tanto bruta. Parece que o personagem é usado apenas para chocar e transgredir.
Não estou criticando, apenas expondo o que penso. E é claro, em nada diminui o peso desta obra que é um clássico dos quadrinhos. Inclusive, ao ser relançado recentemente no Brasil, dei uma relida na obra completa, e após estes anos todos ela me parece mais palatável. Mas se Ranxerox goza de todo este status, o maior mérito sem dúvida cabe ao Gaetano Liberatore, um dos maiores artistas gráficos modernos.

6 comentários:

  1. Fala, Eduardo!Um amigo me deixou uma caixa cheia de preciosidades, entre elas, exemplares da revista Animal. Já faz um tempo e ainda não li tudo. E o Ranxerox tá lá. Forte, feio e insanamente bem ilustrado. Vou dar uma olhada com mais atenção.
    Ótimo final de semana pra vc e família,

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  2. Sim, vale a pena um estudo minucioso da arte deste incrível artista.
    Valeu Gilberto. Bom fim de semana pra você e os seus. Abraços.

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  3. Li uma hq do RANXEROX há 10 anos (!), mostrada numa ANIMAL. Li também histórias que Richard Corben desenhou pra mini (em 4 partes) BATMAN-PRETO E BRANCO (já leu?) e uma do ESPECTRO que saiu numa WIZMANIA.

    Dor de garganta numa época quente é fogo. Me lembrou de quando tive uma "leve e medonha" faringite no verão de 2008.

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  4. A do Batman eu tenho (muito boa) mas a do Espectro nunca vi (fiquei curioso).
    E nem me fale em dor de garganta rapaz, ainda estou me curando da minha.
    Grato pela visita.

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  5. Oi Eduardo. Obrigado pelas palavras bacanas!Seu trabalho é muito legal na linha fantástica. Liberatore é influência sempre...Na minha agenda esta um quadro do RANXEROX. Só uma dica: Tente deixar os corpos mais naturais e menos bombados!! Com músculos sim mas note como o Liberatore faz...Os músculos existem porém são naturais e não plásticos se é que me entende. Seus desenhos e artes são otimos muita sacação de composição. Só tende a ficar melhor.Forte abraço e HAPPY NEW YEAR FOR YOU!!

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  6. Obrigado Celso, é um prazer e uma honra contar com sua presença. Valeu pelas sua palavras de incentivo e conselhos. Quanto aos músculos bombados, acho que é a minha influência de outros dois grandes artistas, Corben e Bisley. Mas eu só utilizo tipos assim quando a arte exige, ou a inspiração pede. Para as HQs de Zé Gatão não tenho como evitar, o personagem foi concebido desta maneira.
    Um artista do seu gabarito é sempre uma inspiração.
    Apareça.
    Abraço grande e sucesso sempre.

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